Estudo Dirigido - Sociologia (completo) - Surgimento da Sociologia A sociologia é uma forma de - Studocu
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Estudo Dirigido - Sociologia (completo)

Estudo dirigido
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Sociologia (CIS214)

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Ano académico: 2023/2024
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Universidade Federal de Viçosa

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Surgimento da Sociologia

A sociologia é uma forma de conhecimento científico originada no século XIX. Como toda forma de conhecimento, ela reflete as preocupações e necessidades dos homens de seu tempo.

O saber sociológico nasce ligado a fatores históricos e sociais:

 Fatores históricos: transformações na estrutura da sociedade dadas, principalmente, pela Revolução Industrial (modificação do modo de produção, surgimento de novas classes sociais, proletariado e burguesia, urbanização, problemas sociais...), Revolução Francesa (queda da monarquia e dos costumes do antigo regime, liberdade, igualdade e fraternidade) e Revolução Cientifica.

 Fatores epistemológicos (= teoria do conhecimento): transformações na maneira de pensar e abordar a realidade, que se deu, sobretudo, com o Iluminismo e o Renascimento.

Transição na estrutura social:

 Idade Média: Teocentrismo, regimes monárquicos e economia agraria

 Idade Moderna: Renascimento, Iluminismo, Revolução Francesa e Revolução Industrial

 Idade Contemporânea: Antropocentrismo, Regimes Democráticos e Economia Industrial

Pensadores clássicos da sociologia

Contexto: a modernidade implica em uma profunda ruptura com o passado, trazendo novas formas de organizar a produção (economia), distribuir o poder (política) e compreender a existência (cultura). Foi para explicar as diferenças do mundo moderno com as sociedades do passado, bem como entender o motivo destas mudanças, além de entender a mudança os novos métodos de interpretação da realidade, que os primeiros teóricos da sociologia produziram suas obras.

Principais pensadores e suas principais teorias:

 Marx: Modo de produção antigo e feudal, Revolução Industrial e modo de produção capitalista

 Durkheim: Solidariedade Mecânica, Divisão social do trabalho e Solidariedade Orgânica

 Weber: Sociedade teocêntrica, Racionalidade e Sociedade Secularizada

Método:

 Aplicação dos princípios científicos ao estudo da vida social.

 O método desenvolvido para analises sociológicas tem como objetivo possibilitar a compreensão da vida social de forma global, buscando, assim, explicar a sociedade como um todo, em suas estruturas, processos e interações. Neste sentido, podemos dizer que a sociologia é uma teoria da sociedade e das relações sociais.

 Método cientifico:

  1. observação sistemática dos fenómenos;

  2. construção de hipóteses;

  3. experimentação;

  4. generalização dos resultados da investigação (formação de leis ou teorias).

 Holismo metodológico: a sociedade tem precedência lógica sobre o indivíduo.

↳ Este tipo de abordagem do social está presente em diversos autores posteriores da sociologia e, por vezes, recebe nomes diferenciados, como objetivismo, realismo sociológico, estruturalismo, estruturismo, sistemismo e outras variantes. Apesar da variedade de termos empregados, todas estas teorias adotam como pressuposto o modo como Durkheim concebia o funcionamento da vida social: a sociedade agindo sobre o indivíduo.

 Epistemologia positivista: as ciências sociais devem pautar-se pelos mesmos métodos das ciências naturais, pois o mundo natural e a realidade social estão submetidos aos mesmos mecanismos de funcionamento: o determinismo da regularidade causal.

 Ideia central: a explicação da vida social tem seu fundamento na sociedade, e não no indivíduo.

 É a sociedade que age sobre o indivíduo, modelando suas formas de agir

 Durkheim dá ênfase a atuação da força social em nossas vidas.

 A tarefa da sociologia deverá se encaminhar na explicação de como o todo

(sociedade) condiciona suas partes (indivíduos). Em outras palavras, como o objeto explica o sujeito, necessariamente nessa ordem.

