'O véu', com Elisabeth Moss, é genérico de 'Homeland'. Vale assistir?
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Lançada na última semana pelo Star+, “O véu” não é “Homeland”, mas parece muito. A ação se desenrola na complicada geopolítica do Oriente Médio. A protagonista, interpretada por Elisabeth Moss (também produtora da série), é uma agente secreta. A trama mistura espionagem, suspense, cenários que variam entre Istambul, Paris e um campo de refugiados nas montanhas geladas entre a Síria e a Turquia. E há dúvidas acerca da orientação ideológica e moral de personagens centrais.

A produção é uma legítima representante da deliciosa categoria “é ruim, mas é boa”. A julgar pelos dois primeiros episódios disponíveis na plataforma — serão seis, um inédito por semana — veremos mais do mesmo. Mas com um lado bom: “o mesmo” a que me refiro é aquele compilado de ingredientes que o público adora. Quem estiver com saudade do gênero não vai se decepcionar.

Elisabeth Moss vive Imogen, nome fantasia de uma britânica a serviço da agência de inteligência francesa, a DGSE. Nas primeiras cenas entendemos que ela é um poço de autoestima, dona de uma intuição imbatível e de um currículo de sucessos. Sua extrema autoconfiança é motivo de uma certa pose e faz com que não obedeça ordens superiores.

Sua missão é descobrir se uma mulher que surgiu num campo de refugiados sírio dizendo se chamar Adilah (Yumna Marwan) é ou não uma chefona do Estado Islâmico. Em caso afirmativo, trata-se da terrorista “mais procurada do mundo”.

Imogen tira Adilah do campo e viaja com ela de carro, aparentemente salvando-a de ser atacada por refugiadas que a teriam reconhecido.

elisabeth moss — Foto: divulgação
elisabeth moss — Foto: divulgação

Nessa jornada, conversando com a moça, busca descobrir a verdade. A estrada é longa e acidentada, como pede uma boa aventura.

Há dois núcleos preponderantes: o da viagem da dupla e o da agência, em Paris, onde os personagens vivem outros conflitos. Os americanos também querem capturar Adilah e Max (Josh Charles, de “The good wife”) é um agente da CIA que chega à França para uma operação teoricamente conjunta com a França, mas cheia de rivalidade.

Vale abrir um parágrafo para falar de Elisabeth Moss. É uma atriz premiada com Emmys e Globos de Ouro. Em “Mad men”, brilhou. Em “The Handmaid’s tale”, como a protagonista, idem. Aqui, contudo, num papel até menos desafiador, ela não consegue imprimir uma marca pessoal. Repete os olhares atravessados de June e lembra muito a Carrie de “Homeland” (Claire Danes). Uma pena.

“O véu” congrega os bons ingredientes de “Homeland”, de “24 horas” e de outros congêneres famosos. A soma de truques de roteiro ganha o reforço da direção, que capricha na eletricidade e na trilha, marcando o suspense. Porém, não vemos o frescor dessas produções citadas acima.

Sabendo disso, recomendo que o leitor deixe o preconceito de lado e se entregue ao bom entretenimento. Só assim mesmo.

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