A polícia britânica deteve três homens, suspeitos de serem espiões dos serviços de informação de Hong Kong. A China já reagiu, acusando o Reino Unido de interferir no governo de Hong Kong e pôr em risco as relações diplomáticas com o país.

As detenções foram feitas no início do mês, no âmbito de uma investigação do Comando de Contra-Terrorismo da Polícia Metropolitana de Londres, em que foram detidas onze pessoas. Os três homens — Chi Leung Wai, Chung Biu Yuen e Matthew Trickett — enfrentam duas acusações: a de espionagem e passagem de informações a Hong Kong e a de forçar a entrada numa morada britânica, avançou a Reuters. As acusações são resultado da lei de segurança nacional, aprovada no ano passado, que tem como objetivo identificar e combater mais eficazmente ameaças de outros países.

Ainda na segunda-feira, dia em que os suspeitos foram presentes a tribunal, a embaixada chinesa em Londres emitiu um comunicado, acusando o Reino Unido de “fabricar” as acusações. “Condenamos fortemente as acusações infundadas contra o governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong”, pode ler-se no comunicado citado pelo jornal britânico The Telegraph.

Esta terça-feira, o embaixador chinês, Zheng Zeguang, foi convocado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico para falar daquilo que os britânicos definiram como atividades financiadas pela China no Reino Unido. Um comunicado do gabinete britânico, citado na Reuters, identifica um padrão nestas atividades, que incluem ciberataques, espionagem e recompensas a residentes no Reino Unido.

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Já o líder do governo regional de Hong Kong, John Lee, desvalorizou as acusações e negou ligações que com um dos detidos, Chung Biu Yuen, depois de terem circulado online imagens dos dois juntos, avançou o Hong Kong Free Press. O mesmo jornal explica como o Reino Unido tem denunciado o tratamento de ativistas pró-democracia na antiga colónia britânica e facilitado a entrada de residentes de Hong Kong na Grã-Bretanha.

Yuen, de 63 anos, é polícia reformado e trabalha como gestor de um gabinete do Hong Kong Economic and Trade Office (HKETO) em Londres. Lee afirma que o HKETO é uma organização legítima que promove os interesses económicos de Hong Kong pelo mundo inteiro e nega a acusação de que será um meio para a espionagem dos ativistas que se deslocaram para o Reino Unido.

Os outros dois detidos têm ambos empregos relacionados com a imigração em Londres. Chi Leung “Peter” Wai, de 38 anos, trabalha no controlo de fronteiras no aeroporto de Heathrow e Matthew Trickett, de 37, é agente de imigração da Administração Interna do Reino Unido.

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Os três suspeitos detidos no Reino Unido serão presentes novamente a tribunal no dia 24 de maio. Mas estas não são as primeiras suspeitas na Europa de espionagem para a China, numa tensão intensificada pela proximidade chinesa com a Rússia.

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