Rei Charles III é coroado em cerimônia na Abadia de Westminster | CNN Brasil
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    Rei Charles III é coroado em cerimônia na Abadia de Westminster

    Para mais de 2.200 pessoas, celebração acontece quase 70 anos após a coroação da rainha Elizabeth II

    Douglas Portoda CNN*

    em São Paulo

    O rei Charles III foi coroado, neste sábado (6), na Abadia de Westminster, em Londres, ao lado da rainha consorte Camilla.

    O monarca assumiu o trono do Reino Unido em setembro do ano passado, após a morte de sua mãe, a rainha Elizabeth II. A coroação da monarca havia sido a última até então, há quase 70 anos, em junho de 1953.

    Mais de 2.200 pessoas participaram da celebração. De acordo com o Palácio de Buckingham, foram convidados representantes de 203 localidades pelo mundo, bem como agentes comunitários e de caridade.

    O rito é profundamente religioso. Foi celebrado pelo arcebispo da Cantuária, Justin Welby, líder da Igreja Anglicana.

    A cerimônia

    Os convidados começaram a chegar à Abadia de Westminster por volta das 3h15 (de Brasília). Atuais e antigos chefes de Estado, realezas estrangeiras e ministros britânicos se deslocaram a partir das 5h30.

    Ao mesmo tempo, Charles se dirigia ao Palácio de Buckingham. Cerca de uma hora depois, o rei e a rainha consorte se dirigiram em uma procissão para Westminster, chegando às 6h50.

    Às 7h a cerimônia começou. No início, o monarca foi apresentado aos seus súditos britânicos.

    Charles fez o juramento sobre o reinado com a mão sobre a bíblia, concebeu sua assinatura e fez uma reza.

    Por volta das 7h25, o arcebispo Justin Welby realizou uma oração especial para a ocasião.

    Momentos depois, o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, fez a leitura da Epístola aos Colossenses.

    Após a leitura do Evangelho, houve a apresentação de um coral gospel. Prosseguindo, houve o sermão de Welby.

    Foi cantada uma música nas quatro línguas oficiais do Reino Unido: inglês, escocês, galês e irlandês.

    O momento sagrado da coroação aconteceu às 7h45, com a unção do óleo sagrado. Ele é feito de especiarias, sendo consagrado em Jerusalém.

    O momento não foi mostrado. Um biombo de três lados foi providenciado para garantir “privacidade absoluta” nessa parte da cerimônia.

    O rei recebeu os símbolos da monarquia, como a espada e braceletes. Um dos paramentos foi colocado pelo príncipe de Gales, William, seu filho. Com isso, ele foi adornado com o manto imperial e pegou a esfera do soberano, conhecida como “orbe”.

    Em seguida, esteve com o anel, vestiu a luva na mão direita, pegou o cetro real e foi abençoado.

    Por fim, Charles foi coroado com a coroa de Santo Eduardo. É a única vez que ele usará o objeto, que é reservado para a coroação de um novo monarca.

    Na ocasião, o arcebispo clamou: “Rei dos reis e senhor dos senhores, abençoe. Nós te imploramos, esta coroa, e assim santifique teu servo Charles, sobre cuja cabeça hoje a colocas como um sinal de majestade real, para que ele seja coroado com teu gracioso favor e cheio de graça abundante e todas as virtudes principescas, através daquele que vive e reina supremo sobre todas as coisas, um só Deus, mundo sem fim. Amém.” E todos entoaram: “Deus salve o rei”.

    Na solenidade, o rei recebeu uma homenagem do príncipe William: “Eu William, príncipe de Gales, juro minha lealdade ao senhor e fé e verdade lhe trarei, como seu vassalo em vida e em braços, que Deus me ajude.”

    Camilla foi coroada em seguida. Como seu marido, ela foi ungida com óleo sagrado pelo arcebispo, mas sem um biombo, o que demonstra a natureza diferente de ungir um consorte em comparação com um soberano reinante.

    O guardião da Casa das Joias, então, apresenta o anel do consorte, que simboliza promessa e compromisso, “casando-a” com o rei, com Deus e seu povo.

    Ela recebeu a coroa da rainha Mary, de 1911 — marcando a primeira vez na história recente que um novo adorno não foi feito especificamente para esta ocasião — e presenteada com o cetro real.

    O significado das roupas

    Colobium Sindonis

    Após a unção com os santos óleos, o rei é embrulhado numa túnica de linho branco, semelhante a uma camisola, com uma gola lisa, fechada com um único botão, que pretende representar a batina dos sacerdotes.

    O Colobium Sindonis usado por Charles III foi confecionado pela Ede & Ravenscroft para a coroação do seu avô, o rei George VI, que aconteceu em maio de 1937.

    Supertúnica

    Tem a forma de um casaco dourado com mangas compridas e é usada por baixo do Manto Imperial.

    É vestida depois da unção e é presa com o cinto da espada da coroação. Fabricada em 1911 (por Wilkinson and Son, Robe-makers and Tailors) para a coroação do rei George V, a veste foi usada pelo rei George VI e pela rainha Elizabeth II e a sua forma assemelha-se à das coroações medievais.

    Cinto da espada da coroação

    Feito de tecido de ouro e bordada a fio de ouro com arabescos e volutas, o cinto da espada da coroação é forrado de seda vermelho-escura, com uma fivela de ouro estampada com emblemas nacionais (rosas, cardos e trevos) e uma presilha de ouro.

