A sofrida história de Catarina de Aragão

 Muito se fala, no cinema e na ficção, sobre Ana Bolena, a amante do rei Henrique VIII que levou o monarca a romper com a Igreja Católica. A série Tudors, conta em detalhes o drama a partir da paixão do rei pela dama de companhia de sua mulher, Catarina de Aragão.

A romancista inglesa Philippa Gregory, fez uma série de livros recontando a História sob a perspectiva das fortes mulheres York, que agiram nos bastidores da Guerra das Rosas (as famílias Lancaster contra os Yorks) até o início da dinastia Tudor.

Os sete livros de Phillipa foram adaptados para três séries da Starz, que acompanham a trajetória das mulheres. The White Queen (A Rainha Branca), White Princess (Princesa Branca), a melhor delas até o momento e The Spanish Princess (A Princesa Espanhola), que terá duas temporadas. A primeira já está disponível na Amazon, a segunda tem o trailer mas ainda não foi lançada.

A premissa de Spanish Princess é de contar a super conhecida história de Henrique VIII pelos olhos de Catarina de Aragão, sua primeira esposa. Catarina é frequentemente mostrada como uma mulher velha, deprimida, extremamente religiosa e teimosa, que se recusa a aceitar o argumento de Henrique de que o casamento dos dois não foi válido. Tampouco aceita divórcio, levando ao marido tomar decisões drásticas e dramáticas. Porém historiadores gostam de nos lembrar o quanto ela era adorada por seus súditos, vinha de uma linhagem poderosa (até mais do que os Tudor) e que era uma exímia jogadora na política da corte. É essa a Catarina na série.

A atriz Charlotte Hope, mais conhecida como a demoníaca Miranda, de Game of Thrones, é a rainha espanhola. Na primeira temporada, Catarina chega à Inglaterra para se casar com o herdeiro, Arthur Tudor. A união tinha tudo para dar certo, mas ele (spoiler para quem esqueceu das aulas de História) falece, deixando Catarina em uma situação complicada. Os pais não a querem de volta, os sogros estão com mais problemas (inclusive financeiros) para lidar com ela... e o cunhado, Henrique, pode ser a salvação (além de seu verdadeiro amor).

Na primeira temporada, Catarina é a grande vencedora. Nós já sabemos seu triste futuro, mas ela está mais do que feliz como Rainha da Inglaterra. E é assim que deve começar a segunda temporada, onde entre os vários problemas, já deve entrar Ana Bolena em algum momento. "Eu adoro a segunda temporada", diz Charlote. "É muito interessante porque sabemos o que vai acabar, mas ainda assim provocamos com a possibilidade de que tudo vai ficar bem", diz ela.

Para quem deu pesadelos para os fãs de GOT, é irônico saber que Charlote considera a história de Catarina como um filme de terror. "Quando a reencontramos ela está casada com um lindo marido e é mãe de um lindo menino de seis meses. Para ser sincera, ela está no auge de sua vida", conta a atriz. "Só que quando ela está segurando o bebê e ele se chama Henrique IX, nós já sabemos que ele vai morrer. É um pressentimento real e mesmo no júbilo total, o que é brilhante no strorytelling, dá nervoso no telespectador", completa.

Catarina de Aragão, ou Catalina, era a filha caçula de Ferdinando, rei de Aragão, e Isabella, rainha de Castilha. Foi prometida ao herdeiro do trono inglês quando ainda tinha seis anos e, aos 15, se mudou para o Reino Unido. O noivo, Arthur, príncipe de Gales, era meses mais velho. A união não foi imediatamente bem sucedida, mas o casal se dava bem. Infelizmente ele faleceu, repentinamente, meses após o casamento. A polêmica sobre se chegaram a ter relações - algo que ela negava ter acontecido - foi a base de todos os problemas para a rainha. Nos próximos anos ficou com os Tudor e acabou conseguindo a dispensa da Igreja para se casar com Henrique, alguns anos mais novo. Catarina teve cinco filhos de Henrique VII, mas apenas uma filha, princesa Mary, sobreviveu.

A falta de um herdeiro homem foi determinante para que Henrique VIII se sentisse validado para não apenas buscar outras mulheres, mas inclusive anular sua união com Catarina. A Rainha, amada pelos súditos, era bondosa e firme. Ela poderia perder o marido, mas não cederia jamais que tinha pecado aos olhos de Deus e que seu casamento não era válido. Sua determinação alimentou a discórdia religiosa no Reino Unido por séculos. Ela faleceu, sem a coroa, em 1536. A segunda temporada vai contar essa parte da história, que é a mais conhecida.

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