Suor, drama e muito talento: saiba quem é Charles Leclerc, o novo piloto da Ferrari | fórmula 1 | ge

Por GloboEsporte.com — São Paulo, SP

Octane/Action Plus via Getty Images

De tempos em tempos, o mundo dos esportes é agraciado com jovens talentos que surgem cercados de imensa expectativa. Foi assim com Neymar no futebol, também com Lewis Hamilton na Fórmula 1. Não é diferente com Charles Leclerc, anunciado nesta terça-feira como o novo piloto da Ferrari para 2019. Formado pela Academia de jovens pilotos da escuderia italiana, o monegasco é o primeiro oriundo do projeto a alcançar uma vaga como piloto principal do time de Maranello. Mas a história de Leclerc não começa com a Ferrari...

Bianchi: o mentor

Não há como falar de Charles Leclerc sem citar Jules Bianchi. Morto no ano de 2015, em decorrência de grave acidente sofrido no GP do Japão do ano anterior, o piloto francês era amigo de infância de Leclerc em Mônaco. O novo contratado da Ferrari, inclusive, acelerou um kart pela primeira vez justamente na pista do kartódromo administrado pelo pai de Bianchi na França.

Charles Leclerc e Jules Bianchi em Hungaroring — Foto: Reprodução

Jules também era membro da Academia de jovens pilotos da Ferrari. Caso não tivesse falecido precocemente, muito provavelmente teria sido ele o primeiro vindo do programa a assumir um cockpit na escuderia italiana. Leclerc faz sempre questão de ressaltar o papel fundamental de Bianchi no apoio para que sua carreira conseguisse decolar.

- Ele era meu padrinho e me ajudou com a maioria das coisas em corrida. Obviamente agora é difícil sem ele, porque ele sempre me ajudou. Sinto falta da ajuda dele. Ele me aconselhou muito bem no passado, e tudo o que me falou eu mantenho na minha mente e tento não cometer novamente os erros que ele me disse para não cometer - afirmou sobre o amigo.

Rivalidade com Verstappen

Após múltiplos títulos no kart, além de um vice-campeonato mundial em 2013, quando perdeu o título para Max Verstappen, Leclerc fez o salto para os monopostos no ano seguinte. O campeonato escolhido foi a Fórmula 2 Renault 2.0 Alps, onde ele conquistou sete pódios, incluindo duas vitórias na etapa da Itália, em Monza. O resultado final? Um vice-campeonato logo na estreia correndo com os fórmulas.

Rivalidade com Verstappen vem desde os tempos do kart — Foto: Photo CIK/KSP

- Honestamente, foi bastante tenso durante os nossos anos de kart. Dizemos "oi" um ao outro no paddock agora, mas não somos os melhores amigos do mundo. Mas a agressividade de Verstappen mostrada na Fórmula 1 é mais ou menos a mesma que ele tinha no kart, o que também faz dele um piloto especial - comentou Charles sobre a rivalidade com Verstappen.

O ano de 2015 foi de Fórmula 3 Europeia. Somando quatro vitórias, ele fechou a temporada na quarta colocação do campeonato, vencido pelo sueco Felix Rosenqvist. No mesmo ano, Leclerc mostrou muita destreza ao terminar em segundo lugar no tradicional GP de Macau. Nas apertadas ruas chinesas, o monegasco foi superado novamente por Rosenqvist, perdendo a vitória por meros 0s5.

Títulos na GP3 e Fórmula 2: a afirmação

Depois de um bom ano na Fórmula 3 Europeia, Leclerc decidiu dar mais uma passo à frente rumo ao sonho de ingressar na Fórmula 1. Assessorado por Nicolas Todt, filho do presidente da FIA Jean Todt, o monegasco conseguiu uma vaga na ART Grand Prix, melhor equipe do campeonato. Em 18 provas, foram três vitórias, quatro pole positions e o primeiro título nos monopostos. O mundo do automobilismo voltava os olhos para Charles.

Título da GP3 veio em Abu Dhabi — Foto: Divulgação/GP3

Campeão da GP3, Leclerc assinou com a italiana Prema Racing para tentar a conquista do principal campeonato de acesso à Fórmula 1. E foi uma lavada. Sete vitórias e 72 pontos de vantagem para Artem Markelov, o vice-campeão, colocaram Charles no radar das principais equipes do Mundial. Uma vitória, em especial, marcou o título de piloto prodígio da Ferrari. Em Baku, ele homenageou o pai, recém falecido, com pole e vitória na corrida 1 do final de semana.

- Se eu estou aqui hoje na Fórmula 2, é graças a ele. Ele me colocou no kart e, até três dias atrás, ele estava lá para me ajudar e me dar todas as pequenas dicas, especialmente em Mônaco - disse após fazer a pole position.

Triunfo especial em Baku — Foto: Divulgação/F2

Enfim, a Fórmula 1

No final de 2017, veio confirmação: Charles Leclerc estrearia na Fórmula 1 em 2018 pela equipe Alfa Romeo Sauber. Era a chance que o monegasco tanto esperava, e ele não decepcionou. Até então, com 14 provas disputas, o piloto do carro #16 branco e vermelho chegou entre os dez primeiros em cinco oportunidades. O melhor resultado aconteceu, não por acaso, na mesma Baku, onde ele vencera pela Fórmula 2 no ano anterior. Um sexto lugar de encher os olhos da Ferrari...

Sexto lugar em Baku impressionou a cúpula da Ferrari — Foto: Getty Images

- Foi uma corrida incrível hoje, estou muito feliz com o meu resultado. Foi definitivamente agitado, com muitos incidentes na pista. Isso tornou pilotar especialmente difícil e divertido. Senti-me confortável no carro e fiz o meu melhor para avançar para a frente do pelotão intermediário durante a corrida. É uma sensação incrível marcar pontos pela primeira vez na Fórmula 1. Como equipe, podemos ver nosso potencial e saber quais são nossos pontos fortes. Estou muito satisfeito e estou ansioso para continuar neste caminho positivo - disse, já de olho no primeiro pódio na categoria.

O sonho vermelho

Os ótimos resultados com o fraco carro da Sauber atiçaram a direção da Ferrari para subir Leclerc ao time principal já em 2019. Mesmo com a franca evolução de Kimi Raikkonen, que marcou a pole para o GP da Itália e é o terceiro no campeonato, a escuderia italiana resolveu honrar o compromisso firmado pelo ex-presidente Segio Marchionne, falecido em julho. Nesta terça-feira, oficializou-se o sonho do menino de Mônaco.

Leclerc em teste na Hungria com o carro de 2017 — Foto: Octane/Action Plus via Getty Images

- Eternamente grato a Scuderia Ferrari pela oportunidade dada. A Nicolas Todt (empresário) por me apoiar desde 2011. Para minha família. Para uma pessoa que não faz mais parte deste mundo, mas a quem eu devo tudo o que está acontecendo comigo, papai. Para Jules, obrigada por todas as coisas que você me ensinou, nunca nos esqueceremos de você. E para todas as pessoas que me apoiaram e acreditaram em mim. Vou trabalhar mais do que nunca para não decepcionar vocês. Mas primeiro, há uma temporada para terminar com uma equipe incrível que me deu a oportunidade de lutar e mostrar meu potencial - comentou nas redes sociais.

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