 Procura ressaltar que, até mesmo a noção de que nós somos pessoas ou sujeitos individuais, não passa de uma construção social.

Teoria Sociológica Funcionalista:

Funcionalismo é um paradigma científico que busca entender uma sociedade a partir das suas regras de funcionamento e das diferentes funções nela desempenhadas.

De acordo com os teóricos funcionalistas, cada indivíduo em uma sociedade exerce uma função, e o conjunto de todas as funções permite o funcionamento harmônico da sociedade.

Os estudos funcionalistas dos grupos sociais buscam analisar suas instituições e suas regras, como por exemplo, família, religião, crenças, modos de produção e educação.

Durkheim se baseou em princípios da biologia para explicar o funcionamento das sociedades. Ele as comparava com um organismo vivo, em que cada órgão tem uma função específica.

Para o funcionalismo, cada indivíduo de uma sociedade tem seu papel e, no desempenho de suas funções, a coletividade garantiria a sobrevivência de toda a estrutura.

Para o autor, a interpretação das sociedades está relacionada aos fatos sociais, que são valores e normas culturais, como por exemplo a língua, a arquitetura, o dinheiro, os costumes e os papéis sociais.

Para cada fato social, existem regras em uma sociedade e é a partir dos fatos sociais que Durkheim acredita que a consciência coletiva é construída.

As regras do método sociológico Durkheim:

Objeto de estudo = fato social = objetividade, exterioridade e coercitividade

Objetividade = existem independente da vontade do individuo

Exterioridade = provém da sociedade e não do indivíduo → O fato social é externo ao indivíduo, isto significa que o comportamento social não procede do próprio indivíduo, mas de algo exterior a ele: a sociedade.

Coercitividade = os fatos sociais são impostos pela sociedade ao indivíduo, quer ele queira ou não.

Generalidade = os fatos sociais não se resumem a alguns eventos isolados, mas sim, envolvem uma grande coletividade durante um determinado período de tempo.

 Sociologia durkheimiana: é a sociedade que explica o indivíduo. Sendo produtos da sociedade, os fatos sociais são exteriores e coercitivos e, logo, a tarefa da sociologia consiste em explicar a ação das estruturas sociais sobre o comportamento dos agentes sociais.

 Para explicar a existência e ocorrência dos fatos sociais, Durkheim formulou como primeiro

procedimento da sociologia o seguinte enunciado: “a primeira regra e a mais fundamental é a de considerar os fatos sociais como coisas”. Como as “coisas” da natureza, o fato social funciona de forma independente da ação humana

 O sociólogo deve olhar seu objeto de estudo com o mesmo espírito de exterioridade com o qual os pesquisadores das ciências exatas compreendem a natureza, nas seguintes etapas:

  1. Determinação do fato social: quando nos lançamos na explicação de um fato social, temos de investigar separadamente a causa eficiente que o produz e a função que ele desempenha

  2. Observação

  3. Classificação: normal ou patológico

Um fato social é normal quando ele é encontrado na média das sociedades e é considerado anormal quando ele é extraordinário e eventual.

O argumento é que um fato social é geral (e, portanto, normal) quando contribui com a preservação da vida social: “Ora [ele] seria inexplicável se as formas de organização mais frequentes não fossem, também, pelo menos no conjunto, as mais vantajosas”. Quanto às formas sociais patológicas “... [se] são mais raras é porque, na média dos casos, os sujeitos que as apresentam têm mais dificuldade em sobreviver”.

  • É importante estarmos atentos ao fato de que não há uma regra universal para distinguir que é normal e o que é patológico. Esse princípio deve ser pensado em relação ao tipo de sociedade em que o fenômeno ocorre, assim como a fase do desenvolvimento histórico desta. Portanto, o que é patológico em uma sociedade pode não ser em outra, assim como o que foi anteriormente normal em uma sociedade pode se tornar hoje ou amanhã patológico.

