Coroação jovem, crises familiares e reinado duradouro: como foi a vida de Elizabeth II | Mundo | G1

Por g1


Rainha Elizabeth II momentos antes de receber a nova primeira-ministra britânica, Liz Truss — Foto: Jane Barlow/Pool Photo via AP

Apaixonada por cavalos, educada em casa, treinada como motorista e mecânica no exército, bisavó de 12 crianças. Assim era a rainha Elizabeth II, que morreu aos 96 anos, nesta quinta-feira (8), após 70 anos de reinado.

Elizabeth Alexandra Mary nasceu no dia 21 de abril de 1926 na rua Bruton, em Mayfair, Londres. Aprendeu artes, música, a andar a cavalo e a nadar. Teve uma única irmã, a princesa Margaret, nascida em 1930 e falecida em 2002.

Já era casada com o príncipe Philip, o Duque de Edimburgo, quando foi coroada. O casamento ocorreu em 1947, na Abadia de Westminster.

Com Philip, teve quatro filhos: Charles, Anne, Andrew e Edward. Depois teve oito netos – entre eles William e Harry, filhos de Charles; e 12 bisnetos, sendo a mais nova, a bebê Sienna, filha da princesa Beatrice.

Em julho de 2013, a rainha comemorou o nascimento do primeiro filho de William e de Kate Middleton, George Alexandre Louis, seu terceiro bisneto e terceiro na linha de sucessão do trono britânico.

A duquesa de Cambridge e o príncipe William, com os filhos Louis, Charlotte e George, na varanda do Palácio de Buckingham após o desfile de aniversário da rainha, nas celebrações do Jubileu de Platina da rainha Elizabeth II — Foto: Daniel Leal/AFP

A irmã dele e quarta na linha sucessória, Charlotte Elizabeth Diana, nasceu em maio de 2015. E em 2018 nasceu Louis Arthur Charles, também filho de William e Kate, que ocupa o quinto lugar na sucessão da coroa britânica.

Características do reinado

Ao longo de seu reinado, Elizabeth II conheceu 15 primeiros-ministros britânicos — Winston Churchill ainda era premiê quando ela assumiu — e visitou Downing Street, residência oficial dos chefes de governo, por diversas vezes.

Embora fosse oficialmente a chefe de Estado, o papel da soberana é eminentemente formal e cerimonial. Mesmo recebendo semanalmente o primeiro-ministro em audiência, ela permaneceu neutra nos assuntos políticos e sempre manteve um forte senso de responsabilidade civil e religiosa – como chefe de estado e da igreja Anglicana.

Rainha Elizabeth em encontro em 2000 com o papa João Paulo 2º, no Vaticano — Foto: Arthur Edwards / POOL / AFP

Elizabeth II também manifestou ser favorável às conversas entre as religiões, tendo se encontrado com quatro papas -- João XXIII, João Paulo II, Bento XVI e Francisco --, além de líderes de outras igrejas.

Em 96 anos, Elizabeth II vivenciou o período de maior tensão na Irlanda do Norte; a Guerra das Malvinas; as invasões do Iraque e do Afeganistão; e a pandemia da Covid-19. Ao longo dos anos, ela enfrentou diversas críticas à monarquia, mas sua popularidade conseguiu se manter em alta.

Sua fortuna sempre foi alvo de especulações. Em 2021, a revista Forbes estimou que a rainha era dona de cerca de US$ 500 milhões.

Desfile abre comemorações dos 70 anos de reinado de Elizabeth II

Desfile abre comemorações dos 70 anos de reinado de Elizabeth II

Seu estilo pessoal também foi muito comentado – ao longo dos anos, a rainha se destacou por sempre combinar peças de roupa e acessórios em uma só cor.

Apesar da idade avançada, Elizabeth II se manteve ativa nas atribuições de rainha, o que inclui uma rotina de reuniões e encontros, além da participação em eventos e apoio a cerca de 600 organizações de caridade, até sua morte. Só nos últimos anos, já com a saúde debilitada, é que algumas de suas tarefas foram repassadas para os filhos.

