Jardim Cinema: Gary Winick - “Cartas Para Julieta” / “Letters To Juliet”

segunda-feira, 20 de maio de 2024

Gary Winick - “Cartas Para Julieta” / “Letters To Juliet”


Gary Winick
“Cartas Para Julieta” / “Letters To Juliet”
(EUA – 2010) – (105 min. / Cor)
Amanda Seyfried, Christopher Egan, Vanessa Redgrave,
Gael Garcia Bernal, Franco Nero, Oliver Platt, Fabio Testi.

Gary Winick ao longo da sua carreira tem conseguido fazer filmes para produzir saltos qualitativos nas carreiras de jovens actrizes, aqui a protagonista é Amanda Seyfried (que se revelou ao mundo em “Mamma Mia”), da mesma forma que na sua película anterior “Noivas em Guerra” / “Bride Wars”, se tratava de Anne Hathaway e Kate Hudson.


Sophie (Amanda Seyfried) trabalha na prestigiada “New Yorker” (não fizeram a coisa por menos) confirmando a veracidade dos factos, para os famosos artigos desta revista incontornável no panorama das letras norte-americana, para não terem mais tarde de fazer os conhecidos desmentidos, encontrando-se ela em vésperas de realizar uma viagem até Verona, numa pré-lua-de-mel com o seu amado Victor (Gael Garcia Bernal), que se encontra a trabalhar na abertura do seu restaurante, nessa grande metrópole que é New York, ao mesmo tempo que iremos conhecer a sua paixão pela comida italiana. Convém aqui referir que Gael Garcia Bernal, em todas as sequências em que participa, rouba as cenas a Amanda Seyfried, revelando-nos todo o seu talento, por muito reduzida que seja a sua intervenção na película.


Verona esse território eleito por Shakespeare para nos narrar os amores de Romeu e Julieta, continua a arrastar multidões de mulheres, que se deslocam até à casa onde “moraram” os mais célebres amantes da história, para ali depositarem no muro as suas cartes de amor, repletas de ilusões, sonhos e esperanças perdidas. De imediato Sophie (Amanda Seyfried) recém-chegada à cidade italiana fica fascinada com esse cenário verdadeiramente melodramático e, quando se apercebe que, ao fim do dia, uma mulher com uma alcofa de verga recolhe todas as cartas levando-as consigo para o interior de um restaurante, acabará por a seguir para descobrir que ela, mais um grupo de amigas, das mais variadas idades, respondem a todas as cartas, como se tratasse da própria Julieta, contribuindo desta forma para manterem acesa a chama do amor, no interior de todas aquelas que desesperam por ele.


Tendo em conta que Victor (Gael Garcia Bernal) se encontra sempre ausente a visitar futuros fornecedores do seu restaurante italiano, Sophie decide ajudar aquelas mulheres no seu trabalho e num dia em que se encontra a recolher cartas, debaixo da famosa varanda, irá descobrir uma, escondida no muro, escrita à precisamente cinquenta anos por uma jovem inglesa, ao seu apaixonado, um italiano chamado Lorenzo Bartolini. De imediato todas concordam que deve ser a jovem americana a escrever a resposta e como não podia deixar de ser a inglesa Claire (Vanessa Redgrave), decide regressar cinquenta anos depois, acompanhada pelo neto Charlie (Christopher Egan) ao lugar onde vivera a sua primeira paixão, em busca do seu amado.


Enquanto Victor (Gael Garcia Bernal) prossegue os seus contactos gastronómicos, deixando a esposa em Verona, esta decide partir com Claire e Charlie em busca de Lorenzo Bartolini. Surgindo a partir daqui uma tentativa frustrada de Gary Winick para criar a atmosfera perfeita da comédia romântica, já que ao verificarmos que existem pelo menos setenta e quatro Lorenzo Bartolini, a tarefa se afigura penosa, oferecendo-nos uma espécie de caricatura social do homem italiano, pontuada com humor. Ao mesmo tempo que iremos assistir ao duelo entre Sophie e Charlie, encontrando-se este contra o desejo da avó reencontrar o seu primeiro amor, já que a tarefa se apresenta verdadeiramente caricata. Convém dizer que este duelo, sem pernas para andar, só poderá terminar de uma maneira, mas isso sabemos desde o início ao vermos o rosto dos protagonistas e também após conhecermos a história trágica das suas vidas: a mãe abandonou-a; os pais dele morreram num acidente de viação.


Como não podia deixar de ser Claire (Vanessa Redgrave) irá terminar por reencontrar o seu Lorenzo Bartolini (Franco Nero), que na vida real é seu marido, embora só se tenham casado décadas depois de se terem apaixonado nas filmagens de “Camelot”. E também Franco Nero impõe, no “plateau”, a sua presença carismática, concentrando sobre ele toda a atenção do espectador.


Já a forma encontrada pelo realizador Gary Winick, para Sophie deixar o noivo (Gael Garcia Bernal) e partir para os braços de Charlie (Christopher Egan) revela-se de uma fragilidade absoluta, em virtude do melodrama convocado se encontrar repleto de falhas, apesar de estarmos numa comédia romântica.


“Letters to Juliet” surge assim como um veículo para lançar no firmamento das estrelas, a jovem Amanda Seyfried, que desde “Mamma Mia”, se encontra a participar numa média elevada de filmes por ano, em busca de um lugar ao sol! No entanto, se gosta de comédias românticas, um género cada vez mais esquecido, vale sempre a pena rever estas “Cartas para Julieta” e criar em nome pessoal, a sua viagem até à belíssima Toscânia, na companhia do grande amor da sua vida.

Rui Luís Lima

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