Publicada em: 13/02/2009 �s 16:57 |
Vulc�es 18 agosto 2014 Vulc�o � uma estrutura geol�gica em terra ou no mar, por onde extravasa magma, uma massa de rocha fundida de alta temperatura, constitu�da em grande parte de silicatos, misturados com vapor de �gua e g�s. Essa estrutura comunica-se com uma c�mara subterr�nea profunda, onde o magma fica armazenado, a c�mara magm�tica. Al�m do magma, saem pelo vulc�o outros materiais, como gases e part�culas quentes (como cinzas). A palavra vulc�o deriva de Vulcano, deus do fogo na mitologia romana (Hefa�stos para os gregos). A ci�ncia que estuda os vulc�es � a Vulcanologia, criada na d�cada de 1980.
Um vulc�o t�pico tem formato c�nico e montanhoso, mas de propor��es vari�veis. Essa estrutura � caracter�stica do vulcanismo de erup��o central, mas h� tamb�m, o vulcanismo de fissura, em que o magma, em geral de composi��o bas�ltica, sai n�o atrav�s de um conduto cil�ndrico, mas atrav�s de grandes fendas na crosta terrestre. Apesar de se assemelharem bastante na forma, vulc�o e montanha s�o diferentes na estrutura e no modo de forma��o. A montanha forma-se pela deforma��o da crosta terrestre, devida a esfor�os de compress�o que atuam ao longo de milhares de anos. O vulc�o pode surgir rapidamente (o Paricut�n formou-se em um ano) e tem uma estrutura, composta por chamin�, cratera e cone vulc�nico Este �ltimo forma-se n�o por deforma��o da crosta, mas por ac�mulo do material ejetado do interior da Terra durante as sucessivas erup��es. Nos �ltimos 2 milh�es de anos, formaram-se de pelo menos 10.000 vulc�es, dos quais quinhentos apresentaram atividade constante durante muito tempo. Hoje, cerca de vinte vulc�es mostram-se intensamente ativos. A origem e distribui��o dos vulc�es est� relacionada com a distribui��o das placas tect�nicas, massas rochosas r�gidas que formam a crosta terrestre e que deslizam sobre o manto, material subjacente de consist�ncia pl�stica. Onde h� choque de duas placas constitu�das inteiramente de crosta oce�nica, ou seja, de basalto, uma delas, n�o se sabe qual, mergulhar� sob a outra e sofrer� fus�o. Nessa regi�o, chamada de zona de subduc��o, surge um conjunto de pequenas ilhas vulc�nicas distribu�das em forma de arco. De todos os vulc�es vis�veis, 95% est�o em zonas de subduc��o. Se uma placa oce�nica choca-se com uma continental, a placa oce�nica mergulha sob a outra, por ser mais pesada, formando tamb�m zona de subduc��o. A imensa placa do Pac�fico desloca-se para o norte, cerca de 1 cm por ano, e choca-se contra a placa norte-americana, mergulhando sob ela. Por isso, localizam-se na costa daquele oceano cerca de 60% dos vulc�es ativos do planeta, o que deu � regi�o o nome de Anel de Fogo do Pac�fico. A placa de Nazca choca-se contra a Am�rica do Sul e assim formaram a cordilheira dos Andes, com seus vulc�es e terremotos. Esse tipo de vulcanismo � o mais estudado, e o magma pode ter composi��o bem mais variada do que aquele formado onde duas placas se afastam. Se o choque for de duas placas continentais, pode n�o haver subduc��o (mergulho de uma sob a outra), e surgir uma cadeia de montanhas, pela deforma��o das rochas. Nessas �reas, o vulcanismo pode estar ausente, embora os terremotos, por serem de pequena profundidade, sejam perigosos. Um exemplo e a Cordilheira do Himalaia, formado pelo choque da �ndia com a �sia. A placa africana est� se chocando contra a placa eurasiana, provocando terremotos na Turquia e no Ir�, por exemplo. Mas, na regi�o onde est�o o Etna e o Ves�vio, h� uma pequena subduc��o, por isso existem esses dois vulc�es. A famosa Falha de Santo Andr� (San Andreas Fault), na Calif�rnia, � o encontro de duas placas continentais que n�o se chocam de frente e sim deslizam uma rente � outra. Ali os terremotos s�o frequentes e podem ser perigosos, mas n�o h� vulcanismo. Se duas placas est�o se afastando, surge vulcanismo submarino. Ele � respons�vel pela expans�o