Os fundamentos da análise Keynesiana (artigo) | Khan Academy

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Conteúdo principal

Os fundamentos da análise Keynesiana

Afinal, qual é a perspectiva Keynesiana?

Pontos Principais

  • A Economia Keynesiana é baseada em duas ideias principais. Primeiramente, é mais provável que a causa principal de um evento econômico de curto prazo, como uma recessão, seja a demanda agregada e não a oferta agregada. Em segundo lugar, os salários e os preços podem ser rígidos, e então, em uma crise econômica, o resultado pode ser o desemprego.
  • O argumento de coordenação afirma que a flexibilidade decrescente de salários e preços requer informações perfeitas sobre o menor nível de compensação aceitável para outros trabalhadores e participantes do mercado.
  • O multiplicador de gasto é um conceito keynesiano que afirma que uma mudança nos gastos autônomos provoca uma mudança mais do que proporcional no PIB real.
  • Uma externalidade macroeconômica ocorre quando o que acontece no nível macro é diferente e inferior ao que acontece no nível micro.
  • Custos de etiquetagem são custos que as empresas incorrem quando preços são alterados.
  • Salários e preços rígidos são salários e preços que não se reduzem em resposta a uma diminuição da procura, ou não sobem em resposta ao aumento da demanda.

Os fundamentos da análise Keynesiana

A Economia keynesiana é focada em explicar por que ocorrem recessões e depressões e oferecer uma prescrição de política para minimizar seus efeitos. A visão Keynesiana da recessão é baseada em dois blocos principais:
  • Demanda agregada, DA, nem sempre é automaticamente alta o suficiente para fornecer às empresas um incentivo a contratar trabalhadores suficientes para se atingir o pleno emprego.
  • A macroeconomia pode se ajustar apenas lentamente a mudanças na demanda agregada por causa do salários e preços rígidos — os salários e os preços que não respondem à diminuição ou ao aumento na demanda.
Vamos olhar cada uma destas duas alegações mais a fundo. O primeiro bloco de construção do diagnóstico keynesiano é que recessões ocorrem quando o nível de procura no setor doméstico e empresarial de bens e serviços é menor do que o que é produzido quando o trabalho é totalmente empregado. Em outras palavras, a interseção entre oferta agregada e demanda agregada ocorre em um nível de produção menor que o nível consistente do PIB no pleno emprego.
Suponha que o mercado de ações quebre, como ocorreu em 1929. A riqueza das famílias diminui, e as despesas de consumo também. As empresas veem que os gastos dos consumidores estão caindo, o que reduz as expectativas de lucratividade dos investimentos, então elas diminuem os gastos com investimentos.
Isto parece ser o que aconteceu durante a Grande Depressão, uma vez que a capacidade física para fornecer bens da economia não alterou muito. Nenhuma inundação ou terremoto ou outro desastre natural arruinou fábricas em 1929 ou 1930. Nenhum surto de doença dizimou as fileiras dos trabalhadores. Nenhum preço de insumo chave, como o preço do petróleo, subiu nos mercados mundiais. A economia dos EUA em 1933 teve quase as mesmas fábricas, trabalhadores e nível de tecnologia como tinha tido quatro anos antes em 1929 — e ainda assim a economia encolheu drasticamente.
Keynes reconheceu que os eventos da Grande Depressão contradiziam a lei de Say, a qual afirma que a oferta cria sua própria demanda. Embora existisse capacidade de produção, os mercados não foram capazes de vender seus produtos. Como resultado, o PIB real foi menor do que o PIB potencial.