Coroação

Cerimônia de coroação da Rainha do Reino Unido — Foto: Associated Press/File

Assumiu o trono em 1952, após a morte de seu pai, George VI. Durante o início de sua infância, não havia perspectiva de que ela se tornaria rainha um dia – seu avô era o rei George V, e seu tio Edward era o primeiro na linha de sucessão.

Com a morte de George V, Edward assumiu o trono em 1936, abdicando no mesmo ano. Foi quando seu pai assumiu e se tornou o rei George VI, e ela se transformou na primeira na linha de sucessão da coroa, aos 10 anos. Três anos depois, começou a Segunda Guerra Mundial, que durou até 1945.

Sua primeira aparição pública sozinha aconteceu aos 16 anos, em uma visita aos Grenadier Guards, um regimento da infantaria britânica. Aos 18 anos, houve uma mudança na lei que a tornou um dos cinco conselheiros de Estado caso seu pai não pudesse governar ou estivesse no exterior. Em 1945 ela se juntou ao Serviço Territorial Auxiliar, um braço do Exército Britânico, e chegou a treinar como motorista e mecânica.

Casamento

Em 1947, Elizabeth ficou noiva e se casou com o Príncipe Philip, seu primo de segundo grau. Eles haviam se conhecido na infância, e aos 13 anos a então princesa se disse apaixonada por seu futuro marido. Philip, então príncipe da Grécia e da Dinamarca, renunciou aos títulos e se tornou Duque de Edimburgo no dia do casamento.

Nesta foto de arquivo tirada em 20 de novembro de 1947, a princesa britânica Elizabeth (futura rainha Elizabeth II) e Philip, duque de Edimburgo, posam no dia do casamento no Palácio de Buckingham, em Londres — Foto: AFP

A união gerou certa polêmica. Philip não havia nascido no Reino Unido, e sim na Grécia — apesar de ter servido ao Exército britânico —, e suas irmãs eram casadas com alemães que tinham ligações nazistas.

O casamento foi realizado no dia 20 de novembro de 1947, na Abadia de Westminster. A cerimônia foi transmitida pela rádio BBC para 200 milhões de pessoas no mundo. O casal recebeu mais de 2,5 mil presentes e 10 mil telegramas de congratulação. Seu tio Edward, que havia abdicado do trono, não foi convidado.

Um ano depois, Elizabeth deu à luz seu primeiro filho, Charles. Sua segunda filha, Anne, nasceu em 1950.

Em 1951, a saúde do rei George VI piorou e Elizabeth passou a participar de diversos eventos em seu lugar. Em 1952, a então princesa e seu marido estavam em uma viagem no Quênia quando foi anunciada a morte do rei. No mesmo momento, seu secretário particular perguntou qual nome a nova rainha gostaria de utilizar, e ela decidiu permanecer como Elizabeth. Ela foi então proclamada rainha em 6 de fevereiro de 1952 e voltou ao Reino Unido.

Um ano depois, em 24 de março, sua avó, a rainha Mary, também morreu. Na época, os preparativos para a coroação estavam sendo realizados — a festa não foi realizada antes devido ao luto oficial. A cerimônia aconteceu no dia 2 de junho de 1953, também na Abadia de Westminster. O evento foi televisionado pela primeira vez na história.

Viagens e encontros pelo mundo

Documentário inédito no Brasil mostra imagens raras da trajetória da rainha Elizabeth II — Foto: Reprodução/Fantástico

Elizabeth II levou a sério seu papel como rainha, e desde o início passou a ter reuniões semanais com o então premiê, Winston Churchil. Entre 1953 e 1954, ela e o marido realizaram uma viagem de seis meses pelos países da Commonwealth, tornando-se a primeira monarca a visitar a Austrália e a Nova Zelândia.

Em 1957, em uma viagem aos Estados Unidos, ela participou como chefe de estado da Assembleia Geral das Nações Unidas, representando os países da Commonwealth.