do fundo oce�nico em diversas zonas do globo. Esse tipo de vulcanismo � o mais comum de todos, representando 80% da atividade vulc�nica da Terra, mas, � muito pouco observado, por ocorrer no fundo dos oceanos. A lava sai atrav�s de fraturas na crosta e espalha-se para os dois lados da fratura, sem grandes eventos explosivos. Essas fraturas podem ter poucos metros de largura e alguns quil�metros de comprimento. A Cadeia Mesoatl�ntica � uma extensa crista que existe no meio do oceano Atl�ntico, e que mostra focos de vulcanismo desse tipo. Ela marca a zona de separa��o da placa sul-americana e da placa africana. Na Isl�ndia, essa cadeia aflora e ali � o �nico local onde se v� vulcanismo bas�ltico continental. Embora pouco comum (s� 5% dos vulc�es), h� tamb�m vulcanismo no interior das placas tect�nicas, n�o s� nos bordos. Isso corre quando existe, no manto terrestre, um ponto quente (hot spot), local onde o magma se concentra e ascende at� � superf�cie, se encontrar uma brecha para tanto. Nessa situa��o, como a placa est� se movendo, mas o ponto quente permanece fixo, aparecem na superf�cie da Terra v�rios vulc�es ao longo de uma linha, que s�o cada qual mais jovem que o que lhe antecede, seguindo em um determinando rumo geogr�fico. Exemplo desse tipo de vulcanismo s�o as ilhas vulc�nicas do Hava�. No desenho acima, pode-se ver como aquela �rea vulc�nica forma uma faixa, com vulc�es cada vez mais antigos, de Noroeste (5,1 milh�es de anos) para Sudeste (400 mil anos ou menos). A localiza��o dos pontos quentes pode ter pouca ou nenhuma rela��o com as placas tect�nicas, mas alguns cientistas acreditam que muitas dessas �reas marcam os antigos limites de placas.
A fase inicial de uma erup��o parece principiar com um abaulamento do solo, acompanhado de tremores da terra. Formam-se fendas nas regi�es de maior fraqueza da zona abaulada e conseq�ente sa�da explosiva de gases, eje��o de �gua subterr�nea e terra. A seguir, verifica-se a abertura e limpeza da chamin� e expuls�o de cinzas, blocos, bombas, e finalmente d�-se o derramamento de lava. Uma em cada dez pessoas no mundo mora perto de vulc�es ativos ou potencialmente ativos, correndo, por isso, permanente risco de morte. Nas erup��es, blocos arredondados ou lava parcialmente consolidada caem do c�u e esmagam tudo o que encontram pela frente. Torrentes de lava cercam e prendem as v�timas, queimando-as vivas. Terremotos, muitas vezes associados �s erup��es, destroem pr�dios. Nuvens de lava quente, cinzas de pedra-pomes e gases incandescentes jogam pessoas para o alto e as incineram em segundos. Nuvens de di�xido de enxofre asfixiam e envenenam. Nuvens de g�s carb�nico sufocam. Nuvens de �cido clor�drico corroem os pulm�es. Quando as erup��es acontecem em �reas de geleiras, podem provocar uma inunda��o de lama, formada a partir da neve e do gelo derretidos, capaz de destruir pequenas cidades. Em 1985, o Nevado del Ruiz derreteu uma geleira e sepultou uma cidade inteira, matando 23.000 pessoas. Muitas vezes os vulc�es geram tsunamis e pelo menos um quarto das mortes provocadas por vulc�es nos �ltimos 250 anos deram-se por afogamento ou esmagamento causados por ondas gigantescas. Assim foi com a maioria das 35.500 pessoas que morreram na monumental erup��o do Krakatoa de 1883. A import�ncia das erup��es � medida pelo �ndice de Explosividade Vulc�nica (VEI � Volcanic Explosivity Index), adotado internacionalmente. Ele � determinado pelo volume de material expelido e pela altura a que chega esse material e s� se aplica a erup��es explosivas. O maior VEI j� registrado, de valor 8, foi a erup��o do monte Toba, onde � hoje Sumatra, h� 74.000 anos. A explos�o formou um imenso lago de 84 km por 24 km e largura e deixou camadas de poeira de 46 cm de espessura no fundo do oceano a quase 2.500 km de dist�ncia. O VEI 7 corresponde � erup��o de 1815 do vulc�o Tamboro, na mesma zona de subduc��o do Toba.
