Veja a trajetória de Jacob Zuma, da luta anti-Apartheid aos escândalos de corrupção | Mundo | G1

Por G1


Jacob Zuma fala ao Parlamento em 7 de fevereiro — Foto: Sumaya Hisham/Reuters

Alvo de mais de 800 acusações por corrupção relativa a contratos de armas do final dos anos 1990 e investigado por supostamente ter usado o Estado para favorecer empresários vinculados com concessões públicas milionárias, Jacob Zuma acatou o ultimato de seu próprio partido, o Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês) e renunciou à presidência sul-africana.

Figura importante da luta anti-Apartheid nos anos 60, 70 e 80, Zuma ficou preso por 10 anos e ficou mais 15 anos no exílio antes de dar voltar ao seu país para empreender carreira política.

Veja abaixo a trajetória do ex-presidente, de sua adesão ao braço armado do ANC à renúncia forçada como presidente.

Jacob Zuma discursa em congresso do ANC — Foto: hemba Hadebe/ AP Photo

Jacob Gedleyihlekisa Zuma

Nascimento: 12 de abril de 1942 (75 anos)

Local: Nkandla, província de KwaZulu-Natal

Pai: Gcinamazwi Zuma, policial

Mãe: Nobhekisisa Bessie, trabalhadora doméstica

Casamentos: Bongi Ngema (desde 2012); Thobeka Stacy Mabhija (desde 2010); Nompumelelo Ntuli (desde 2008); Nkosazana Clarice Dlamini (1982-1998, divorciada); Kate Mantsho Zuma (de 1976 a 2000, quando morreu); Gertrude Sizakele Khumalo Zuma (desde 1973)

Filhos: afirma que tem mais de 20

Trajetória:

  • 1958 – Filia-se ao ANC, aos 17 anos.
  • 1962 – Torna-se membro do Umkhonto we Sizwe (Lança da Nação), braço armado do ANC.
  • 1963 – Ao tentar sair do país, é preso com outros 45 novos recrutas do Umkhonto we Sizwe. Acusado de tentar derrubar o governo do Apartheid, é condenado a 10 anos de prisão, servidos em Robben Island, juntamente com Nelson Mandela.
  • 1973-1975: após sua libertação, Zuma começa a ajudar a mobilizar resistência interna. Ele é fundamental no restabelecimento das estruturas do ANC na província de Natal (atualmente KwaZulu-Natal).
  • 1975 - Foge da África do Sul e fica no exílio durante 15 anos na Suazilândia, Moçambique, Zâmbia, entre outros países africanos, enquanto continua seu trabalho com o ANC.
  • Fevereiro de 1990 - O presidente Frederik de Klerk retira a proibição do ANC e de outros grupos de oposição. Zuma retorna à África do Sul. No primeiro Congresso Regional do ANC na província de KwaZulu-Natal, Zuma é eleito presidente da região Sul do Natal e assume papel de liderança na luta contra a violência, o que resulta em acordos de paz entre o ANC e o Inkatha Freedom Party.

Jacob Zuma (de paletó xadrez) caminha com Nelson Mandela no centro de Joanesburgo, em julho de 1997 — Foto: Reuters/Juda Ngwenya

  • Dezembro de 1994 - É eleito presidente nacional do ANC.
  • 1999-2005 – Vice-presidente da África do Sul.
  • 2 de junho de 2005 – Tribunal considera o empresário Schabir Shaik culpado de subornar Zuma entre 1995 e 2002.
  • 14 de junho de 2005 - O presidente Thabo Mbeki critica Zuma sobre suposto envolvimento no escândalo de suborno de Shaik.
  • 6 de dezembro de 2005 – Zuma é acusado de estuprar a filha de um amigo da família. Ele afirma que foi sexo consensual e é absolvido em maio de 2006. A mulher tinha HIV e, durante o processo, Zuma afirmou que após a relação sexual, tomou um banho de chuveiro para "minimizar o risco de contrair a doença".
  • 5 de setembro de 2006 - É levado a julgamento e acusado de corrupção por supostamente aceitar subornos da empresa francesa de armas Thint Holdings. As acusações acabam rejeitadas pelo tribunal.
  • 28 de dezembro de 2007 - Aparecem novas acusações de corrupção contra Zuma, juntamente com acusações de agressões e lavagem de dinheiro.
  • 12 de setembro de 2008 - As acusações de corrupção contra Zuma são rejeitadas pelo tribunal pela 2ª vez, desta vez por motivos processuais.
  • 12 de janeiro de 2009 - O Supremo Tribunal de Recurso revoga a decisão do tribunal de primeira instância que descartou acusações de corrupção contra Zuma, afirmando que a decisão estava repleta de erros. Com isso, a Autoridade Nacional de Processo pode fazer novas acusações contra a Zuma.