Suas viagens se tornaram frequentes nos anos seguintes – mesmo com o nascimento de seus dois últimos filhos – Andrew e Edward, em 1960 e 1964.

Em 1965, ela se tornou a primeira monarca britânica a visitar a Alemanha em 52 anos, em uma visita histórica após as guerras mundiais. Elizabeth II visitou o Muro de Berlim do lado oeste da cidade ainda dividida.

Outro encontro histórico foi quando a rainha recebeu o imperador Hirohito do Japão no Reino Unido – sua primeira visita de estado desde o fim da segunda guerra mundial.

Entre os anos 1960 e 1970, a rainha viu a mudança do Império Britânico, que começou a se transformar na Commonwealth, com a independência de diversos países, principalmente na África e no Caribe.

Rainha Elizabeth conheceu o jogador Pelé durante visita ao Brasil em 1968 — Foto: Arquivo Nacional

Em 1977, a rainha comemorou seu Jubileu de Prata, 25 anos no poder. As celebrações foram muito populares e reafirmaram o sucesso da rainha entre seus súditos mesmo com o recente divórcio de sua irmã, Margaret. No mesmo ano, nasceu seu primeiro neto, Peter, filho da princesa Anne.

A década de 1980 teve dois marcos na vida da rainha: o casamento de seu primogênito e Guerra das Malvinas – na qual outro de seus filhos, Andrew, lutou como piloto de helicóptero da marinha britânica.

No início da década 1980, o filho mais velho de Elizabeth II, Charles, resolveu se casar com Diana Spencer, então com 19 anos. O casamento foi realizado em 1981 na Catedral de St. Paul, com mais de 3,5 mil convidados, e foi considerado a união do século, um casamento de conto de fadas.

A cerimônia foi televisionada e assistida por 750 milhões de pessoas ao redor do mundo, aumentando a popularidade da família real frente aos britânicos.

Um ano depois, em abril de 1982, foi iniciada a Guerra das Malvinas, disputa entre a Argentina e o Reino Unido sobre as ilhas no Atlântico Sul. O combate durou 74 dias e terminou com a rendição das tropas argentinas. O Príncipe Andrew, que fazia parte da Marinha Britânica, atuou como piloto de helicóptero na guerra, retornando a salvo para casa.

Turista caminha entre lápides de Cemitério Argentino, em Darwin, nas Malvinas — Foto: Martin Bernetti / AFP

Ainda em 1982, a rainha recebeu o papa João Paulo II em uma visita histórica à Inglaterra, a primeira de um papa ao país em 450 anos. Como líder da Igreja Anglicana, ela recebeu o papa no Palácio de Buckingham.

Nesta mesma época, fatos envolvendo seus herdeiros colaboraram para reduzir sua popularidade ao longo dos anos. Nos anos 1980 as críticas à família real aumentaram, e a vida dos filhos da rainha passou a ser avaliada de perto pela mídia.

1992

Os anos 1990 foram difíceis para a rainha – ela classificou o ano de 1992 como seu “Annus horribilis” ou “ano horrível” em latim.

Naquele ano, os casamentos de três de seus filhos terminaram. O príncipe Charles e Diana anunciaram sua separação após anos de problemas, o fim do casamento do Príncipe Andrew com Sarah Ferguson foi parar nos tabloides, com fotos de Sarah com outro homem, e a princesa Anne se divorciou de seu marido, Mark Phillips.

Em outubro do mesmo ano, em uma visita a Dresden, na Alemanha, manifestantes jogaram ovos contra a rainha.

Em 10 de junho de 1984 Thatcher aparece em foto ao lado da rainha Elizabeth II, do chanceler da Alemanha Ocidental, Helmut Kohl, do presidente dos EUA Ronald Reagan no Palácio de Buckingham em Londres. — Foto: AP

Ainda em 1992, o Castelo de Windsor, uma das residências da rainha, pegou fogo, sendo seriamente danificado. Dois dias depois, o então primeiro-ministro, Johan Major, anunciou que a rainha passaria a pagar impostos a partir de 1993.

