Antes de tudo, Os Miseráveis é um elogio a história, aos fatos, aos sentimentos humanos e à literatura. É, portanto, tudo aquilo que sempre ouvimos acerca dele: encantador, extenso, mas sobretudo, é uma obra àqueles que conseguem reconhecer a necessidade da humanidade, da empatia e do perdão.As obras de Victor Hugo merecem todo reconhecimento possível, de forma que a leitura é base para o leitor clássico que pretende conhecer mais da miséria humana. Dostoiévski retrata muito bem em suas obras a condição humana, sendo indiscutível sua relevância para a literatura russa e mundial, no entanto, Victor Hugo, em Os Miseráveis, consegue tão ou mais colocar de forma palpável a degradação humanaNo tocante a ambientação, a história em si se desenvolve mediante a um furto, sendo pressuposto para todo o desenrolar da trama, no qual mesmo cumprida a pena e posto em liberdade, o destino de nosso personagem-protagonista sempre estará atrelado ao seu passado, sendo por vezes assombrado pela possibilidade de ser reconhecido, não alçando, assim, a liberdade plena.As relações do protagonista Valjean trarão desenvolvimento a obra, seja sua ascensão após o passado turbulento, seja quando se encontra com Fantine, tudo isso permite a Victor Hugo tocar em assuntos tão caros a si: a religião, a revolução e ao sistema prisional tão amplamente criticado pelo autor (inclusive em outras obras), expondo em diversas passagens diálogos um tanto interessantes e humanísticos. Nos convidando a conhecer não apenas uma obra literária, mas sim, histórica, já que em diversos momentos o autor nos situa do que ocorria em tal período na França, seja nos contando do reinado de Luís Felipe, seja explicando sobre os esgotos de Paris, até mesmo a nos situar entre revolução e insurreição.Assim sendo, tendo todo reconhecimento ao qual merece, sua beleza e magnitude consegue até hoje encantar diversos leitores, de modo que fica a recomendação de uma obra essencial, sensível e humanista, cabendo ao leitor se presentear com a bela escrita de Victor Hugo, onde infelizmente temos que dar adeus a personagens incríveis, como Jean Valjean, Enjolras, Éponine e Gavroche.Quanto à estética, o Box não é resiste como a versão da antiga Cosac Naify, contudo, apresenta tradução impecável, as folhas são amareladas, possui boa diagramação, conta com apresentação e notas de rodapé, tal qual atestam as imagens.A quem tem dúvida quanto as edições, a da Penguin possui a melhor tradução, ainda que o box seja frágil e o livro seja sem orelhas.