Sucessão de Margrethe: Por ser mulher, rainha da Dinamarca só ascendeu ao trono após alteração na lei; conheça
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Descendente de uma das mais antigas famílias reais do mundo, com cerca de um milênio de existência, a popular rainha Margrethe II vai abdicar do trono da Dinamarca neste domingo, deixando o caminho para seu primogênito, príncipe Frederik, tornar-se o novo monarca. Com o sonho de ser artista, a rainha ascendeu ao trono de forma "inesperada", após mudanças na Constituição dinamarquesa promovidas pelo seu pai, o então rei Frederik IX, na década de 1950.

Margrethe anunciou a abdicação do trono em 31 de dezembro, devido, sobretudo, à saúde (ela passou por uma cirurgia nas costas em fevereiro passado, o que a manteve afastada por meses da vida pública), mas também pela a importância de "passar a responsabilidade" de chefe de Estado para a nova geração.

Conheça a rainha Margrethe II:

A rainha Margrethe II no Teatro Real Dinamarquês, em 2022 — Foto: Keld Navntoft / Divulgação Kongehuset
A rainha Margrethe II no Teatro Real Dinamarquês, em 2022 — Foto: Keld Navntoft / Divulgação Kongehuset

Rainha 'inesperada'

Nascida Margrethe Alexandrine Þórhildur Ingrid, em 16 de abril de 1940, em Copenhague, uma semana após a invasão nazista em seu país, a monarca é a primogênita do rei Frederik IX e da rainha Ingrid. A mais velha de três filhas — sendo elas a princesa Benedikte, 79 anos, e a princesa Anne-Marie, 77 anos, que posteriormente se tornaria a última rainha consorte da Grécia —, Margrethe não havia sido criada para reinar. O motivo? Era mulher. E, até então, somente herdeiros homens poderiam assumir o trono na Dinamarca.

Sua ascensão, portanto, foi "inesperada". Porém, sem herdeiros homens, Frederik IX promoveria uma profunda mudança na lei dinamarquesa para dar o direito às suas filhas de entrar na linha de sucessão.

Tal mudança não foi imediata, exigindo aprovação, em 1953, do "Ato de Sucessão" pelo Parlamento, o Folketing, e também do público dinamarquês, que apoiou a decisão de tornar Margrethe a primeira herdeira real em um referendo no mesmo ano.

Foi somente duas décadas depois, em 14 de janeiro de 1972, que Margrethe, enfim, foi coroada rainha. Com a morte do pai, ela se tornou a primeira soberana dinamarquesa a assumir o trono após a mudança na lei — e a segunda nos mil anos de monarquia no país, após sua antecessora distante Margrethe I, que reinou entre 1387 e 1412 .

Em 2009, o Ato de Sucessão foi novamente modificado, desta vez para estabelecer igualdade na sucessão ao trono, sem a prerrogativa da preferência masculina que ainda existia. Desde então, o filho mais velho do soberano, independentemente do sexo, herda o trono, seguindo o princípio de primogenitura.

Paixão pelas Artes

Quando jovem, Margrethe frequentou a Escola de Meninas de Copenhague e, mais tarde, continuou seus estudos na Universidade de Copenhague, onde se formou em arqueologia pré-histórica. A monarca também passou pelas universidades de Cambridge e London School of Economics, ambas no Reino Unido, e a Sorbonne, Paris.

Respeitada até hoje por seu envolvimento em várias atividades culturais, Margrethe — carinhosamente conhecida por "Daisy", em referência ao seu nome, que se traduz como "Margarida" — sempre se interessou pela arte, tendo algumas de suas pinturas exibidas em museus na Dinamarca e no exterior.

Além disso, a monarca é uma famosa ilustradora, tendo no currículo ilustrações da trilogia de "O Senhor dos Anéis", de J.R.R. Tolkien. Mais recentemente, ela atuou como designer de figurino e de produção para o filme de fantasia da Netflix, Ehrengard: A Arte da Sedução.

Casamento e polêmicas familiares

Margrethe se casou com o diplomata francês Henri Marie Jean André de Laborde de Monpezat em 10 de junho de 1967, na Igreja de Holmen, na capital dinamarquesa. Com a união, o francês, da cidade de Talence, abriu mão de seu nome e se tornou Henrik, príncipe consorte.

Durante seus 50 anos de casamento, o príncipe consorte expressou publicamente suas frustrações. Entre as maiores queixas, estava a lamentação por não ser chamado de rei ou rei consorte, e de ter dependido financeiramente de sua esposa.

Em 2017, aos 83 anos, Henrik anunciou que não desejava ser enterrado ao lado da monarca. "Se ela quiser me enterrar com ela, ela precisa me fazer um rei consorte", disse à revista dinamarquesa Se og Hør em 2017. Seis meses depois, morreu e foi cremado, com metade de suas cinzas espalhadas nas águas dinamarquesas e a outra enterrada em jardins privados.

O casal teve dois filhos: o príncipe Frederik, nascido em 1968, herdeiro do trono, e o príncipe Joachim, nascido em 1969.

Além das controvérsias com o marido, a rainha também esteve no centro de uma outra polêmica familiar recente. Logo após passar por uma cirurgia nas costas — razão principal pela qual decidiu abdicar do trono, segundo a própria —, em 2023, decidiu retirar o título real de quatro de seus netos. A justificativa era permitir que eles vivessem vidas mais "normais", mas a decisão provocou reações críticas dentro da família, inclusive de Joachim — pai das crianças e sexto na linha de sucessão. A reação negativa levou a rainha a pedir desculpas públicas, mas a decisão foi mantida.

Papel na política

Na Dinamarca, uma monarquia constitucional, o soberano, como chefe de Estado, não participa na política e não expressa opiniões políticas. Quem detém os poderes cotidianos da governança, nesse regime, é o primeiro-ministro — no caso da Dinamarca, o cargo é ocupado por Mette Frederiksen desde 2019.

Como chefe de Estado, a rainha participa na formação de um novo governo ao nomear formalmente o líder do partido que obtiver apoio do maior número de assentos no Folketing (o Parlamento dinamarquês). Da mesma forma, é também a rainha quem demite formalmente os ministros.

Além disso, a rainha também tem o papel de comandante em chefe das Forças Armadas do país, sendo também a autoridade suprema da Igreja Luterana da Dinamarca.

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