Luís XIV - A construção de uma imagem política — Google Arts & Culture

Luís XIV - A construção de uma imagem política

No reinado de Luís XIV, a arte é oficialmente organizada para servir a glória do príncipe e vai se tornar um instrumento do poder. É elaborada uma filosofia da soberania a partir de argumentos baseados na história da Antiguidade e em uma ideia de governo inspirada por Maquiavel.

Luís XIV, Rei de França (1638-1715) (1702), de Hyacinthe RigaudPalace of Versailles

A representação do rei, de seus atos e de suas benfeitorias, participa na exaltação da grandeza do soberano.

Luís XIV é o homem mais retratado do reino. A multiplicação de suas imagens permite a sua difusão em todo o território.

Louis XIV, king of France (Circa 1653), de Attributed to Jean NocretPalace of Versailles

I. O rei, o homem e a posteridade

Luís XIV está representado, com cerca de 15 anos, em traje militar de parada.

Bust of Louis XIV, king of France and Navarre (1665), de BerniniPalace of Versailles

Que Bernin arquiteto e escultor de Roma, aceita ir a França, não é trivial: ele foi atraído pela efervescência criativa desde o início do reinado de Luís XIV, tanto em Paris como em Versailles.

Louis XIV (Around 1705), de Antoine BenoistPalace of Versailles

Antoine Benoist, “pintor do Rei e seu único escultor em cera colorida” executou pelo menos onze retratos de Luís XIV. Este, realizado perto do ano de 1705, surpreende por seu realismo sem concessão. É verosímil que o artista o possa ter elaborado a partir de várias impressões diretas sobre o rosto do rei.

The wax portrait of Louis XIVPalace of Versailles

Full-length portrait of Louis XIV (Circa 1670), de After Claude LefebvrePalace of Versailles

A imagem serve como recordação e também como substituto da pessoa venerada.

Portait of Louis XIV, king of France (17th century), de Robert NanteuilPalace of Versailles

A gravura oferece o meio mais fácil para a difusão e utilização mediática.

A imprensa, e nomeadamente “La Gazette”, adquire imediatamente imagens para fins publicitários.

Louis XIV and the royal family (1670), de Jean NocretPalace of Versailles

O monarca inscreve-se no tempo. As artes participam na celebração de uma memória do poder.

Assim, é afirmada a ligação com os reinados anteriores, de César a Luís IX (Saint Louis), na medida em que simboliza o princípio dinástico do príncipe e de sua descendência.

The glory of Louis XIV triumphing over time (17th century), de Baldassare Franceschini dit il VolterranoPalace of Versailles

A Fama segura a trombeta presente no templo da imortalidade, com o nome do soberano inscrito em uma filactera: “Ludovicus XIV victor immortalis”; ela triunfa no tempo, personificado por um idoso que segura a foice.

Statue of Louis XIV (17th century), de Jean WarinPalace of Versailles

II. Imagens simbólicas: o recurso à alegoria

O século XVII é um período literário onde reina a metáfora. A cultura assenta em referências ao passado.

Equestrian statue of Louis XIV transformed into Marcus Curtius (1671 - 1671), de François Girardon and Bernini said Le BerninPalace of Versailles

A herança da Antiguidade e os modelos do Renascimento fornecem um repertório de imagens simbólicas e de mitos. A aura do deus ou do semideus ilumina o rei.

Versailles and Antiquity, Objective RomePalace of Versailles

Allegory of Louis XIV as Apollo on the Chariot of the Sun (1664), de Joseph Werner, le JeunePalace of Versailles

Um mito que o rei quis reservar para si assume todo o seu sentido em Versailles: o sol.

Apollo served by the Nymphs (1666 - 1675), de François Girardon and Thomas RegnaudinPalace of Versailles

A imagem do deus Apolo está ligada à do sol, centro do universo, fonte de calor e de harmonia. O paralelo entre a ordem da natureza e a ordem política é de uma leitura evidente para os contemporâneos.O tema é desenvolvido nas paredes do Palácio e nos jardins de Le Nôtre.

View of the back of the Thetys Grotto of Versailles (1672), de Jean Le PautrePalace of Versailles

A gruta de Tétis, hoje desaparecida, diz respeito ao mito cósmico do curso do sol, da aurora ao entardecer.

View of the exterior façade of the Thetys Grotto of Versailles (1672), de Jean Le PautrePalace of Versailles

O Rei governa ele mesmo, 1661 (1681 - 1684), de Charles Le BrunPalace of Versailles

III. O “rei governa”: poder temporal e poder sagrado

A monarquia absolutista é religiosa. Em França, ela procura suscitar em redor da pessoa real um sentimento de admiração e um fervor semelhantes aos da emoção religiosa.

In the Hall of Mirrors of Versailles, Louis XIV receives Mehemet Raza-Bey (18th century), de Attributed to Antoine CoypelPalace of Versailles

A diplomacia em Versailles:

As recepções dos embaixadores dão lugar, na Galeria dos Espelhos, a festividades suntuosas a não perder na Corte.