Divisão do Trabalho

 Moral = conjunto de normas

 Moral é sempre uma construção social, de modo que não seja eterna, nem absoluta e inscrita em qualquer forma superior de razão, e cuja origem é a sociedade.

 Fatos morais = regras de ação

 Durkheim implementa os métodos positivistas na análise das sociedades, no entanto, se depara com o fato de que a divisão social do trabalho é um fenômeno generalizado.

 Nesse contexto de analise social, Durkheim considera que a indústria moderna provoca uma extrema divisão social do trabalho, fenômeno que não implica somente no mundo econômico, uma vez que influencia as esferas políticas, administrativas, judiciarias... A partir disso, ele conclui que a divisão social do trabalho é um fato social que se trata de um fenômeno objetivo, o qual deve ser identificada, além de determinar sua função.

 Essa divisão do trabalho social (DTS) produz um efeito moral nos indivíduos, criando diferentes tipos de sentimento de solidariedade e, consequentemente, coesão social.

 Para Durkheim o mais notável efeito da DTS não é aumentar o rendimento das funções divididas, mas torná-las solidárias, resultando em uma ordem / integração social e moral, na qual notasse uma interdependência entre os indivíduos.

 A solidariedade é um fenômeno moral?

 Nesse sentido, quanto mais os membros de uma sociedade são solidários, mais eles mantem relações diversas uns com os outros.

 Para identificar e caracterizar a implicação e predominância da consciência coletiva nos indivíduos Durkheim utilizou das normas jurídicas, as quais seriam um meio pelo qual a sociedade materializa/concretiza as suas convicções morais. Nesse contexto, o direito tornou-se um símbolo notável do tipo de solidariedade, sendo definido como direito repressivo ou restitutivo.

 Nas sociedades de solidariedade mecânica temos o predomínio do direito repressivo, enquanto nas sociedades de solidariedade orgânica predomina o direito restitutivo, ambos produzindo efeitos sociais específicos.

 Direito restitutivo (civil, comercial, administrativo, constitucional...) = o objetivo da lei é restabelecer a ordem das coisas

 Direito repressivo (penal) = predomínio da punição.

 O direito restitutivo e o repressivo são mecanismos que demostram a força da consciência coletiva sobre a vida dos indivíduos.

 Nessa perspectiva, na sociedade de solidariedade mecânica todos os atos criminosos deveriam ser punidos, pois a violação das regras sociais representa um perigo para a coesão (ou solidariedade).

 Função da pena: destruir as ameaças à coletividade (vingança da sociedade e expiação do criminoso), logo, não são admitidas transgressões nas condutas individuais.

 No contexto do direito repressivo, os transgressores são punidos para mostrar aos outros membros do grupo o quanto custa desviar-se das regras coletivas, o que é um indicador do predomínio da consciência coletiva sobre a conduta dos indivíduos.

Solidariedade mecânica:

 O fundamento da vida coletiva reside no fato de que os indivíduos partilham de uma consciência coletiva = um conjunto de crenças e sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade, que forma um sistema determinado que possui vida própria

 Neste estágio da vida social, cujo exemplo seriam as sociedades tribais, existe total predomínio do grupo sobre os indivíduos.

 A diversidade de funções é mínima e, por essa razão, os indivíduos são semelhantes, havendo pouco espaço para individualidades.

 A semelhança entre os indivíduos é reforçada, principalmente, porque a coesão social depende do fato de que os membros da sociedade partilhem de regras morais que lhes imprimem o valor e o primado da coletividade, conformando e padronizando suas concepções e condutas.

 Nas sociedades com solidariedade mecânica todos os atos criminosos deveriam ser punidos, pois a violação das regras sociais representa um perigo para a coesão (ou solidariedade social). Não são admitidas transgressões nas condutas individuais: os transgressores são punidos para mostrar aos outros membros do grupo o quanto custa desviar-se das regras coletivas.

 Nesse contexto, ocorre o declínio da consciência coletiva e os anseios de liberdade

podem levar a um excesso de egoísmo. Isso pode colocar os indivíduos em choque entre eles, e comprometer o “bom funcionamento” da sociedade.

