SOBRE A EDIÇÃO E TRADUÇÃO:
O acabamento do livro tem a qualidade Zahar que já conhecemos. Além da capa dura, o papel é amarelado e não é fino (segue o mesmo padrão das outras edições), o espaçamento do texto é confortável, apesar do número de páginas, e a letra é de tamanho satisfatório (veja as fotos e o vídeo anexados), e os comentários entram como notas de rodapé e ajudam MUITO na captação de detalhes da história que passariam batidos ou só saberíamos mediante pesquisa extra literária.
O livro possui 871 páginas, com breve cronologia da vida e obra de Dickens. Esta edição conta ainda com um excelente texto de apresentação do tradutor e dois prefácios. Infelizmente não há fitilho marcador.
A leitura se mostrou bastante fluida, texto claro, conciso e gostoso de ler. Não encontrei nenhum erro no texto. Não é a minha primeira experiência com Charles Dickens e por isso não tenho nenhum entrave com o autor. A gente vai lendo, lendo, sem ver o tempo passar.
David Copperfield foi publicado em forma de folhetins e entra na categoria “romance de formação”. A partir dos primeiros capítulos vamos acompanhando a trajetória do protagonista desde a infância. Para quem está familiarizado com o autor sabe que Charles Dickens escreve de forma limpa e coesa, sem formalismos, mesmo tratando-se de um texto do século XIX, por isso o estilo do autor não se perdeu com a tradução. Pesquisei bastante sobre o tradutor e descobri coisas interessantes que relato a seguir.
SOBRE O TRADUTOR:
Bruno Gambarotto é Graduado em Letras (Bacharelado e Licenciatura em Português) pela Universidade de São Paulo (2001), - Mestrado (2006) e Doutorado (2012) em Letras, pelo Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada (DTLLC) da Universidade de São Paulo Especialidades: - Teoria Literária e Literatura Comparada, com ênfase nas relações entre Literatura e Sociedade e em Literatura norte-americana do século XIX; - Tradução literária.
Bruno também assina a tradução de “Jaqueta Branca”, de Herman Melville, também encomendada pelo editor Jorge Zahar. Aliás, está disponível na internet um artigo do Bruno sobre o processo de tradução de White-Jacket, or the World in a Man-of-War (Jaqueta-branca, ou o mundo em um navio-de-guerra), executado entre 2014 e 2015.
É do Bruno também as traduções de Mulherzinhas (Zahar); A ilha, de Aldous Huxley (Biblioteca Azul); 1984, de Orwell (Biblioteca Azul); além de assinar o posfácio de Moby Dick, pela editora 34, dentre outros trabalhos. Bruno Gambarotto é especialista na obra de Melville. Para quem se interessar, há diversas entrevistas com ele no YouTube.
SOBRE O PREÇO:
É importante que o leitor entenda o que é “preço de capa”. Todos os gastos que envolvem uma produção literária estão inseridos no preço final do produto, desde a capa até o tradutor. Neste caso específico, de David Copperfield da Zahar/Cia das Letras, estão envolvidos vários fatores:
- Não é uma tradução em domínio público ou já existente: o tradutor foi contratado e pago pelo seu serviço.
- Estamos falando de um livro de mais de 800 páginas e de capa dura, que eleva o preço.
- Dentro de uma editora existem diversos setores responsáveis pela produção do objeto livro: direitos autorais, designers, revisores, tradutores, gráfica (gastos com papel e tinta), capistas, etc etc.
Tudo isso é somado ao valor final do livro, o que justifica o seu preço, ainda que não concordemos com ele.
CONCLUSÃO:
É óbvio que o valor final de um livro na maioria das vezes está acima do que poderíamos ou gostaríamos de pagar (haja vista o cenário econômico atual), sendo assim, basta ao leitor procurar no mercado outras opções que caibam no seu bolso. A da Penguin, por exemplo, custa em torno de 30 a 40 reais, numa edição simples e sem orelha; sem contar que sempre haverá a opção e-book, que é mais barato.
Espero ter contribuído. Boa leitura a todos! :)