Reparations made to Louis XIV by the Doge of Genoa in the Hall of Mirrors of Versailles on 15 May 1685 (17th century), de Claude Guy HalléPalace of Versailles

Louis XIV trampling on Heresy (Circa 1692), de Thomas GobertPalace of Versailles

A luta contra o protestantismo:

Luís XIV revoga o Édito de Nantes em 1685. O escultor Thomas Gobert representa o rei esmagando a heresia representada por uma velha senhora.

Allegory of the Revocation of the Edict of Nantes by Louis XIV (17th century), de Guy Louis Vernansal, le VieuxPalace of Versailles

Louis XIV at the siege of Lille (17th century), de Adam Frans Van der MeulenPalace of Versailles

IV. Imagens históricas: o rei da guerra e o rei da paz

As representações guerreiras são mais numerosas do que as que comemoram a paz.

The solemn entry of Louis XIV and Marie-Thérèse into ArrasPalace of Versailles

Louis XIV at the siege of Lille (17th century), de Adam Frans Van der MeulenPalace of Versailles

Após os mitos antigos e a mitologia, o novo mito de Luís XIV repousa sobre uma retórica moderna da linguagem histórica.

A récita da História do Rei é um meio para o monarca afirmar seu poder sobre a História.

Guerra contra a Espanha pelos direitos da Rainha, 1667, de Charles Le BrunPalace of Versailles

Luís XIV ama apaixonadamente a glória militar. Não cessa de alargar a França a expensas dos Habsburgo de Espanha. A Guerra da Devolução (1667-1668), concluída com a paz de Aix-La-Chapelle, e a da Holanda (1672-1678), terminada com o tratado de Nijmegen, dão à França uma parte da Flandres e do Franco-Condado.

Resolução tomada para entrar em guerra com os holandeses, 1671 (1681 - 1684), de Charles Le BrunPalace of Versailles

Em 1671, Luís XIV decide entrar novamente em guerra com os holandeses. Charles Le Brun imortaliza este grande feito de guerra na Galeria dos Espelhos.

O Franco-Condado conquistado pela segunda vez, 1674 (1681 - 1684), de Charles Le BrunPalace of Versailles

Em 1674, Luís XIV conquista pela segunda vez o Franco-Condado. Charles Le Brun representa o rei imóvel envolvido pelo tumulto da guerra.

Equestrian portrait of Louis XIV in front of Namur (17th century), de Pierre MignardPalace of Versailles

Pierre Mignard, rival de Charles Le Brun, pinta ele também Luís XIV diante do cerco de Namur em 1692.

Trophy bearing Louis XIV’s coat of arms (17th century), de Ecole de Pierre MignardPalace of Versailles

Luís XIV explica ao Delfim a escolha de sua divisa: “Nec pluribus impar” em suas Memórias:

“Os que me viam governar com muita facilidade e sem me envergonhar com nada, neste número de tarefas que a realeza exige, persuadiram-me a adicionar o globo terrestre e como lema nec pluribus impar: com isso, queriam lisonjear a ambição de um jovem rei que, sendo capaz de tantas coisas, seria sem dúvida também capaz de governar outros impérios, como o Sol é capaz de iluminar outros mundos, se estivessem igualmente expostos aos seus raios“.

Allegory of Louis XIV, protector of the Arts and Sciences (1670/1672), de Jean Garnier e Claude LefebvrePalace of Versailles

V. O monarca, príncipe das artes e das ciências

Proteção dada às Belas-Artes, 1663 (1681 - 1684), de Charles Le BrunPalace of Versailles

A organização piramidal das artes converge em direção ao rei, que está em seu ápice. O sistema de academias responde a esta vontade de utilizar todas as formas de pensamento ao serviço da glorificação do monarca. Charles Le Brun é o grande organizador desse sistema.

Louis XIV visiting the Gobelins Manufactory (17th century), de Simon Renard de Saint-AndréPalace of Versailles

Na Manufatura Real do mobiliário da coroa, mais de 250 pessoas trabalham para a construção de móveis, objetos e tapeçarias para decorar as casas reais.

Arrival of Louis XIV preceded by his guardsmen at the old palace of Versailles (1669 - 1669), de Adam-Frans Van der MeulenPalace of Versailles

Nada é demasiado bonito para o soberano. Nascido da vontade pessoal do Rei, Versailles requer todas as atenções e passa a ser o lugar de todas as possibilidades.

Louis XIV "Protector of the Royal Academy of Painting and Sculpture" (17th century), de Henri TestelinPalace of Versailles

Em seu leito de morte no dia 1 de setembro de 1715, Luís XIV terá pronunciado as palavras:

“Vou partir, mas o Estado continuará sempre”

Créditos: história

Catherine Pégard, President of the Palace of Versailles

Laurent Salomé, Director of the museum

Thierry Gausseron, General administrator

Béatrice Sarrazin, Curator of the digital exhibition

Thierry Gausseron, Administrator

Ariane de Lestrange, Head of communications

Maïté Labat, Coordinator of the digital exhibition

Créditos: todas as mídias
Em alguns casos, é possível que a história em destaque tenha sido criada por terceiros independentes. Portanto, ela pode não representar as visões das instituições, listadas abaixo, que forneceram o conteúdo.
Ver mais
Tema relacionado
Explore UNESCO World Heritage
Preserving the world's most outstanding places for future generations to enjoy
Ver tema
Google Apps