Webstories

Morte de Diana

A separação de Charles e Diana ainda rendeu revelações indesejadas nos anos seguintes, colocando em oposição a rainha e Diana – esta última muito popular entre os britânicos.

Em 1996, o casal se divorciou oficialmente. Um ano depois, Diana morreu em um acidente de carro em Paris. A rainha estava na residência de verão no castelo de Balmoral, e decidiu não voltar a Londres após a notícia da morte da mãe de seus netos William e Harry, gerando críticas da mídia.

Princesa Diana — Foto: Reprodução/TV Globo

O Palácio de Buckingham também se recusou a erguer sua bandeira a meio mastro, aumentando ainda mais o descontentamento do público, que idolatrava Diana.

A rainha acabou voltando a Londres para o funeral de Diana, que foi realizado na Abadia de Westminster. Sua popularidade só melhorou após realizar um pronunciamento cinco dias após a morte – no qual expressou sua admiração por Diana e seu pesar por seus netos.

Século XXI

Príncipe Philip e a rainha Elizabeth II, em foto de 18 de novembro de 2007 — Foto: Fiona Hanson/PA via AP/Arquivo

Em 2002, a rainha comemorou seu Jubileu de Ouro, 50 anos de reinado. A festa, entretanto, foi precedida de duas grandes perdas – no mesmo ano, com um intervalo de um mês, morreram sua mãe, também Elizabeth, conhecida como Rainha Mãe, e sua irmã, Margaret, em fevereiro e março, respectivamente.

Cerca de um milhão de pessoas participaram de cada um dos três dias de comemorações públicas do jubileu em junho – uma adesão muito maior que a prevista, já que a celebração ocorreu na mesma época que a Copa do Mundo de futebol.

Também em comemoração aos 50 anos de reinado, a rainha e seu marido viajaram mais de 64 mil quilômetros em visitas ao Caribe, Austrália, Nova Zelândia e ao redor do Reino Unido, finalizando o ano do jubileu no Canadá.

Tendo passado quase toda sua vida com boa saúde, a rainha passou por cirurgias nos dois joelhos no ano seguinte, em 2003.

Conhecida por ser formal e apegada a tradições, Elizabeth II passou a demonstrar alguns sinais de melhorias nesse aspecto. Após ter se posicionado contra o relacionamento de seu filho Charles com Camilla Parker Bowles, logo após a separação de Diana – especialmente porque o relacionamento começou quando o príncipe ainda era casado –, a rainha e o príncipe Philip ofereceram uma recepção em homenagem aos dois em 2005, quando eles celebraram seu casamento.

O príncipe Charles aparece ao lado da mulher, Camilla, dos filhos, William e Harry, das noras, Kate e Meghan, e dos netos, George, Charlotte e Louis em foto divulgada na terça-feira (13), véspera de seu 70º aniversário — Foto: Chris Jackson/Clarence House

Ela também se revelou uma avó muito dedicada a seus netos William e Harry, filhos de Charles e Diana. A rainha apoiou o relacionamento e o noivado de William e de Kate Middleton e, segundo o casal, deu muito auxílio na preparação do casamento, celebrado em 2011. No mesmo ano, a rainha também participou do casamento de outra neta, Zara Philips, com Mike Tindall em Edimburgo.

Um ano antes, em 2010, Elizabeth II celebrou o nascimento de sua primeira bisneta, Savannah Philips, filha de seu neto Peter Philips.

Também em 2010, outro marco para a rainha foi sua segunda participação na Assembleia Geral das Nações Unidas, novamente como representante dos países da Commonwealth. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a definiu como “uma âncora para nossa geração”.

Jubileu de Diamante

Em Londres, a Tower Bridge recebeu iluminação nova em preparação para o Jubileu de diamante da rainha e para os Jogos Olímpicos 2012 — Foto: Sang Tan

No ano de 2012, a Rainha comemorou o jubileu de diamante, celebrando 60 anos de reinado. Para os monarquistas, a ocasião foi uma chance de expressar sua admiração por uma mulher que se tornou rainha aos 25 anos.

