Os ativos de risco esboçam uma recuperação nos primeiros negócios desta segunda-feira nos mercados financeiros internacionais, com queda leve do dólar e alta das bolsas europeias e dos futuros dos índices acionários de Nova York. O repasse desse alívio para os ativos brasileiros, porém, pode ser contido. A alta dos rendimentos dos Treasuries, com as taxas de curto prazo novamente acima de 5%, tendem a pesar sobre o comportamento do mercado doméstico. Além disso, o pagamento de 50% dos dividendos extraordinários da Petrobras pode frustrar os agentes financeiros.
Na sexta-feira, o rali dos ativos domésticos foi, em parte, associado à notícia de que a estatal pagaria 100% dos proventos extraordinários. No entanto, com a confirmação, na noite de sexta-feira, de que haverá o pagamento de metade dos dividendos, é possível que o mercado devolva parte do bom humor registrado na sessão anterior, o que limitaria uma possível recuperação dos ativos domésticos. A esse cenário se soma a contínua reprecificação da política do Federal Reserve (Fed) na curva de juros americana, com a taxa de dez anos em alta de 2,9 pontos-base, a 4,655%.
A segunda-feira não guarda indicadores econômicos relevantes nem no Brasil nem no exterior e, assim, discursos do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, devem ser observados com atenção, após a guinada “hawkish” da autoridade monetária brasileira na semana passada, durante os encontros de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI). A divisão quanto à magnitude do corte na Selic na reunião de maio foi inserida no mercado, que já ajustou os modelos para uma taxa de juros mais alta no fim do ciclo, de 9,75%, como mostra pesquisa do Valor.
Além disso, os participantes do mercado seguem atentos a Brasília, na medida em que o governo tenta “desarmar” pautas-bomba que podem minar os esforços da equipe econômica para tentar atingir a meta de um resultado primário equilibrado neste ano. Possíveis alívios na parte fiscal podem se refletir no mercado doméstico, que, após o “sell-off” recente, está mais “limpo” tecnicamente, em um sinal que pode indicar chances de valorização mais expressivas à frente caso haja algum apoio do noticiário.