 Divisão anômica do trabalho = se a divisão do trabalho não produz solidariedade é que as

relações dos órgãos não são regulamentadas, é que elas estão num estado de anomia. Isso é causado, basicamente, pela ausência de regras

 Casos de crise econômica = situações em que DTS é anômica

Solidariedade orgânica

 Em relação à dimensão económica, ele argumentou que a divisão do trabalho social não pode ser compreendida apenas como um mecanismo que aumenta a produtividade e eficiência. Ela contém ainda uma função integradora e modifica os laços de solidariedade entre os indivíduos. A divisão do trabalho possui uma dimensão social, pois altera a lógica e a dinâmica das relações sociais.

 A divisão do trabalho inverte a lógica existente nas sociedades tradicionais. Enquanto nestas a diversidade das funções é mínima e há o predomínio de uma consciência coletiva, nas sociedades modernas há uma enorme diversidade de tarefas e a consciência coletiva se enfraquece, aumentando o espaço de autonomia individual, o que só é possível se cada um tiver uma esfera própria de ação e, consequentemente, uma personalidade.

 A tese durkheimiana é que a interdependência de funções consiste, por si mesma, em um valor moral. Ocorre que a divisão do trabalho transfere o eixo da moralidade da consciência coletiva para o indivíduo. Sem essa autonomia e independência, a divisão do trabalho não seria possível. Este é elo de dever que liga o indivíduo à sociedade. A individualidade passa a ser considerada um valor, pois é da autonomia de cada pessoa que depende a coesão social. Mesmo havendo um enfraquecimento da consciência coletiva, a moral social não desaparece, pois é a liberdade de cada indivíduo que torna a convivência social possível e necessária.

 No entanto, Durkheim reconheceu que, longe de haver apenas unidade, coesão e harmonia, a sociedade moderna era atravessada também por crises, lutas e conflitos.

Conceito de patologia:

 Divisão de trabalho anômica: suas principais manifestações seriam as crises industriais e comerciais, o antagonismo entre trabalho e capital e as falências. Segundo Durkheim, “esses diversos exemplos são, pois, variedades de uma mesma espécie; em todos os casos, se a divisão do trabalho não produz a solidariedade, é porque as relações entre os órgãos não são regulamentadas, é porque elas estão num estado de anomia”.

 Divisão do trabalho forçada: neste tipo Durkheim considerou especialmente as “guerras de classes”. Ele procurou explicar a existência dos conflitos sociais como resultado do

fato de que certos indivíduos eram obrigados a aceitar certas funções independente de suas escolhas.

 Divisão do trabalho burocrática: neste tipo de patologia, Durkheim observou que nas empresas podia acontecer “que as funções sejam distribuídas de tal sorte que não proporcionam matéria suficiente para a atividade dos indivíduos”. Neste caso, a divisão especializada das tarefas está conjugada com a falta de produtividade e um desejuste na coordenação das funções, o que também diminui a solidariedade ou integração social.

Suicídio

 Ideia central: o comportamento de suicidar-se também possui causas sociais. Tal ideia conversa novamente com o fato de que a sociedade explica o comportamento do indivíduo.

 Para ele o suicídio não se deve apenas por causas psicológicas, psicopatológicas ou

mesmo a processos de imitação

 “Todo caso de morte provocado direta ou indiretamente por um ato positivo ou negativo realizado pela própria vítima e que ela sabia que devia provocar esse resultado”

 Durkheim estuda, através de recursos estatísticos, as taxas de suicídio e o coeficiente de preservação, julgando ser este o indicador fundamental que exprime a tendência ao suicídio pela qual uma determinada sociedade pode ser afligida. Com base neste recurso, Durkheim distingue quatro tipos de suicídio (tipologia):

1- Suicídio egoísta: resultado da integração frágil dos indivíduos às instituições, grupos ou redes sociais que permeiam a vida social.