Rigidez de salários e preços

Keynes também notou que quando DA flutuou, os preços e salários não imediatamente responderam como os economistas esperavam. Em vez disso, os preços e salários foram "rígidos", tornando difícil restaurar a economia ao pleno emprego e PIB potencial.
Keynes enfatizou uma razão especial, porque os salários são rígidos: o argumento de coordenação. Este argumento aponta que, mesmo se a maioria das pessoas estivesse disposta — pelo menos hipoteticamente — a ver um declínio em seus próprios salários em tempos econômicos ruins, enquanto todos os outros também experimentariam tal declínio, uma economia orientada para o mercado não tem como implementar de maneira óbvia a todos um plano de redução salarial coordenada. Há várias razões por que os salários podem ser rígidos para redução, cuja argumento central é que empresas evitam cortes de salários, porque eles podem de uma forma ou outra reduzir ânimo e diminuir a produtividade dos trabalhadores existentes.
Alguns economistas modernos têm argumentado num espírito keynesiano que, juntamente com os salários, outros preços podem ser rígidos, também. Muitas empresas não mudam os preços todos os dias ou nem mesmo todos os meses. Quando uma empresa considera mudança nos preços, ela deve considerar dois conjuntos de custos. Primeiro, mudar preços consome recursos da empresa—os gestores devem analisar a concorrência e a demanda do mercado e decidir quais serão os novos preços, materiais de vendas devem ser atualizados, registros de faturamento mudarão e rótulos de produtos e etiquetas de preço deverão ser refeitos. Segundo, mudanças frequentes de preço podem deixar os clientes confusos ou zangados—especialmente se eles descobrem que um produto agora custa mais do que o esperado.
Estes custos das variações de preços são chamados custos de etiquetagem — porque eles são semelhantes aos custos de impressão por um novo conjunto de menus com preços diferentes em um restaurante. Os preços respondem às forças da oferta e da demanda, mas numa perspectiva macroeconômica, o processo de mudança de todos os preços de toda a economia leva tempo.
Para entender o efeito de salários e os preços rígidos na economia, considere o diagrama A abaixo, ilustrando o mercado global de trabalho, e o diagrama B, ilustrando um mercado para um determinado bem ou serviço.
O equilíbrio original E0 em cada mercado ocorre no cruzamento entre a curva de demanda D0 e a curva de oferta S0. Quando a demanda agregada diminui, a demanda por trabalho se desloca para a esquerda — para D1 no diagrama A — e a demanda por bens desloca-se para a esquerda — para D1 no diagrama B. Por causa de salários e preços rígidos, no entanto, o salário permanece em seu nível original, W0, por um período de tempo e o preço permanece em seu nível original, P0.
Como resultado, uma situação de excesso de oferta — onde a quantidade ofertada excede a quantidade demandada para o salário ou preços existentes — existe em ambos mercados de trabalho e bens e Q1 é menor que Q0 em ambos diagrama A e diagrama B. Quando vários mercados de trabalho e mercados de bens, em toda economia encontram-se nesta posição, a economia está em recessão; ou seja, as empresas não podem vender o que eles desejam produzir ao preço de mercado existente e não desejam contratar todos as pessoas que estão dispostas a trabalhar com o salário de mercado existente.
Dois gráficos mostram como salários rígidos têm efeitos diferentes, dependendo se o mercado é um mercado de trabalho ou um mercado de bens.
Crédito da imagem: Figura 1 em "The Building Blocks of Keynesian Analysis" por OpenStaxCollege, CC BY 4.0

Os dois pressupostos Keynesianos no modelo OA-DA

Os dois pressupostos keynesianos — a importância da demanda agregada em causar recessão e a rigidez de salários e preços — pode ser ilustrada usando a demanda agragada/oferta agregada, ou OA-DA, diagrama como o mostrado abaixo. Observe que, devido a rigidez de salários e preços, a curva de oferta agregada é mais plana do que as curvas de oferta nos diagramas A e B acima. Na verdade, se os salários e os preços fossem tão rígidos que eles não caíssem de maneira alguma, a curva de oferta agregada seria completamente plana abaixo do PIB potencial.
Este resultado é um exemplo importante de uma externalidade macroeconômica, significando que aquilo que acontece no nível macro é diferente e inferior ao que acontece no nível micro. Por exemplo, uma empresa deve responder a uma diminuição na demanda do seu produto reduzindo seu preço para aumentar as vendas. Mas, se todas as empresas experimentam uma diminuição da demanda por seus produtos, preços rígidos no agregado impedem que a demanda agregada reaja—o que seria mostrado como um movimento ao longo da curva de DA em resposta a um nível de preço mais baixo.
O equilíbrio original dessa economia ocorre quando a demanda agregada AD0 intercepta com a oferta agregada. Uma vez que esta intersecção ocorre no PIB potencial, Yp, a economia está operando no pleno emprego. Quando a demanda agregada desloca para a esquerda, todos os ajustes ocorrem através da diminuição do PIB real. Não há diminuição nos níveis de preço. Quando o equilíbrio ocorre em Y1, a economia sofre com grande desemprego.
Uma perspectiva Keynesiana sobre recessão
O gráfico mostra três curvas de demanda agregada e uma de oferta agregada. A curva agregada mais à esquerda representa uma economia em recessão.
Crédito da imagem: Figura 3 em "The Building Blocks of Keynesian Analysis" por OpenStaxCollege, CC BY 4.0

