Ucrânia admite 'sucesso tático' da Rússia ao norte de Kharkiv e rebate críticas sobre falhas na defesa
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Por O Globo, com agências internacionais — Kiev

O Ministério da Defesa da Rússia afirmou nesta segunda-feira que suas tropas entraram por terra na cidade de Vovchansk, no entorno da principal posição ucraniana no nordeste, Kharkiv. O avanço é o mais recente na ofensiva iniciada no fim da semana passada, que forçou o recuo das forças leais a Kiev. O governo de Volodymyr Zelensky afirma que combates ainda acontecem na região e que também há baixas importantes no lado russo, embora as perdas motivem críticas dentro das esgotadas fileiras do país.

Nos últimos três dias, tropas russas com apoio aéreo, de artilharia e de drones, lançaram um ataque surpresa contra o nordeste da Ucrânia e tomaram pelo menos nove vilarejos e assentamentos. O avanço representa a maior conquista em quilômetros quadrado por dia desde o começo da guerra. Ao menos 6 mil civis fugiram para Kharkiv, onde a recepção a deslocados internos se transformou do sábado para o domingo, com a chegada de pessoas exaustas e famílias sem ter para onde ir.

O Exército ucraniano afirmou que a Rússia mobilizou “forças significativas” e reconheceu que houve “sucessos táticos” russos na ofensiva. O chefe do Conselho de Segurança ucraniano, Oleksandr Lytvynenko, detalhou que cerca de 50 mil soldados russos foram mobilizados até a fronteira, e que 30 mil estariam participando do ataque nesta segunda-feira. Em um comunicado anterior, os militares afirmaram que as forças invasoras tinham perdido mais de 100 soldados em um dia, acrescentando que tomavam medidas para repelir o ataque.

Em meio à ofensiva, críticas surgiram dentro das próprias fileiras ucranianas, afirmando que o avanço russo na região teria sido motivada pela falta de preparação da cúpula militar. O comandante ucraniano Denys Yaroslavsky, da Unidade Especial de Reconhecimento ucraniana, fez críticas pesadas após o avanço contra Kharkiv.

"A primeira linha de fortificações e minas simplesmente não existia", escreveu Yaroslavsky no Facebook. "O inimigo entrou livremente na zona cinzenta, cruzando a fronteira, que em princípio não deveria ser cinza!". (As áreas "cinzentas" são as zonas contestadas entre as linhas de frente russas e ucranianas).

Evacuados são recebidos em posto de fiscalização em Kharkiv — Foto: Roman Pilipey/AFP
Evacuados são recebidos em posto de fiscalização em Kharkiv — Foto: Roman Pilipey/AFP

À rede britânica BBC, o comandante apresentou um vídeo feito por drone há alguns dias de pequenas colunas de tropas russas atravessando a fronteira, sem oposição. Ele diz que as autoridades alegaram que as defesas existiam e foram montadas com grande investimento, cobrando explicações sobre o que realmente aconteceu.

— Ou foi um ato de negligência ou de corrupção. Não foi um fracasso. Foi uma traição — afirmou.

Funcionários ucranianos negaram que as forças do país estivessem despreparadas, dizendo que os relatos sugerindo isso eram desinformação em benefício da Rússia. Yaroslavsky disse que divulgou as informações porque o cerco a Kharkiv se fechava.

"Digo isso porque podemos morrer e ninguém ouvirá a verdade", escreveu ele. "Então, para que é tudo isso?!"

Na linha de frente da guerra na Ucrânia

Na linha de frente da guerra na Ucrânia

Mais de dois anos tentando resistir à ofensiva da Rússia, um país com três vezes mais recrutas em potencial, deixaram a Ucrânia esgotada. O desespero por novas tropas fizeram com que parlamentares aprovassem uma lei para alistar presos, prática controversa criticada por Kiev quando Moscou a adotou na primeira metade da guerra.

Especialistas militares afirmam que o avanço russo colocou a Ucrânia em uma situação muito perigosa. Embora a cidade de Kharkiv esteja segura no momento, ela fica a poucos quilômetros do front. Um fluxo de civis que fogem da guerra segue em direção à cidade.

Os russos também estão pressionando Lyptsi, outra pequena cidade que fica ainda mais perto de Kharkiv do que Vovchansk. Residentes que fugiram em vans no domingo disseram que a situação não parecia boa.

— Nos últimos três dias, eles nos bombardearam a cada dez minutos — disse Halyna Surina, que escapou na tarde de domingo. — Havia artilharia, bombas de avião e drones voando por aí. Eu podia ouvir helicópteros, e eles não eram nossos.

Tomar Lyptsi daria à artilharia russa a capacidade de atingir Kharkiv, uma metrópole com mais de um milhão de habitantes que lutava para se reerguer. Tudo isso, para os ucranianos, é um caso ruim de déjà vu. Os russos criaram uma situação semelhante no início de 2022, avançando pela fronteira norte, ocupando vilarejos e pequenas cidades e alcançando a rodovia anelar que circunda Kharkiv.

Por meses, o povo da cidade suportou ataques de artilharia e mísseis, e centenas foram mortos. Os altos edifícios de apartamentos vazios do lado leste da cidade permanecem como monumentos carbonizados como memória desses dias mortais.

No momento, as autoridades dizem que Kharkiv está em segurança. Lytvynenko, o chefe do Conselho de Segurança ucraniano, disse à AFP que "não havia nenhuma ameaça de ataque contra a cidade" nesta segunda.

Parte do plano dos russos com esse ataque geral, disseram analistas militares, é ameaçar Kharkiv e forçar a Ucrânia a desviar tropas de outros campos de batalha, especialmente da região oriental do Donbass.

E é exatamente isso que está acontecendo. Reunidos em um posto de gasolina na tarde de domingo, um grupo de soldados ucranianos das forças especiais bebia energéticos enquanto tentava entender a situação. Eles pareciam cansados. E disseram que acabavam de ser realocados do Donbass.

— Os russos entenderam, assim como muitos analistas, que a grande desvantagem que a Ucrânia está sofrendo atualmente é a falta de "mão de obra" — disse Franz-Stefan Gady, analista militar baseado em Viena. — Ao enfraquecer a linha de frente, você aumenta as chances de uma ruptura.,

Ainda de acordo com o comandante militar ucraniano ouvido pela AFP, a Rússia dá sinais de que se prepara para uma "longa" guerra contra o Ocidente. A troca do ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, anunciada pelo presidente Vladimir Putin seria o sinal de que o plano é de uma guerra contra "todo o Ocidente, uma guerra contra a Otan". (Com NYT e AFP)

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