Ruptura de vínculos entre o indivíduo e a sociedade

Esta forma de suicídio tem como causa fundamental o excesso de individualismo e de isolamento social e também se verifica em momentos de desagregação social, refletindo-se em sentimentos como a depressão e a melancolia.

2- Suicídio altruísta: praticado quando o indivíduo se identifica tanto com a coletividade, que é capaz de tirar sua vida por ela (mártires, kamikazes, honra, etc.).

Inclusão extrema de um indivíduo a sociedade, a uma causa coletiva ou a uma crença. Nesse contexto, o indivíduo abdica da sua vida em nome de uma coletividade ou ideia que concede sentido a sua existência particular.

3- Suicídio anômico: é aquele que se deve a um estado de desregramento social, no qual as normas estão ausentes ou perderam o sentido. Esta forma de suicídio seria típica da sociedade moderna, seja nos momentos de crise econômica ou mesmo de abundância material.

Crises que levam a uma instabilidade social, as quais resultam no aumento quantitativo de suicídios.

 Durkheim procura elaborar uma teoria sociológica da religião a partir da análise do tetemismo (religião australiano).

 Grupos de parentesco não constituídos por laços de sangue, mas tinham certos

símbolos que os identificavam, chamados de totem. Diante deste totem (e das suas

representações), os indivíduos tinham que adotar comportamentos religiosos.

 Em sua análise dos ritos religiosos, o autor distingue os ritos:

Ritos = conjunto de praticas que definem as religiões

1- Negativos = proibições 2- Positivos = deveres religiosos 3- Ritos de expiação = cerimônias de perdão pelas violações cometidas

 Nesta teoria, todas as religiões são constituídas pela divisão da realidade em duas esferas: a sagrada e a profana. Nessa perspectiva, a religião é a sociedade transfigurada, o que mais uma vez, demostra que a sociedade que é superior ao indivíduo e a religião não passa de uma expressão desse fato.

 A religião tem origem social

 Chama a atenção sobre a capacidade da religião (enquanto representação cultural) para constituir os laços sociais

 Além de uma explicação para a origem da religião, suas crenças e seus ritos, esta obra também desenvolve uma teoria sociológica do conhecimento mostrando que a capacidade do homem em explicar o mundo ao seu redor tem origem na sociedade que serve de modelo para este processo.

De acordo com sua tese, esta força difusa, anônima e impessoal, mas, acima de tudo, superior, que os homens sentem que age sobre eles e à qual devem obediência, não passa de uma percepção não elaborada da força da sociedade sobre o indivíduo.

Teoria Sociológica do Conhecimento

 Parte do pressuposto de que a ciência e as outras formas modernas de pensamento têm sua origem na religião.

 As religiões são os primeiros sistemas de representação do mundo.

 A religião forneceu ao homem um critério a partir do qual ele podia classificar e ordenar as coisas do mundo. As categorias do pensamento humano, como as noções de tempo, espaço, gênero, espécie, causa, substância e personalidade, têm sua origem na religião, ou, em outras palavras, na sociedade. Foi tomando a sociedade, suas relações hierárquicas (sociais) e suas crenças como modelos, que o homem foi construindo suas primeiras explicações do universo, aplicando as categorias do mundo religioso (ou social) ao mundo natural.

 Tudo isso têm sua origem na religião, ou, em outras palavras, na sociedade.

 A vida coletiva também é responsável pela origem das formas de conhecimento humano, ou das categorias mentais pelas quais o homem organiza os dados de sua própria experiência.

Teoria Sociológica do Simbolismo

 Durkheim chama a atenção sobre a capacidade da religião (enquanto representação cultural) para constituir os laços sociais.

 A partir do ano de 1895, a religião passou a ser encarada por Durkheim como um elemento central da vida social, na medida em que ele enxergava nos fatos religiosos os elementos que originam as diversas manifestações da vida social

 Afinal, se a sociedade é a religião transfigurada, isso significa que a vida social é uma realidade essencialmente simbólica, ou seja, é composta por elementos morais, ideais e culturais

 Como os momentos de vida coletiva não podem ser permanentes, os estados simbólicos cumprem a função de manter e constituir o próprio tecido social

Teoria politica

 Durkheim era defensor dos ideais republicanos e lutava fortemente por uma educação estatal laica, desligada da religião.

