Dezenas de nomes ligados a Jeffrey Epstein, empresário norte-americano acusado de tráfico de pessoas para abusos sexuais, foram revelados esta semana por um tribunal dos Estados Unidos. O príncipe André, o antigo Presidente dos EUA Bill Clinton, Michael Jackson e um agente de modelos francês estão entre as pessoas referidas, adianta a agência de notícias The Associated Press. Espera-se que, nos próximos dias, novos nomes sejam tornados públicos.
Quase mil páginas de documentos judiciais. Entre elas, nomes de amigos próximos, vítimas, parceiros de negócios, celebridades.
Apesar de a maioria dos nomes que constam nos registos divulgados no dia 4 de janeiro já serem conhecidos, os documentos dão a conhecer novos de detalhes sobre os abusos sexuais e como o bilionário aproveitou as "poderosas" ligações para recrutar vítimas e encobrir os crimes.
Não se sabe quando, nem quantos, mas nos próximos dias devem ser revelados novos nomes.
Para já, o que se sabe sobre o caso e os documentos? Eis um explicador.
Quem é Jeffrey Epstein? O que está em causa?
Acusado de tráfico de pessoas para abusos sexuais, Jeffrey Epstein suicidou-se na prisão, em 2019, enquanto aguardava julgamento. Mas antes disso, construiu uma grande "rede" de influências (e não só).
O bilionário norte-americano era conhecido por se associar a políticos, celebridades, académicos e bilionários.
Em 2006, foi preso por pagar a uma menor para fazer sexo, em Palm Beach, na Flórida. Depois disso, surgiram dezenas de denuncias de outras menores que descreveram abusos sexuais semelhantes.
Na altura, o empresário acabou por cumprir apenas 13 meses de prisão.
Durante mais de uma década continuou a relacionar-se com estelas e pessoas com "poderio económico".
Em 2019, acusado de tráfico sexual, suicidou-se na prisão enquanto aguardava julgamento.
Documentos revelados
Os documentos - alguns revelados parcialmente, outros na totalidade - fazem parte de um processo de difamação iniciado por Virginia Giuffre, uma das dezenas de mulheres que processaram Epstein, contra Ghislaine Maxwell, ex-namorada de Epstein.
De acordo com a The Associated Press, os registos citam dezenas de pessoas ligadas a Jeffrey Epstein: vítimas, amigos, parceiros de negócios, figuras públicas e até pessoas que o investigaram, como um jornalista e um detetive.
Nem todos os nomes que divulgados se referem a crimes ou alegações importantes sobre o caso.
Príncipe André
Os documentos incluem um testemunho de Johanna Sjoberg, que descreve um encontro com o príncipe André em casa de Epstein. De acordo com a alegada vítima, o membro da família real britânica terá tocado no seu peito sem o seu consentimento.
O Duque de York foi afastado das funções de membro da família real e banido do Palácio, depois de ter sido envolvido no escândalo sexual de menores.
Bill Clinton
O nome do antigo Presidente dos Estados Unidos Bill Clinton aparece mais de 70 vezes nos documentos. No entanto, não há indícios de crime.
Johanna Sjoberg revelou que Epstein lhe disse que Clinton "gosta delas jovens". O empresário e o ex-Presidente trabalharam juntos em vários projetos humanitários.
Já Virginia Giuffre não acusou Clinton, mas identificou-o como uma "peça-chave".
Donald Trump
Donald Trump, também ex-Presidente dos Estados Unidos, é mencionado nos registos, que incluem um depoimento sobre um voo desviado de Epstein.
Bill Richardson
A BBC refere um dos nomes apontados foi o de Bill Richardson. Giuffre terá dito no seu depoimento que foi forçada a fazer sexo com pessoas proeminentes, como o ex-governador do Novo México Bill Richardson. Antes de morrer, o responsável negou conhecer Giuffre.
Michael Jackson
Também não são apontadas ilegalidades, mas uma das testemunhas revelou que conheceu o cantor através de Epstein.
Thomas Pritzker
O bilionário Thomas Pritzker terá sido uma das pessoas com quem Virginia Roberts Giuffre foi forçada a ter sexo.
Jean-Luc Brunel
O agente de modelos francês é também referido nos documentos, de acordo com a BBC. Giuffre acusou-o de abuso sexual.
Acusado de ter violado menores, aguardava julgamento quando se suicidou numa prisão de Paris, em 2022.