Jacob Zuma e sua noiva Bongi Ngema durante a cerimônia do seu sexto casamento, em 2012 — Foto: Reuters

  • 6 de abril de 2009 - O procurador-chefe da África do Sul, Mokotedi Mpshe, anuncia que as acusações contra Zuma serão canceladas depois que grampos telefônicos mostraram que havia interferência política na investigação e que "não era possível, nem desejável" processá-lo.
  • 26 de abril de 2009 - O ANC ganha a maioria dos votos nas eleições sul-africanas, garantindo que Zuma seja o próximo presidente do país.
  • 9 de maio de 2009 – Assume como presidente da África do Sul.
  • Fevereiro de 2010 - Zuma admite ser pai de uma criança fora do casamento com a filha do chefe do comitê organizador da Copa do Mundo da África do Sul.
  • 20 de março de 2012 - O Supremo Tribunal de Recurso determina que a Aliança Democrática (um partido de oposição) pode contestar a decisão de um tribunal anterior de descartar acusações de corrupção contra Zuma.
  • 7 de maio de 2014 - Zuma consegue novo mandato como presidente, com o ANC conquistando a maioria dos votos.
  • 31 de março de 2016 - O Tribunal Constitucional da África do Sul determina que Zuma desafiou a constituição quando usou 246 milhões de rand (US$ 15 milhões) em recursos públicos para renovar sua casa privada. O tribunal diz que Zuma deve devolver o dinheiro não relacionado à segurança da propriedade.

Zuma ao lado de Mandela, em 2013, pouco antes de sua morte — Foto: SABC/AFP

  • 29 de abril de 2016 - Tribunal determina que os promotores agiram "irracionalmente" quando decidiram derrubar mais de 700 acusações de corrupção e fraude contra Zuma em 2009. O tribunal diz que a decisão deve ser anulada e revisada. Cabe aos promotores decidir se renovam as acusações.
  • 2 de novembro de 2016 - Relatório "Estado de Captura", de 355 páginas, contendo alegações de corrupção contra Zuma, é publicado. Nele há evidências e acusações de compadrio, negócios comerciais questionáveis e compromissos ministeriais e outras possíveis situações de corrupção em grande escala no governo. Zuma nega as irregularidades.
  • 10 de novembro de 2016 - Zuma evita um voto de falta de confiança no Parlamento, com 214 votos contra, 126 a favor e 58 abstenções. É a terceira vez que Zuma enfrenta esse voto em menos de um ano.
  • 29 de novembro de 2016 - Membros do ANC dizem que Zuma não vai renunciar, apesar dos pedidos de alguns correligionários para que se demita.
  • 8 de agosto de 2017 - Uma moção de falta de confiança contra Zuma é derrotada por 198 votos contra 177 no Parlamento. Embora a votação seja por voto secreto, a oposição não é capaz de persuadir membros suficientes do ANC para se posicionarem contra Zuma.
  • 13 de fevereiro de 2018 - após deliberação interna, o ANC exige a renúncia de Zuma, sem, contudo, definir uma data para o cumprimento desta decisão.

As informações são de CNN, BBC e "Mail & Guardian".

Jacob Zuma acena ao público em 2013 — Foto: Siphiwe Sibeko/Reuters

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