Quem é Satya Nadella, CEO da Microsoft que levou empresa ao posto de mais valiosa do mundo

Desde muito jovem, Nadella queria ser jogador profissional de críquete. No entanto, ele percebeu que seu talento atlético era superado por sua paixão pela ciência e pela tecnologia.

​Nadella formou-se em engenharia elétrica pelo Manipal Institute of Technology em 1988. A instituição não tinha um programa abrangente de ciência da computação, então ele viajou para os Estados Unidos para estudar na Universidade de Wisconsin-Milwaukee e se formou em 1990. Depois, fez um MBA pela Universidade de Chicago.

Nadella permaneceu nos Estados Unidos e conseguiu um emprego na equipe de tecnologia da Sun Microsystems, então uma das empresas de tecnologia mais inovadoras.

Em 1992, Nadella ingressou na Microsoft. À época, o cofundador Bill Gates ainda era CEO, e o Windows dava seus primeiros passos.

"Lembro-me claramente de ter entrado no prédio 22 da Microsoft em 1992 pensando que esse era o melhor emprego que tenho no mundo e que não preciso de mais nada", disse ele em entrevista ao CEO do LinkedIn, Ryan Roslansky.

Os primeiros projetos de Nadella incluíram um produto de TV interativa e o sistema operacional Windows NT. Nadella também ajudou a lançar o Visual Basic da Microsoft, por volta de 1993.

Durante seus primeiros anos na Microsoft, Nadella impressionou seus colegas de trabalho e gerentes ao viajar todo fim de semana do campus da Microsoft, em Redmond, Washington, para Chicago, a fim de concluir seu MBA. Ele se formou em 1997.

Sua curiosidade e paixão pela inovação logo o levaram a crescer na Microsoft. Em 1999, Nadella conseguiu seu primeiro cargo executivo como vice-presidente do recém-criado Microsoft bCentral, um conjunto de serviços web para pequenas empresas que incluía hospedagem de sites e e-mail.

Logo no ano seguinte, em 2000, Steve Ballmer assumiu como CEO da companhia.

Um ano depois, Nadella foi promovido a vice-presidente corporativo da Microsoft Business Solutions. O grupo foi formado por meio de uma série de aquisições, incluindo a Great Plains, que fabricava software de contabilidade para pequenas e médias empresas.

A equipe também estava construindo um sistema de CRM baseado em nuvem para competir com o Salesforce. Eventualmente, todos esses produtos seriam rebatizados como “Dynamics”.

Em 2007, Nadella subiu mais um degrau na hierarquia. Ele foi nomeado vice-presidente sênior do Microsoft Online Services, o que o colocou no comando do mecanismo de busca Bing, bem como das primeiras versões online do Microsoft Office e do serviço de jogos Xbox Live.

​Em fevereiro de 2011, Nadella foi promovido a presidente da divisão de Servidores e Ferramentas. Abrangeu produtos lucrativos para data centers como Windows Server e bancos de dados SQL Server.

Quando Nadella assumiu o negócio de servidores e ferramentas, gerou receitas de US$ 16,6 bilhões, segundo o Business Insider. Em 2013, isso representava US$ 20,3 bilhões.

À época, a Microsoft enfrentava problemas. No segmento de PCs, o Windows 8 não foi exatamente um sucesso. Além disso, o iPhone e o Android estavam ultrapassando os telefones Windows com folga, e o Bing simplesmente não conseguia diminuir o domínio de busca do Google.

A empresa enfrentava um processo antitruste da União Europeia e o preço das ações continuava a cair.

Em agosto de 2013, Steve Ballmer anunciou sua saída, desencadeando uma busca por um novo CEO.

Em fevereiro de 2014, após muitos rumores e especulações, Nadella foi anunciado como CEO, com o apoio de Steve Ballmer e Bill Gates. Nadella recebeu um pacote de remuneração de US$ 84 milhões no primeiro ano, segundo o Business Insider.

Nadella rapidamente conquistou os funcionários fazendo grandes mudanças, em um esforço para endireitar a situação e reconquistar clientes.

Ele enviou um e-mail para toda a empresa quando assumiu, pedindo à Microsoft que "priorize a inovação centrada em nosso valor central de capacitar usuários e organizações".

Ele encerrou a mensagem com uma citação de Oscar Wilde: "Precisamos acreditar no impossível e eliminar o improvável".

Nadella provou que não tinha medo de revigorar a empresa ao abraçar parcerias com rivais como Apple, Google e Amazon. Ele começou adotando o sistema operacional rival Linux para a nuvem Azure – uma medida antes impensável.

Nadella supervisionou o lançamento do Microsoft Office para o iPad da Apple, gastou US$ 2,5 bilhões comprando a Mojang (estúdio por trás do jogo de sucesso Minecraft) e lançou aplicativos de primeira classe para iPhone e Android, incluindo Outlook.

A inovação também levou ao desenvolvimento do HoloLens, os óculos holográficos superfuturistas da Microsoft, e de seu primeiro laptop, o Surface Book.

Quando algo não funcionava, ele não tinha medo de abandonar projetos, como pular o Windows 9 para ir direto para o Windows 10 superior.

A abordagem de Nadella foi considerada uma espécie de reforma na cultura da empresa. Muitos trabalhadores gostam de seu estilo de liderança, que enfatiza o aprendizado e o cometimento de erros como uma proteção contra o excesso de confiança e a arrogância.

"Não importa se você é um alto executivo ou um vendedor de primeira linha – ele tem exatamente a mesma qualidade de escuta", disse o vice-presidente executivo da Microsoft, Jean-Philippe Courtois.

Nadella, 56 anos, e sua esposa, Anu, têm três filhos e moram em Bellevue, Lago Washington.

O filho mais velho, Zain, nasceu com paralisia cerebral grave e necessitou de cuidados especializados. Ele morreu em 2022, aos 26 anos.

"Tornar-me pai de um filho com necessidades especiais foi o ponto de virada na minha vida que moldou quem sou hoje", escreveu Nadella num ensaio de 2017 no LinkedIn.

Ele chamou Zain de "a alegria de nossa família, cuja força e carinho me inspiram e me motivam a continuar ampliando os limites do que a tecnologia pode fazer".

Nadella disse que a experiência o encorajou a liderar com empatia, dizendo que "isso teve um impacto profundo em como penso, lidero e me relaciono com as pessoas".

​O executivo acorda às 7h e começa o dia pensando em uma coisa pela qual é grato, segundo ele mesmo disse ao site Balance the Grind. Ele então faz 15 minutos de alongamento e 30 minutos de corrida, não importa onde esteja ou quão pouco tenha dormido.

Ele sai do trabalho no escritório por volta das 17h e passa o resto do dia com sua família. Nadella também incentiva os empregados a não responderem e-mails nos finais de semana.

"Quero estar envolvido em conversas e fazer um trabalho profundo, em vez de agendar demais e adicionar mais carga para me sentir produtivo", disse ele ao Men’s Journal.

Em 2022, Nadella recebeu US$ 48,5 milhões, sendo US$ 2,5 milhões de salário e quase US$ 40 milhões em ações da Microsoft.

Sob Nadella, a Microsoft fez algumas de suas maiores aquisições, incluindo a compra do LinkedIn por US$ 26 bilhões em 2016, a aquisição do site de compartilhamento de código GitHub por US$ 7,5 bilhões em 2018 e o acordo de US$ 69 bilhões com a editora de videogames Activision Blizzard em 2023.

Nadella disse que tem dois critérios principais ao considerar aquisições: qual valor a Microsoft pode agregar e quanto sentido financeiro isso faz.

O maior movimento de Nadella nos últimos anos foi investir US$ 10 bilhões na OpenAI – dando à Microsoft uma participação de 49% na desenvolvedora do ChatGPT.

Aos olhos dos investidores, a Microsoft está agora bem posicionada para continuar o seu domínio na revolução da IA.

A Microsoft também está deixando sua própria marca com um “companheiro de IA” generativo chamado Copilot para ser integrado ao seu conjunto de aplicativos. É uma aposta num futuro em que cada pessoa e organização terá o seu próprio agente pessoal de IA.

Os jogos são o outro foco da empresa. Um vazamento em setembro revelou que a empresa espera construir uma plataforma híbrida de jogos em nuvem.

A Vodafone e a Microsoft também anunciaram recentemente uma parceria de US$ 1,5 bilhões com a duração de 10 anos para levar a geração de serviços de IA, digitais e em nuvem aos mercados europeus e africanos.

De 2014 a 2015, no primeiro ano de Nadella como CEO, as ações da Microsoft subiram 14%. Na última década, aumentaram 1.006%.