O MAIOR MANDAMENTO

“Abriu, feche. Acendeu, apague. Ligou, desligue. Sujou, limpe…” É aborrecido viver onde todos os espaços estão impregnados de regrinhas. É claro que as regras são necessárias para o bom funcionamento de qualquer agrupamento humano. Ocorre que a obsessão pelo cumprimento da regra pela regra assalta a espontaneidade humana. Geralmente, onde se exagera em normas, camufla-se a desordem.

O pior é quando, no âmbito da fé, a religião se torna um compêndio de normas vazias. No tempo de Jesus, os fariseus contavam 613 preceitos, 365 proibições e 248 mandamentos. Imagine saber tudo isso e praticá-lo: impossível! Muitos viviam sufocados com tamanho fardo.

A pergunta capciosa do fariseu feita a Jesus no Evangelho de hoje, sobre qual seria o maior mandamento, insere-se nesse contexto de uma religião oca. O Mestre responde com base nas Escrituras: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o coração, com toda a alma, com todas as forças” (Dt 6,5). E mais: “Não te vingarás nem guardarás rancor dos teus concidadãos. Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19,18). A originalidade da resposta de Jesus consiste no fato de que ele põe em paralelo o amor a Deus e o amor ao próximo, condensando toda a revelação de Deus nesses dois mandamentos.

Para Jesus, o amor é a realização plena da Lei. E aqui o amor é mais do que um sentimento, é atitude. O que ele ensina aos discípulos, antes viveu: “Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam do modo como eu fiz” (Jo 13,15).

À comunidade cristã cabe o sempre urgente cuidado preferencial pelos mais necessitados, os quais, para o povo da Bíblia, estavam representados na pessoa das viúvas, dos órfãos e dos estrangeiros (1^a leitura).

Nossa experiência de fé diante dos cenários de miséria, fome e toda sorte de precariedade em que vivem os pobres pede de nós sensibilidade e empatia. A alegria proveniente do Espírito Santo nos inspire na vivência do amor em todas as circunstâncias, testemunhando a palavra do Senhor (2^a leitura).

Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp