Qual a conduta de acordo com o resultado do exame citopatológico do colo do útero?
O quadro 1 apresenta um resumo das principais recomendações frente às alterações citológicas no colo uterino.
Quadro 1. Condutas de acordo com o resultado de um exame citopatológico do colo do útero.
Resultado | Recomendação | |||
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Normal ou alterações celulares benignas | Seguir a rotina de rastreamento. | |||
Atipias de significado indeterminado | Em células escamosas | Possivelmente não neoplásicas (ASC-US) | < 25 anos | Repetir citologia em 3 anos. Caso se mantenha essa atipia antes dos 25 anos, deverá manter seguimento citológico trienal. No caso de novo exame normal, reiniciar o rastreamento aos 25 anos. A partir dos 25 anos, se a citologia se mantiver ASC-US ou de maior gravidade, encaminhar para colposcopia. |
Entre 25 e 29 anos | Repetir citologia em 12 meses. Caso se mantenha essa atipia, deverá ser encaminhada para colposcopia. Se dois exames citopatológicos subsequentes com intervalo de 12 meses forem negativos, a mulher deverá retornar à rotina de rastreamento trienal. |
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≥ 30 anos | Repetir citologia em 6 meses. Caso se mantenha essa atipia, deverá ser encaminhada para colposcopia. Se dois exames citopatológicos subsequentes com intervalo de 6 meses forem negativos, a mulher deverá retornar à rotina de rastreamento trienal. |
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Mulheres com doenças autoimunes, vivendo com HIV, transplantadas ou em uso de drogas imunossupressoras: encaminhar para a colposcopia (ginecologia). | ||||
Não se pode afastar lesão de alto grau (ASC-H) | Encaminhar para a colposcopia (ginecologia). | |||
Em células glandulares ou de origem indefinida (AGC) | Possivelmente não neoplásicas | |||
Não se pode afastar lesão de alto grau | ||||
Atipias em células escamosas | Lesão intraepitelial de Baixo Grau (LSIL) | < 25 anos | Repetir citologia em 3 anos ou quando completar 25 anos. Caso se mantenha essa atipia, deverá manter seguimento citológico trienal. No caso de novo exame normal, reiniciar o rastreamento aos 25 anos. |
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≥ 25 anos | Repetir citologia em 6 meses. Se a citologia de repetição for negativa em dois exames consecutivos, a paciente deve retornar à rotina de rastreamento trienal. Se uma das citologias subsequentes no período de um ano for positiva, encaminhar para colposcopia. |
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Mulheres com doenças autoimunes, vivendo com HIV, transplantadas ou em uso de drogas imunossupressoras: Encaminhar para a colposcopia (ginecologia). | ||||
Lesão intraepitelial de alto grau (HSIL) ou HSIL, não podendo excluir microinvasão |
Encaminhar para a colposcopia (ginecologia). | |||
Carcinoma epidermóide invasor | Encaminhar para a colposcopia (ginecologia/oncologia). | |||
Atipias em células glandulares | Adenocarcinoma in situ ou Adenocarcinoma invasor |
Fonte: TelessaúdeRS-UFRGS (2021), adaptado de INCA (2016) e Ministério da Saúde (2016) [1,2].
Os laudos dos exames citopatológicos do colo do útero podem apresentar informações complementares. No quadro 2 descreve-se as informações encontradas com maior frequência e a sugestão de conduta.
Quadro 2. Condutas de acordo com as informações complementares em exame citopatológico do colo do útero.
Laudo | Conduta |
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Atrofia com inflamação | Quando não houver presença de atipias, não altera a rotina de rastreamento. Só deverá ser tratada quando o laudo do exame citopatológico mencionar dificuldade diagnóstica em função da atrofia. Nesses casos, deve ser orientado o uso de creme vaginal de estrogênios conjugados 0,625 mg/g ou creme vaginal de estriol 1 mg/g, à noite, ao deitar, durante 21 dias e realizada nova citologia entre cinco e sete dias após o fim do uso. |
Achados microbiológicos (Lactobacillus Sp., Cocos, Bacilos supracitoplasmáticos – sugestivos de Gardnerella/Mobiluncus, Candida sp., Chlamydia sp., efeito citopático compatível com vírus do grupo herpes, Trichomonas vaginalis) |
Seguir a rotina de rastreamento citológico. Reavaliar a paciente e proceder com conduta de acordo com as queixas clínicas e exame físico atual. |
Inflamação sem identificação do agente Alterações celulares benignas reativas ou reparativas |
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Metaplasia escamosa imatura | Seguir a rotina de rastreamento citológico. |
Reparação |
Fonte: TelessaúdeRS-UFRGS (2020), adaptado de INCA (2016) e Ministério da Saúde (2016) [1,2].
Para mais informações, acesse o Telecondutas Rastreamento do Câncer do Colo do Útero aqui.
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Referências
- Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Coordenação de Prevenção e Vigilância. Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero. 2. ed. rev. atual. Rio de Janeiro: INCA; 2016.
- Ministério da Saúde (Brasil), Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa. Protocolos da Atenção Básica: saúde das mulheres. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2016.
Como citar este documento:
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia. TelessaúdeRS-UFRGS. Qual a conduta de acordo com o resultado do exame citopatológico do colo do útero? Porto Alegre: TelessaúdeRS-UFRGS; 26 Nov 2021 [citado em dia, mês abreviado e ano]. Disponível em: https://www.ufrgs.br/telessauders/perguntas/cancer-colo-citopatologico/.