Tristão e Isolda: o mito do amor eterno - Iconografia da História
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Tristão e Isolda: o mito do amor eterno

“Senhores, vos agrada ouvir um belo conto de amor e de morte? É o de Tristão e Isolda, a rainha. Escutai, como em grande alegria e grande pesar eles se amaram, disso morreram em um mesmo dia, ele por ela; ela por ele”. (Joseph Bédier, “Le roman de Tristan et Iseut)

A lenda de Tristão e Isolda apresenta várias versões e diferentes hipóteses para sua origem. Há estudos que atribuem seu surgimento a uma lenda celta do século VI; outros à tradição viking do século X. As versões mais conhecidas, no entanto, baseiam-se em registros franceses do século XII, vinculando-a à tradição das novelas de cavalaria da Idade Média. Fruto de diversas versões e adaptações, a história dos dois amantes foi transformada em ópera pelo compositor Richard Wagner e até hoje é tomada como exemplo de uma daquelas histórias de amor que ultrapassam o tempo.

Na versão do francês Joseph Bédier, a narrativa tem início com a apresentação da trágica história familiar de Tristão e com sua chegada à corte de seu tio Marc, na Cornualha. Ao longo dos capítulos iniciais, o autor mostra o caráter heroico de Tristão, como ele vingou a morte de seus pais e a sua lealdade incondicional ao rei que o acolheu.         

Ludwig e Malwine Schnorr von Carolsfeld como “Tristão e Isolda” na montagem original da ópera de Wagner, realizada em 1865.

Após enfrentar diversas batalhas e quase perder a vida, Tristão viaja até a Irlanda para trazer Isolda, a Loura, para ser esposa do rei Marc. Ele conquista a mão da jovem após vencer um dragão e livrar o reino irlandês do sofrimento que o monstro trazia.

Durante a viagem, porém, Tristão e Isolda bebem por engano uma poção mágica feita pela mãe da jovem e que deveria ser tomada pelo rei e sua esposa durante a noite de núpcias. A poção tinha o poder de despertar um amor profundo entre aqueles que a bebessem. Assim, os dois jovens são tomados por um sentimento arrebatador e começam a viver esse amor ainda dentro do navio.

Chegando à Cornualha, Isolda casa-se com Marc, mas mantém um relacionamento secreto com Tristão por muito tempo, correndo todos os perigos para estar ao lado do homem que ama. Um dia, o rei descobre a traição e decide punir os amantes sem nem ao menos lhes dar a chance de um julgamento justo. Tristão consegue fugir e salvar Isolda de ser atacada por um bando de leprosos. Os dois fogem e passam a viver escondidos na floresta de Morois.      

Mesmo com o imenso sofrimento de viver fugindo, Tristão e Isolda encontram no amor a força para seguir em frente, até que são descobertos pelo rei e Tristão consegue convencê-lo a perdoar Isolda e permitir que ele vá embora do seu reino.

Tristão viaja por vários reinos na tentativa de se livrar da dor provocada pela ausência da amada. Dois anos depois, já sem notícias de Isolda, Tristão chega à Bretanha e acaba se casando com Isolda das mãos brancas. Certo dia, após um longo combate, Tristão é mortalmente ferido e pede que possa ver Isolda, a Loura, ao menos uma última vez.         

Sua esposa ouve seu plano e, cheia de ciúmes, mente para o jovem moribundo, dizendo-lhe que o navio que está chegando à Bretanha está com velas negras, o que significaria que sua amada Isolda não estava vindo ao seu encontro. Diante do enorme sofrimento de não poder ver sua amada, Tristão dá seu último suspiro e morre. Isolda, a Loura, desce do navio, vai até a casa de Tristão, deitou-se ao lado do seu corpo, “beijou-o na boca e no rosto e o abraçou bem apertado: corpo contra corpo, boca contra boca, assim ela entregou sua alma. Morreu junto dele, de dor por seu amigo”.    

O rei Marc levou o corpo dos dois para ser enterrado na Cornualha. No túmulo de Tristão, nasceu um espinheiro verde e florido, cujos galhos alcançaram a sepultura de Isolda, por três vezes os servos cortaram o espinheiro, mas ele nasceu novamente, até que Marc ordenou que ele fosse deixado ali, como símbolo de um amor que é capaz de durar até depois da morte.

Referências:

BÉDIER, Joseph. “O romance de Tristão e Isolda”. São Paulo: WF Martins Fontes, 2012.

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