Apesar de ter nascido no mês de abril, seu aniversário “real” sempre foi comemorado em junho, com uma cerimônia denominada "Trooping the Colour". A data foi modificada para tirar proveito de um clima mais agradável no país. A cerimônia teve sua origem nos preparativos para a guerra, quando todas as bandeiras eram reunidas e mostradas aos soldados para que a reconhecessem na confusão dos combates.

O dia 5 de junho de 2012 foi marcado como o último dia da celebração do jubileu e teve uma missa de ação de graças na Catedral de São Paulo.

O arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, nesta sexta-feira (16) em Londres — Foto: AP

A cerimônia religiosa foi presidida pelo arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, e contou com a presença de 2 mil pessoas, incluindo membros da família real como o príncipe Charles e sua esposa Camila, além de William e Catherine, assim como o então primeiro-ministro David Cameron e outros líderes políticos.

Um desfile também marcou as comemorações dos 60 anos do reinado de Elizabeth II com uma tradição marítima do Reino Unido. Uma procissão de mil barcos de todos os estilos, épocas e tamanhos percorreu 11 quilômetros do Rio Tâmisa. Eles vieram de 53 países que fizeram parte do império britânico. No final, uma salva de tiros na ponte da Torre de Londres marcou o espetáculo e o início da noite.

Elizabeth sempre foi apaixonada por cavalos, tinha devoção pelos animais. Por conta de todo esse amor, durante o jubileu, mais de mil artistas e cavalos vindos dos cinco continentes fizeram uma apresentação para a rainha. Um espetáculo de 90 minutos reuniu 550 cavalos e 1.200 intérpretes de 17 países em um cenário formado por uma réplica de Buckingham Palace, sua residência oficial em Londres.

Também no ano de 2012, a rainha participou pela 1ª vez do conselho de ministros, uma situação propiciada pela celebração de seu jubileu de diamante. Historicamente, os monarcas presidiam o conselho de ministros, mas a última a participar de uma reunião foi a rainha Victoria, tataravó de Elizabeth II, que reinou entre 1819 e sua morte, em 1901.

Primeiro-ministro britânico, David Cameron cumprimenta a rainha Elizabeth II na porta do n º 10 de Downing Street, em Londresao chegar para participar da reunião do Conselho de Ministros. — Foto: Adrian Dennis/AFP

No Natal do ano de 2012, Elizabeth II apareceu pela primeira vez em uma imagem tridimensional, durante a transmissão de seu tradicional discurso de Natal. Desde sua ascensão ao trono, com exceção de 1969, todo dia 25 de dezembro a soberana se dirigiu ao Reino Unido e à Comunidade Britânica.

Decisões históricas

Pouco depois do jubileu, a rainha Elizabeth II e o ex-dirigente do IRA Martin McGuinness deram um histórico aperto de mãos no dia 27 de junho de 2012 em Belfast, um ato considerado como um novo marco no processo de paz na Irlanda do Norte.

O aperto de mãos entre a soberana britânica e o atual vice-ministro principal da Irlanda do Norte aconteceu a portas fechadas durante um evento cultural no teatro lírico da capital norte-irlandesa, 14 anos depois do acordo de paz da Sexta-Feira Santa que acabou com 30 anos de violência entre protestantes leais à Coroa e católicos republicanos.

Um ano antes, em maio de 2011, Elizabeth II fez uma histórica visita de reconciliação a Irlanda, a primeira de um monarca britânico desde a independência da república em 1922.

Em 2013, a monarca deu o seu consentimento real para um projeto de lei aprovado pelos legisladores abrindo caminho para os primeiros casamentos entre pessoas do mesmo sexo em 2014.