A forma dos vulc�es depende muito da natureza da lava que dele sai. Os vulc�es do Hava� expelem lavas muito fluidas e muito quentes, que se espalham facilmente, sem grandes explos�es. O cone vulc�nico � muito largo, assemelhando-se a um escudo. O Mauna Loa, por exemplo, tem 120 km de di�metro. Vulc�es que expelem lavas viscosas formam grandes cones, normalmente com uma pequena cratera no cume e flancos �ngremes. Um exemplo � o vulc�o Mayon, nas Filipinas (foto a seguir) e o monte Fuji, no Jap�o. Como a lava � viscosa, ela escoa com dificuldade e no final da erup��o obstrui a cratera. Quando o magma come�a a subir novamente, esse tamp�o dificulta sua sa�da, o que leva a um grande aumento da press�o por ele exercida. Chega um ponto em que a press�o supera a resist�ncia do tamp�o de lava e ocorre uma explos�o muito forte, muitas vezes t�o forte que destr�i todo o cone vulc�nico. A caldeira � uma depress�o de grande di�metro, com uma massa elevada no centro, que se forma pelo desmoronamento total ou parcial de uma cratera. Mede entre 15 e 100 km� de di�metro. Pode formar-se em horas ou dias e sempre pela sa�da violenta de gases. Um exemplo � a regi�o do Parque de Yellowstone, nos EUA. Em Po�os de Caldas (MG), h� restos de uma caldeira de 30 km de di�metro, que existiu h� 90 milh�es de anos, bem vis�vel em imagens de radar ou de sat�lite. A distin��o entre cratera e caldeira nem sempre � clara. Os vulc�es podem ser classificados de acordo com sua forma e tipo de erup��o. H� v�rias classifica��es, que incluem categorias como havaianos, peleanos, plinianos, vulcanianos e strombolianos.
Normalmente considera-se ativo o vulc�o que est� em erup��o ou que mostra sinais de instabilidade, com pequenos abalos ou emiss�es de g�s significativas. Alguns autores consideram ativo qualquer vulc�o que se saiba j� ter um dia entrado em erup��o. Exemplo de vulc�es ativos s�o o Etna (It�lia), o Pinatubo (Filipinas) e o Monte Santa Helena (EUA). Vulc�o dormente � aquele que n�o se encontra atualmente em atividade, mas que poder� mostrar sinais de perturba��o e entrar de novo em erup��o (raz�o pela qual � monitorado por centros sismol�gicos). O vulc�o Licancabur (foto abaixo), no deserto de Atacama (Chile), � um exemplo, embora n�o se tenha registro de sua �ltima erup��o. Vulc�o extinto � aquele que os vulcan�logos consideram pouco prov�vel que entrem em erup��o de novo. Essa classifica��o � discut�vel, porque ningu�m, a rigor, pode garantir que um vulc�o nunca mais entrar� em erup��o ou que outro, inativo h� 5.000 anos, n�o v� entrar em atividade. A caldeira de Yellowstone, por exemplo, n�o entra em erup��o h� 640.000 anos, mas � considerada um vulc�o ativo proque tem atividade s�smica, atividade geot�rmica e porque o solo, na regi�o est� sendo soerguido em ritmo bastante acelerado.