    Durante a coroação, é colocado à volta da supertúnica. Apesar da tradição dizer que, a cada coroação, a Worshipful Company of Girdlers fornece um novo cinto ao soberano, Charles III optou por usar o cinto feito para a coroação do avô.

    Para a sua utilização no dia da coroação, 6 de maio, o cinto foi alvo de trabalhos de conservação pela Royal School of Needlework. O cinto vai carregar a espada que deve ser usada pelo monarca “para a proteção do bem e o castigo do mal”.

    Luva da coroação

    A luva da coroação é feita para a mão direita do rei e, mais uma vez, Charles III usou uma peça do avô que foi fabricada pelos fabricantes Dents e bordada por Edward Stillwell & Company em 1937.

    “A luva foi conservada pela Dents com o apoio da Worshipful Company of Glovers” e é usada para segurar o ceptro do soberano durante a coroação, sendo retirada antes do monarca subir à cadeira do trono.

    Feita de couro branco, o “pulso é bordado com fio de metal dourado, arame e lantejoulas com emblemas nacionais, incluindo a rosa Tudor, o cardo, o trevo, as folhas de carvalho e as bolotas.

    A palma da mão apresenta uma coroa ducal bordada em veludo vermelho sobre o brasão da família dos Duques de Newcastle. O pulso é forrado com cetim vermelho”.

    Manto de Estado do rei (usado na chegada)

    Usado por Charles III na chegada à Abadia de Westminster. Foi usado pelo rei George VI na coroação, em 1937, e durante a preparação para a cerimónia da Coroação, o veludo foi recuperado pela Escola Real de Bordados e o forro e as rendas douradas foram recuperados pelos alfaiates da Ede e Ravenscroft.

    Manto de Estado da rainha (usado na chegada)

    Usado por Camilla para a chegada à Abadia de Westminster. Foi mandado fazer para a coroação da rainha Elizabeth II em 1953 e é feito de veludo carmesim.

    Para ser utilizado no próximo sábado, foi recuperado e ajustado pelos alfaiates da Ede e Ravenscroft.

    Manto real de sua majestade (usado na saída)

    O manto do rei é feito de veludo de seda púrpura bordado a ouro e foi usado pelo Rei George VI em 1937. Os fabricantes de robes de Ede e Ravenscroft conservaram e prepararam o robe antes da Coroação.

    Manto real da rainha (usado na saída)

    É a única peça nova desta lista e foi feito pelos alfaiates da Ede e Ravenscroft, tendo sido concebido e bordado à mão pela Escola Real de Bordados (Royal School of Needlework), instituição da qual a rainha consorte é patrono desde 2017.

    O desenho do manto da coroação de Camilla “baseia-se nos temas da natureza e do ambiente, apresentando os emblemas nacionais do Reino Unido, bem como prestando homenagem ao rei.

    O manto usa um veludo púrpura, escolhido para combinar com o manto do rei, e foi bordado pela Royal School of Needlework usando a técnica Goldwork, com o design a incorporar também o monograma do rei”.

    Manto imperial

    Veste mais antiga usada por Charles III na coroação. Usado por cima da supertúnica, o Manto Imperial tem um design mais semelhante a uma túnica e é feito de tecido de ouro, fios de ouro, prata e seda, seda, franja de ouro e um fecho de ouro em forma de águia e a forma da Ampulla que conterá o óleo do Crisma.

    Foi confeccionado pelo alfaiate John Meyer em 1821, e a ourivesaria real de George IV, Rundell, Bridge and Rundell, fez o fecho da águia em ouro, e utilizado na coroação de rei George IV em 1821, do rei George V, do rei George VI e da rainha Elizabeth II.

    Preço da cerimônia

    Conforme a imprensa britânica, o comitê da Operação Golden Orb, que planejou a cerimônia, estimou um custo de 100 milhões de libras (aproximadamente R$ 630 milhões na cotação atual). No entanto, oficialmente, ainda não foi confirmado nenhum valor.

    Há 70 anos, a cerimônia para a coroação de Elizabeth II teria custado cerca de 1,57 milhão de libras, o que, em preços atuais, equivale a 46 milhões de libras (aproximadamente R$ 290 milhões na cotação atual).

    As celebrações deste sábado custam mais do dobro, apesar dos aparentes esforços para conter custos, como o número de convidado ser 25% do total de presentes em 1953.

    De acordo com a imprensa britânica, o governo enfrenta uma elevada pressão devido à atual crise de aumento do custo de vida que a população enfrenta, mas o executivo também pretende utilizar a cerimônia para se mostrar ao mundo.

    Em declarações à CNN Portugal, o antigo embaixador José de Bouza Serrano lembra que, apesar da controvérsia e dos gastos com a coroação, a economia inglesa também vai ser beneficiada com a festa, graças ao merchandising e ao turismo. Muitos hotéis estão com a lotação esgotada para o fim de semana de celebrações.

    “Há gente que vem de fora e da própria Inglaterra, o que gera dinheiro na economia de Londres e na economia inglesa. Vão fazer uma fortuna só com o merchandising dos produtos com o rei e com a rainha“, garante Serrano.

    (*Com informações da CNN)