O multiplicador de gastos

Outro conceito-chave na economia Keynesiana é o multiplicador de gastos. O multiplicador de gatos é a ideia de que o gasto não só afeta o nível de equilíbrio do PIB, como também é poderoso. Mais precisamente, significa que uma mudança nos gastos causa uma variação mais do que proporcional no PIB.
ΔYΔGastos>1
A razão por trás do multiplicador de gastos é que o gasto de uma pessoa torna-se a renda de outra, o que leva a gastos adicionais e renda adicional, e assim por diante, então o impacto cumulativo no PIB é maior do que o aumento inicial das despesas. O multiplicador é importante para a compreensão da eficácia da política fiscal, mas ocorre sempre que há qualquer aumento autônomo das despesas. Além disso, o multiplicador opera em sentido negativo, bem como em sentido positivo.
Assim, quando a despesa de investimento colapsou durante a Grande Depressão, causou uma diminuição muito maior do PIB real. O tamanho do multiplicador é crítico e foi um elemento chave nas discussões recentes sobre a eficácia do pacote de estímulo fiscal do governo Obama, oficialmente intitulado de Ato Americano de Recuperação e Reinvestimento de 2009.

Resumo

  • A Economia Keynesiana é baseada em duas ideias principais. Primeiramente, é mais provável que a causa principal de um evento econômico de curto prazo, como uma recessão, seja a demanda agregada e não a oferta agregada. Em segundo lugar, os salários e os preços podem ser rígidos, e então, em uma crise econômica, o resultado pode ser o desemprego.
  • O argumento de coordenação afirma que a flexibilidade para baixo de salários e preços requerem informação perfeita sobre o menor nível de compensação aceitável para outros trabalhadores e participantes do mercado.
  • O multiplicador de gastos é um conceito Keynesiano que afirma que uma mudança nos gastos autônomos provoca uma mudança proporcional maior no PIB real.
  • Uma externalidade macroeconômica ocorre quando aquilo que acontece no nível macro é diferente e inferior ao que acontece no nível micro.
  • Custos de etiquetagem são custos que as empresas incorrem quando os preços são alterados.
  • Salários e preços rígidos são salários e preços que não caem em resposta a uma diminuição da procura ou não sobem em resposta ao aumento da demanda.

Questões de autoavaliação

Use o modelo OA-DA para explicar como ocorre uma lacuna inflacionária, começando a partir do equilíbrio inicial no diagrama abaixo.
Uma perspectiva Keynesiana sobre recessão
O gráfico mostra três curvas de demanda agregada e uma de oferta agregada. A curva agregada mais à esquerda representa uma economia em recessão.
Crédito da imagem: Figura 1 em "The Building Blocks of Keynesian Analysis" por OpenStaxCollege, CC BY 4.0
Suponha que o Congresso dos EUA corte gastos para equilibrar o orçamento federal do governo federal. Use o modelo OA-DA para analisar o eventual impacto sobre a produção e o emprego. Dica: Olhe para a imagem acima

Perguntas de revisão

  • Do ponto de vista Keynesiano, qual dos dois mais provavelmente causará uma recessão: demanda agregada ou oferta agregada? Por quê?
  • Por que salários e os preços rígidos aumentam o impacto de uma crise econômica sobre o nível de desemprego e da recessão?
  • Explique o que os economistas querem dizer com custos de etiquetagem.

Questões de pensamento-crítico

  • Faz sentido que os salários seriam rígidos para baixo, mas não para cima? Por que ou por que não?
  • Suponha que a economia esteja operando em seu PIB potencial quando experimenta um aumento na demanda de exportação. Como pode a economia aumentar a produção das exportações para atender a essa demanda, dado que a economia já está em pleno emprego?

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