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A GUERRA QUE SALVOU A MINHA VIDA – KIMBERLY BRUBAKER BRADLEY (#1 A GUERRA QUE SALVOU A MINHA VIDA) | RESENHA

A GUERRA QUE SALVOU A MINHA VIDA – KIMBERLY BRUBAKER BRADLEY  (#1 A GUERRA QUE SALVOU A MINHA VIDA) | RESENHA
Sempre gostei de Historia na escola, de saber o que aconteceu e como aquilo fez com que a sociedade em que hoje vivemos se transformasse. Um dos períodos que mais gostava de estudar, foi a Segunda Guerra Mundial, um momento horrível para a humanidade, onde milhares de vidas foram perdidas, mas que eu achava intrigante como um homem conseguiu impor seus ideais para uma nação e causar tudo o que ele causou. Ideais que até hoje persistem em alguns grupos fechados e que ainda ganha adeptos.

Em tempos de Trump, Kim Jong-Un, Bashar al-Assad, e até Bolsonaro (para não irmos tão longe assim), em tempo de refugiados que fogem do país que vivem para tentar uma vida melhor em outro local, a leitura do livro “A Guerra que Salvou a Minha Vida” nunca foi tão próxima e real. Vencedor do Newbery Honor Award, primeiro lugar na lista do New York Times e adotado em diversas escolas nos Estados Unidos, o livro faz parte da linha DarkLove da editora DarkSide Books.

“Eu tinha dez anos (embora não soubesse minha idade) e, por mais que já tivesse ouvido falar no Hitler – nos trechinhos de conversas e palavrões que subiam da travessa até minha janela, no terceiro andar -, não estava nem um pouco preocupada com ele ou com qualquer guerra disputada entre os países. Pelo que contei já deve ter ficado claro que eu estava em guerra com a minha mãe, mas a minha primeira guerra, a que travei naquele mês de junho, foi contra o meu irmão.”



Ada vivia em um pequeno apartamento conjugado com a Mãe e o irmão mais novo Jamie, em Londres, e tudo o que conhecia da cidade era o que a vista da sua janela lhe mostrava. Desde que se lembra, a menina tem o pé diferente, e a Mãe, nunca deixou que ela saísse de casa, nem para usar o banheiro compartilhado no corredor. Quando descobre que as crianças estão sendo mandadas para outro lugar por causa da guerra, e cansada de ser maltratada constantemente e de ver seu irmão sofrendo também, Ada vê na guerra a chance de mudar as coisas, para ela e para Jamie.  A menina enfrenta desafios e limitações e embarca em uma jornada para um local que todos chamam de “seguro” e tem que enfrentar todos os traumas psicológicos que ficaram em sua alma.
 
Escrever uma sinopse nunca foi tão difícil para mim, nada que se passa na minha cabeça faz justiça ao livro que acabei de ler, e tudo o que penso gera spoiler, como lidar com isso? Cativante, emocionante, tocante, “A Guerra que Salvou a Minha Vida” é uma daquelas histórias amorzinhos, que faz com que apareçam algumas lágrimas nos seus olhos. A forma como Ada enfrenta todos os abusos psicológicos que sofreu e como ela constrói uma nova vida é inspiradora. O que eu mais gostei na narrativa é que não é uma história onde as coisas acontecem de um dia para o outro, o relacionamento e a confiança entre os personagens é construída com o passar dos dias, em gestos, palavras e sentimentos que são demonstrados e apresentados aos garotos.

Ada não chega em uma local novo e vive “feliz para sempre”, ela tem que superar todos os traumas e abusos que durante anos viveu, e se reconstruir. Mas não é apenas a vida dos dois irmãos que estava despedaçada, Susan, a mulher que acolhe as crianças em sua casa, não planeja ter ninguém por perto e tem sofrido por três anos sozinha a perda de uma pessoa querida. Três pessoas que de alguma forma tem sua vida fragilizada acabam juntos aprendendo como a superar medos, receios e traumas. A autora, escreve de uma forma tão leve que chegamos ao fim sem nem perceber. Talvez o fato dos capítulos serem bem pequenos, cerca de quatro páginas cada um, ajude com isso.

“Porque eu estava chorando? Queria socar alguma coisa, atirar algo no chão, gritar. Queria galopar com o Manteiga e nunca mais parar. Queria correr, mas não podia, não com o meu pé torto, feio, horrível. Enterrei a cabeça numa das almofadas chiques do sofá e não pude evitar. Chorei.”
A diagramação do livro ficou a coisa mais fofa, utilizando um desenho que remete a retalhos de panos costurados juntos como se fosse uma moldura para a capa original. As primeiras e as últimas páginas possuem fotos e recortes de jornais. A autora, Kimberly Brubaker Bradley, mora em uma fazenda no sopé das Montanhas Apalaches, entre pôneis, cães, gatos, ovelhas, cabras e muitas árvores. “A Guerra que Salvou a Minha Vida” é seu primeiro livro lançado no Brasil. A história ganhou vários outros prêmios além do Newberry, como o Schneider Family Book Awards e o Josette Frank Award, além de ter sido eleito um dos melhores livros de 2015 pelo Wall Street Journal, a revista Publishers Weekly, entre outras. A continuação “A Guerra que me Ensinou a Viver” foi lançada este ano, também pelo selo DarkLove, da editora Darkside Books.
 

