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Resenha Crítica - Cobaias
Ética (ÉT999)
Universidade Federal de Sergipe
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA EM
SAÚDE – PPGITS
RESENHA CRÍTICA - ASPECTOS BIOÉTICOS
Discente: Geyse do Espírito Santo Rezende
Filme: Cobaias (Miss Evers boys) EUA, HBO NYC Productions, 1997
Cobaias é um filme que mostra parte do julgamento sobre as condutas tomadas no Estudo Tuskegee de Sífilis não tratada em Homens Negros. Este era uma pesquisa científica que buscava entender se essa doença se desenvolvia da mesma forma nos negros como tinha sido verificado em estudos anteriores com pessoas brancas. O filme destaca a trajetória profissional de uma enfermeira negra que foi chamada para participar do estudo para convocar e acompanhar os tratamentos da população negra, que dizia proporcionar o tratamento da sífilis sem custo individual dos participantes, mas sendo tudo custeado pelo serviço de saúde nacional americano. À princípio, houve uma resistência dessa população que sofria muita discriminação e negligência, mas a enfermeira buscou ter um contato individual por meio de visitas domiciliares a cada paciente para convencê-los a participar do estudo. Por ser conhecida na região também por ter um nível educacional a mais que aquelas pessoas, q enfermeira passava muita credibilidade e insistia em afirmar que os médicos sabiam o que estavam fazendo. Também era possível observar a vontade dos profissionais em combater aquela doença, pois incentivavam o as pessoas a se tratarem; porém, quando o financiamento acabou, os médicos buscaram outro caminho que foi totalmente de encontro aos princípios bioéticos. Os participantes do estudo não sabiam que eles tinham sífilis, nem tinham conhecimento dos efeitos desta patologia; ao invés de informarem a real diagnóstico deles, o que falavam é que eles tinham sangue ruim, omitindo o diagnóstico e o prognóstico que era esperado. Já nesse momento do filme, pode-se notar que os médicos já estavam infringindo o
princípio ético da autonomia, que assegura o direito do paciente ter ciência de sua condição de saúde. A partir do momento em que já se tinha o conhecimento de estudos que provavam que existia um tratamento eficaz para a sífilis e este passou a ser ocultado e negado à população negra, pode ser observado o não cumprimento do princípio da beneficência, o qual obriga eticamente os profissionais a maximizarem os benefícios e minimizarem os prejuízos. Inclusive, todos os participantes da pesquisa tinham seus nomes listados em instituições de saúde para que eles não recebessem o tratamento adequado, o que fere o princípio da não- maleficência, que garante ao paciente que a ação médica não lhe cause agravo à saúde. Esta atitude pela parte dos profissionais envolvidos estava sendo motivada pela esperança de que os resultados da sua pesquisa fossem suficientes para reiniciar o tratamento em seus pacientes, porém permitiu que mais de 300 indivíduos participantes da pesquisa morressem por negligência médica. Eles foram induzidos a acreditar que, com aquele tratamento que estava sendo oferecido a eles, os mesmos ficariam saudáveis novamente. Foi-lhes ocultado que eles seriam tratados apenas com aspirinas, mesmo já havendo tratamento comprovado com o uso da penicilina. Na ingenuidade, eles estavam felizes com o acompanhamento médico, refeições nos dias dos exames, prêmios em dinheiro com as despesas com o funeral sendo paga pelo governo e até mesmo favores pessoais como o caso do uso do carro do hospital para levar competidores a festivais de música. Ao levar os dados em consideração, pode-se destacar que não houve respeito pelas pessoas, menosprezando a capacidade intelectual deles de compreenderem o diagnóstico e prognóstico, também não houve uso de termo de consentimento livre e esclarecido, não dando a oportunidade da pessoa saber sobre o que se tratava o estudo em questão, estar ciente da pesquisa e sua finalidade; também pode-se observar que não seguiram o princípio bioético da justiça, pois os pacientes negros não tiveram acesso igualitário ao tratamento que os brancos tiveram, como também não puderam tomar ciência do diagnóstico, processo da pesquisa e seus resultados. Mesmo o estudo sendo aberto a nível de conhecimento de toda a população, inclusive o governo, não houve nenhuma restrição para que ele não fosse feito, apesar de ser desumano e antiético.
Resenha Crítica - Cobaias
Disciplina: Ética (ÉT999)
Universidade: Universidade Federal de Sergipe