Os produtos formados pelas atividades vulc�nicas s�o: Lava: material rochoso em estado de fus�o que atinge a superf�cie terrestre. As mais comuns s�o as lavas bas�lticas, que atingem 1.000 a 1.200� C. Deslocam-se com velocidade de alguns quil�metros por hora, mas j� se registrou derrame de lava a 100 km/h. Piroclastos: fragmentos de rocha lan�ados na atmosfera em erup��es explosivas. Vulcanoclastos: fragmentos de rocha formados por eros�o. Dep�sitos pirocl�sticos: materiais soltos ou misturas de cinzas vulc�nicas, bombas, blocos e gases produzidos em erup��es violentas de gases. Fragmentos angulosos pr�-existentes ou da pr�pria erup��o depois de cimentados formam brechas vulc�nicas. Os fragmentos menores, jogados no ar e depois depositados, formam os tufos vulc�nicos. Nuvens ardentes: torrentes de baixa densidade que se deslocam costa abaixo, com velocidades extremamente altas (at� 200 km/h), e temperaturas tamb�m alt�ssimas (em geral mais de 700� C), acompanhadas de som ensurdecedor. Fumarolas: exala��es de gases e vapores atrav�s de pequenos condutos que podem continuar em atividade por d�cadas e at� s�culos ap�s a erup��o vulc�nica. G�iseres: fontes que expelem �gua a altas temperaturas e com grande regularidade. A �gua infiltra-se a partir da superf�cie e retorna a ela por a��o do calor proveniente do magma. O jato de �gua d�-se em sentido vertical e o intervalo varia desde alguns segundos at� muitas semanas. A temperatura da �gua varia, sendo �s vezes inferior a do seu ponto de ebuli��o, podendo, excepcionalmente, atingir 138�C. Os g�iseres ocorrem nas regi�es de vulcanismo moderno, sendo assim considerados atividades finais do vulcanismo. Tanto neles como nas fumarolas, sente-se cheiro de enxofre, �s vezes forte. Na foto ao lado, g�iseres de El Tatio, no deserto de Atacama (Chile)
O Brasil n�o possui nenhum vulc�o ativo, mas no fim da Era Mesoz�ica ocorreram manifesta��es vulc�nicas de alt�ssima intensidade. Esse vulcanismo atingiu o que � hoje o sul do Brasil, mais S�o Paulo e Mato Grosso do Sul, al�m de Uruguai, Paraguai e Argentina, num total de 1.200.000 km2. � a maior �rea de vulcanismo bas�ltico existente no mundo. As ilhas oce�nicas brasileiras distantes da costa possuem uma constitui��o bas�ltica. Com exce��o dos Abrolhos, que se situa na plataforma continental, essas ilhas s�o por��es emersas da Cadeia Mesoatl�ntica. Um grupo de pesquisadores do Instituto de Geoci�ncias da Universidade de S�o Paulo localizou, no Par�, um dos maiores vulc�es conhecidos e o mais antigo de todos. Sua idade � estimada em 1,85 bilh�o de anos e � surpreendente seu estado de preserva��o, apesar dos efeitos da eros�o. A maioria dos vulc�es desse tipo ainda preservados se formou h� menos de 250 milh�es de anos. Os estudos mostraram que, a partir de dezenas de pequenas erup��es, ocorreu ali uma erup��o gigantesca, catastr�fica, que culminou com a forma��o de uma caldeira de 22 km de di�metro. O vulc�o est� localizado entre os rios Tapaj�s e Jamanxim e n�o h� estrada de acesso ao local.
Um dos lugares mais impressionantes da It�lia � Pomp�ia, a mais importante das quatro cidades soterradas pelo Ves�vio, em 79 d. C. (outra � Herculano e duas delas ainda n�o foram descobertas). Morreu um n�mero desconhecido de pessoas, que as cinzas vulc�nicas cobriram com uma capa petrificada, entre elas, uma mulher gr�vida. Tamb�m um c�o que estava amarrado pereceu assim. Pomp�ia tinha 3,3 km de muralhas e quase 6 km2. As partes mais altas da cidade n�o foram soterradas. As escava��es descobriram mais de 25 fontes p�blicas na cidade. Havia 4 ruas principais, de dire��o E-W. As demais eram perpendiculares a elas. Algumas ruas tinham rede de esgoto. Onde ela n�o existia, colocava-se uma grande pedra na esquina para as pessoas atravessarem a rua sem pisarem no esgoto. (JORNAL BB, Porto Alegre, fev. 2008, p. 8) O vulc�o tinha 2.000 m de altura quando entrou em erup��o. Hoje tem s� 1.300 m e mais de um cone vulc�nico. Vivem hoje mais de 400.000 pessoas ao p� do Ves�vio e outra erup��o n�o � imposs�vel.
MARIENSE, L. P. Vulc�es. TEIXEIRA, W. Vulcanismo � produtos e import�ncia para a vida. In: TEIXEIRA, Wilson et al. org. Decifrando a Terra. S�o Paulo: Oficina de Textos, 2000. 568p. il. p. 347-380. il. WIKIP�DIA EM PORTUGU�S. Vulc�o. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Vulc%C3%A3o# Ti pos_de_vulc. C3.A3o), acessado em 21.01.2009 WINCHESTER, S. Krakatoa, o dia em que a mundo explodiu. Rio de Janeiro, Objetiva, 2004. 429p. il. p. P�rcio de Moraes Branco |