Todo mês é mês do orgulho

Em busca de uma vida com direitos respeitados para todos e todas

#tmjUNICEF *
11 julho 2022

Perspectivas históricas

No mês de junho é celebrado o orgulho LGBTQIAPN+, sigla que significa: lésbicas, gays, bissexuais, transexuais/transgêneros/travestis, queer, intersexuais, assexuais, entre outros. O movimento LGBTQIAPN+ é um movimento político-social que luta pela representação da diversidade de orientação sexual e dos direitos tão almejados por todo ser humano.

Não por acaso, junho foi escolhido como mês comemorativo. A data é uma homenagem ao episódio que muitos historiadores consideram como o início da luta organizada pelos direitos dessa comunidade nos países ocidentais. No dia 28 de junho de 1969, ocorreu em Nova Iorque a Rebelião de Stonewall: uma revolta da comunidade LGBTQIAPN+ contra uma série de invasões da polícia nova-iorquina aos bares frequentados por homossexuais e pessoas trans, que eram presos e alvo de represálias por parte das autoridades. A partir disso, em diversas cidades estadunidenses foram organizados protestos em favor dos direitos LGBTQIAPN+, que resultaram na primeira marcha do Orgulho Gay, em 1970, um marco na história de um grupo social tão marginalizado.

Assim, há mais de 50 anos, o dia 28 de junho é tido como o Dia do Orgulho LGBTQIAPN+. Além de ser marcado por passeatas, shows e lives, com muita alegria e comemoração, o mês serve para conscientizar a população mundial sobre a importância de se combater a homofobia, construindo uma sociedade livre de preconceitos, em que todos os indivíduos sejam, independente da orientação sexual e de gênero, respeitados e reconhecidos como sujeitos de direitos. Reivindicações essas que já encontram amparo legal tanto nacionalmente, pelo art. 5º da Constituição Federal, quanto internacionalmente, pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, mas estão longe do gozo pleno.

Por que todo mês deve ser mês do Orgulho LGBTQIAPN+

Os dados chocam e explicam, de forma clara, porque existe tanta força no que diz respeito à palavra “orgulho”. O Brasil lidera o ranking mundial em assassinatos de transexuais, conforme dados internacionais da ONG Transgender Europe; 73% dos estudantes LGBTQIAPN+ relatam ter sofrido agressões verbais, de acordo com a organização da sociedade civil. No âmbito mundial, 70 países possuem algum tipo de lei contra a homossexualidade, 11 têm pena de morte e 26 têm penas que vão de 10 anos de prisão ao regime perpétuo, segundo a Associação Internacional de Gays e Lésbicas (ILGA).

Demandas da comunidade LGBTQIAPN+

Apesar de tantos dados dolorosos, ainda há esperanças e boas notícias. No ano de 2018, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a mudança do nome de registro de transexuais e transgêneros. Já em 2020, o STF reconheceu a inconstitucionalidade da restrição que existia, desde 1991, para que homossexuais possam doar sangue a terceiros.

O que as pessoas da comunidade LGBTQIAPN+ reivindicam é ser tratadas como todas as pessoas merecem ser tratadas: com respeito, acolhimento e dignidade, sem ter que viver cotidianamente com o medo de violência ou de tratamentos excludentes. O mês do orgulho e toda a sua origem representam a luta diária por respeito.

É muito relevante observar como marcas com impactos mundiais realmente vestem a camisa enquanto apoiam a comunidade. É importante colorir a realidade tão obscura que muitos precisam enfrentar constantemente. Todas as crianças e todos os adolescentes possuem o direito de ser quem quiserem, de ter uma vida feliz, livre, sem violência ou preconceito. Todo mundo tem o direito de amar e ser amado. Nenhuma orientação sexual ou de gênero deve ser vista como algo vergonhoso ou motivo de exclusão. Espera-se que em um futuro próximo possamos viver em sociedade com segurança, dignidade e que o mínimo existencial de todos seja garantido.

Ainda que os avanços sejam extremamente consideráveis, existe um longo caminho pela frente. Estamos longe de um mundo igualmente seguro para todos. Longe de um mundo sem violência. Longe de um mundo amplamente livre. Mas, ao mesmo tempo, um passo mais perto de conquistar tudo isso e muito mais. Há pouco anos tudo o que alcançamos parecia impossível e olha aonde chegamos. Viva o orgulho LGBTQIAPN+!

 

*Autoras: Caroline Lanuti; Heloísa Gomes; Juliana dos Santos
Revisores: Lucas Cavalcanti e Udma Uldiery