Crítica | Chucky - 3X08: Final Destination - Plano Crítico
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Crítica | Chucky – 3X08: Final Destination

Zerando o Chucky.

por Felipe Oliveira
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De todos os caminhos que a terceira temporada de Chucky seguiu, muito se apontava para um encerramento da longa narrativa do boneco, quase que como uma despedida. Há três episódios atrás ver o Good Guy numa posição impotente soava como uma maneira digna de finalizar o ciclo de uma vida, na velhice, mesmo para um serial killer. Mas como o plano aqui era experimentar alternativas, o arco do Chucky idoso foi só o Mancini provocando uma perspectiva, cumprindo o objetivo de desafiar este universo sabendo que, assim como o pacto com Damballa estava ameaçado, talvez esteja na hora do boneco assassino acabar… se tem uma coisa que Final Destination consegue provar é que Mancini está no controle e que ele sabe muito bem como concluir, só não vai ser agora quando se tem peças para poder brincar.

O título do episódio faz um aceno para o filme Premonição mas longe de falar de visões e esquema da morte, a referência é o nome perfeito para Mancini continuar mexendo com elementos paranormais e evocar uma ideia de encerramento e recomeço. De certa forma, a temporada estava se despedindo, porém não do seu personagem chave e sim de um ciclo, algo que fica claro nos minutos finais dessa season finale. Em meio a tendência hollywoodiana de requels e sequência legado, Chucky foi um dos poucos que conseguiu surfar na onda com naturalidade, mantendo em vista sua metalinguagem, o que agora Mancini diz que não precisa mais dela uma vez que a segunda temporada foi o ápice com participações e aqui uma forma de exercitar até o limite o que Child’s Play sempre foi: um trash sem vergonha.

Final Destination se propôs a ter tudo: melodrama, efeitos duvidosos, conveniências, rituais, Mancini jogando com dois ganchos narrativos de uma vez só para mostrar que as sacadas mirabolantes estão longe de acabar. Enquanto que na segunda temporada a série se dobrava em exageros sanguinolentos para manter qualquer fio narrativo que justificasse a eterna reencarnação do boneco, depois de um terceiro ano mais elaborado, o autor usa de maneira mais inteligente o que tem em mãos, sempre provocando a audiência com as possibilidades. Em There Will Be Blood foi colocado à prova o que Chucky precisaria fazer para renovar seu acordo com a entidade vodu, e aqui Jake se desafia a frustrar isso. Na primeira probabilidade teria a garantia de muito mais Chucky, já na segunda, um fim, e em ambas há um ponto em comum: o público continua acompanhando.

O fato de Mancini focar em um cenário principal para a temporada não era só pela piada sacana de ter Chucky como “presidente”, mas como tecia uma alegoria e comentário metalinguístico, tanto às instituições americanas quanto a sua própria fórmula para continuar com a história do Good Guy. Por isso, a frase como gag que a Casa Branca era o lugar mais maligno no mundo se repetia, e ali mesmo se tornou palco de um reino espiritual com as vítimas de Chucky e vítimas mais antigas, além de que se fez uma forma da série olhar para o passado e para as versões que apresentou do boneco em um conflito que se estendida de Jake vs Jake e de Jake vs Chucky.

A falta de final aqui – ou resistência dele – é o que serve para alegoria de Mancini ao usar a reencarnação do boneco como um comentário ao ciclo de violência americana. E o criador vira e mexe com símbolos, seja ao destruir com fogo a Casa Branca – como sinal de desfecho desse arco – e também por um momento deixar Jake ser possuído por Charles e se desfazer desse gancho logo em seguida. O momento foi ótimo para vermos mais facetas de Zachary Arthur, mas muito além disso é por Mancini reinventar a roda de sua autoria e saber como contrariar o que está saturando, como se estivesse saindo da fase dos requeels – o que entra a ótima participação de John Waters com um aceno meta e autoconsciente da franquia – e aproveitando como uma extensão de um legado. Qual a chance de não empolgar vendo que teremos mais de Chucky e Tiffany como em Bridge of Chucky e um foco maior para Nika?

Dito isso, a série tem mais chance de captar o que foi o início da fase despirocada da saga de filmes com A Noiva de Chucky e o uso da metalinguagem e ser menos do arco contigo do trio procurando por Coraline. Com Devon, Lexi e Jake se unindo com Nica é a união mais esperada desde que a personagem retornou, sendo eles o último fio de sobrevivência e – falsa – promessa para dar o fim ao ciclo de morte e violência que o boneco possuído espalha. Chucky está envelhecendo, mas encontrou um novo corpo de plástico e proteção de Damballa para continuar por além de sete filmes e três temporadas.

Chucky – 3X08: Final Destination
Direção: Jeff Renfroe
Roteiro: Alex Delyle, Nick Zigler
Elenco: Zachary Arthur, Bjorgvin Arnarson, Alyvia Alyn Lind, Devon Sawa, Brad Dourif, Lara Jean Chorostecki, Jackson Kelly, Gil Bellows, Fiona Dourif, Jennifer Tilly, Marium Carvell, Caleb Horn, John Waters, Carina Battrick
Duração: 51 min.

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