“A voz da Mãe ecoou na minha cabeça. ‘Sua porcaria horrorosa! Lixo, imunda! Ninguém quer você, com esse pé horrível!’ Minhas mãos começaram a tremer. Porcaria. Lixo. Imunda. Eu servia pra usar os descartes da Meggie ou as roupas simples das lojas, mas não isso, não esse vestido lindo. Podia passar o dia inteiro ouvindo a Susan dizer que nunca quisera ter filhos. Mas não suportava ouvi-la me chamar de linda.”

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Série: A Guerra que Salvou a Minha Vida 
Kimberly Brubaker Bradley
Ano: 2017
Páginas: 240
Editora: DarkSide Books
Gênero: Drama, Infanto-juvenil

Comente este post!

  • O Vazio na Flor

    Em primeiro lugar é preciso falar mais uma vez do trabalho impecável que a DarkSide traz em seus livros. O capricho dela sempre nos surpreende.
    Quando li a resenha deste livro pela primeira vez, já o coloquei na lista de desejados, mas ainda não pude nem ter e nem ler ele.
    Acho que é como você falou, só ligar o noticiário e ver os tormentos da guerra lá fora, as mortes, as dores.
    Então ler algo assim deve ser algo difícil e ao mesmo tempo, acalentador.
    Quero muito sentir as dores de Ada e ver também sua busca por paz.
    Beijo
    https://twitter.com/AngelaGabriel1/status/989527584823181312

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  • Carol Campos

    Assim como você, durante a escola gostava muito de História e esse livro assim como outros que tem guerra como fundo me chamam grande atenção. Já adicionei o livro na minha lista de desejados há um tempo mas, não tinha lido uma resenha de fato e posso dizer que estou mais apaixonada pela forma que a história é apresentada e se desenrola. Como você mesma disse, é um livro próximo e real da sociedade em que vivemos. Quero muito ter a oportunidade de ler, de preferência que não seja emprestado pois, tenho que dizer que esta edição está linda e com certeza quero ela na minha mini biblioteca.

    https://twitter.com/CaarolForbes/status/989640272551301120?ref_src=twcamp%5Ecopy%7Ctwsrc%5Eandroid%7Ctwgr%5Ecopy%7Ctwcon%5E7090%7Ctwterm%5E3

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  • Marta Izabel

    Oi, Ana Elisa!!
    Uma das minha matérias favoritas na escola era história e até hoje ainda gosto de ler livros que envolvam história do Brasil e do mundo por causa dessa matéria. Achei esse livro um amorzinho, deu um aperto no peito quando li esse trecho do livro pois deu para perceber que a Ada vai sofrer muito na história. Amo o capricho que a editora Darkside e quero sim esse livro lindo para ler urgentemente!!
    Bjoss

    https://twitter.com/Martaizabeln/status/989702156696670208

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  • Milena Soares

    Olá! Tenho esse livro porem ainda não li, estou me preparando psicologicamente primeiro, cada resenha que leio dele me deixa ainda mais curiosa e também emocionada, já imagino quando eu estiver lendo o livro.

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  • Yana Sofia

    Acho que eu sou do contra hahaha eu sempre gostei mais de história do Brasil do que história geral, o que faz de mim uma pessoa que não fica tão empolgada com unificação alemã ou detalhes gigantescos de revolução francesa. Sempre achei que a história do Brasil é revoltante e triste, mas pensei "É ruim, mas é a real e é a minha história". No entanto, eu nao poderia deixar de ficar com muiitaaa vontade de ler esse livro, esse ano li um livro que retratava um casal depois da segunda guerra (que inclusive ganhei nas brincadeiras do Clube do Livro no whats) "A Febre do Amanhecer" e foi muito impactante. Acho que "A Guerra que Salvou a Minha Vida" terá tanto impacto quanto! Ansiosa para ler!

    Beijos da Yana,
    Marshmallow Com Café

    https://twitter.com/Yana78Sofia/status/991097817790808064

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  • Fabiana Scola

    Quando esse livro chegou na minha mão eu estava com muito, mas muito receio em ler, primeiro pela expectativa criada dado a tantos comentários positivos sobre ele e segundo e mais importante que eu tinha recém terminado de ler Jogando xadrez com os anjos e simplesmente odiei a guriazinha chata/sofredora/heroína do livro. fiquei com medo de ser na mesma linha melodramática mas não.. que livro lindo, dentro e fora, que sensibilidade e carinho nas palavras, como não adorar e torcer pela pequena? eu mesma queria abraçar aquela criança e proteger ela, enfim, ainda bem que li e quero muito ler a sequencia. A temática da guerra, ficção ou não estão me cativando a cada novo livro, foi bom ter aberto horizontes para isso. Ah! e me perdoem os que amaram a historia da Anny.

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