Um drone da polícia sobrevoa a região do parlamento britânico em Londres, na Inglaterra — Foto: Simon Dawson/Reuters

Outra grande mudança foi o apoio ao fim da prioridade dos homens na linha de sucessão ao trono – agora, a prioridade é do herdeiro mais velho, seja homem ou mulher. Ela também apoiou o fim da proibição do casamento de herdeiros da família real com católicos.

Em 2015, a rainha Elizabeth II se tornou a monarca com o reinado mais longevo da história britânica, superando a marca de sua tataravó, a rainha Vitória, que permaneceu no trono por 63 anos e 216 dias, entre os anos de 1837 e 1901.

No ano seguinte, a monarca britânica completou 90 anos de idade com uma série de comemorações oficiais. Também em 2016 ela se tornou a rainha viva há mais tempo no poder, com a morte do rei tailandês Bhumibol Adulyadej.

A rainha Elizabeth II posa para foto após gravar sua mensagem de Natal no Castelo de Windsor, em foto não datada divulgada na terça-feira (24) — Foto: Steve Parsons/Pool via Reuters

Em seu tradicional discurso de Natal, em 2018, a rainha fez um pedido aos súditos, em meio às discussões que levaram o país ao Brexit, o divórcio com a União Europeia, Elizabeth II pediu por "respeito e entendimento".

No mesmo ano, o príncipe Harry e a atriz norte-americana Meghan Markle casaram-se na Capela de São Jorge, no castelo de Windsor. A união gerou certo desconforto na corte e em cerca de dois anos o casal se desligou da família real e migrou para os EUA.

Entre os anos de 2020 e 2021, em meio à pandemia da Covid-19, a monarca se isolou no Castelo de Windsor, a poucos quilômetros de Londres, e passou a fazer reuniões e eventos de forma remota.

Os cuidados com a saúde da rainha foram redobrados e ela só voltou com as aparições públicas após divulgar ter recebido sua vacinação completa contra o coronavírus.

Rainha Elizabeth II se senta sozinha durante o funeral do marido, príncipe Philip, na Capela de São Jorge em 17 de abril de 2021 — Foto: Victoria Jones/Pool/Reuters

Até mesmo o funeral do marido, príncipe Philip, precisou ser reduzido por conta dos protocolos sanitários, e a rainha foi vista sentada, sozinha, dentro da igreja para sua despedida.

Após a diminuição das tensões e das medidas contra a Covid-19 a Rainha voltou a aparecer publicamente com cerimônias online e depois presencial, como foi quando inaugurou uma linha de metrô de Londres que carrega seu nome.

O mais relevante desses eventos foi a sua participação do Jubileu de Platina, evento organizado para comemorar os 70 anos da Rainha à frente da família real britânica.

No fim de outubro de 2021, Elizabeth chegou a passar a noite em um hospital para a realização de "exames preliminares" de uma doença não divulgada.

Rainha Elizabeth II em encontro com funcionários do governo britânico após susto por Covid. — Foto: Steve Parsons/Pool via REUTERS

Por conta da internação, a monarca britânica suspendeu uma viagem oficial que faria à Irlanda do Norte e seguiu recomendações médicas para descansar.

Em novembro do mesmo ano, Elizabeth cancelou sua participação na COP 26, a conferência do clima, organizada pelas Nações Unidas.

Poucos dias depois, ela deixou de ir ao cerimonial em homenagem aos soldados mortos na Primeira Guerra Mundial, no Dia da Lembrança, por conta de um problema nas costas.

Príncipe Charles na chegada ao Parlamento do Reino Unido, que pela primeira vez não teve os trabalhos oficiais abertos pela rainha Elizabeth II, em 10 de maio de 2022 — Foto: Hannah McKay/ Reuters

Neste ano, Elizabeth não participou da cerimônia de abertura do Parlamento por complicações médicas.

Na última terça-feira (6) ela não realizou a cerimônia de posse da primeira-ministra Liz Truss no palácio de Buckingham, como de costume, tendo sediado o evento em Balmoral, castelo localizado na Escócia.

A justificativa foi atribuída a problemas de locomoção.

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!