Três interpretações da teoria política de Durkheim:

 Durkheim seria um teórico “conservador” preocupado em restabelecer a ordem e a moral social. Esta interpretação enfatiza a crítica de Durkheim às ideias socialistas e insiste na sua ligação com as ideias dos filósofos conservadores que se opuseram à Revolução Francesa, bem como sua conexão com as ideias de Comte e sua luta para equilibrar o progresso com a ordem.

 Já para um segundo grupo de estudiosos, Durkheim seria um teórico essencialmente “liberal”. Este grupo dá destaque à luta de Durkheim contra os intelectuais conservadores ligados ao catolicismo, sua adesão aos valores republicanos e a educação laica e ainda sua

responderiam ao caráter das sociedades modernas, em que predominava a atividade econômica.

 A moral cívica diz respeito ao conjunto de regras sancionadas que tratam da relação entre o indivíduo e o corpo político.

 O Estado é uma instituição que surge apenas quando a complexificação da vida social atingiu determinado grau de diferenciação, levando à existência de diversos grupos sociais.

 A diferenciação entre um grupo social que exerce a autoridade sobre os demais grupos é que constitui a sociedade política.

 É no contexto das sociedades políticas que surge o Estado, como aquele conjunto dos agentes que executam a autoridade soberana.

 O Estado se define como “um órgão especial encarregado de elaborar certas representações que valem para a coletividade” (2002, p. 71). Ele seria o “cérebro” do corpo social.

 Durkheim postulou que cabia ao Estado formular as representações coletivas que deveriam reger a vida social. Mas, isto não poderia ser feito sem a ligação do Estado com a sociedade. Neste contexto, a democracia foi concebida como um processo de comunicação entre a sociedade e as estruturas políticas.

 Durkheim via na escola um dos mecanismos fundamentais pelo qual a sociedade deveria imprimir, nas novas gerações, uma moral racional, de caráter laico. De acordo com sua visão, os elementos fundamentais da moralidade são o espírito de disciplina, a adesão aos grupos sociais e a autonomia da vontade. São justamente estes os objetivos que Durkheim acreditava serem as tarefas fundamentais da educação pública.

Comparação entre os autores:

 Para Karl Marx, o eixo da compreensão da sociedade está na sua conhecida divisão da esfera social em duas realidades: a “infraestrutura e a superestrutura”. De acordo com o autor, “o modo de produção da vida material condiciona o desenvolvimento da vida social, política e intelectual em geral”. O método marxista de interpretação da realidade social está preocupado em entender as esferas da vida política e cultural da sociedade em sua relação e conexão com a esfera econômica.

 Na visão marxista, são as estruturas econômicas, e não os indivíduos, que explicam os fenômenos sociais.

 A metodologia funcionalista de Durkheim tem como categorias centrais os conceitos de “fato social” e “função social”. O conceito de fato social procura entender as condutas humanas na sua regularidade e como determinadas pela estrutura da sociedade. Por esta razão, os fatos sociais têm a característica de serem exteriores e coercitivos. Por outro lado, a existência de determinados fatos sociais se explica pela sua funcionalidade para a preservação e a conservação da sociedade.

 Cada fato social existe porque cumpre uma função social.

 A partir dos conceitos de “fato social” e de “função social” podemos perceber que a sociologia funcionalista adota uma concepção estruturalista da sociedade. Para esta concepção teórica é a sociedade que determina o comportamento dos indivíduos. Na visão funcionalista, o mundo social é visto sempre como algo objetivo, que tem suas próprias leis de funcionamento. O método sociológico deve mostrar como a sociedade é uma realidade estruturada que vai moldando a ação individual. Nesta perspectiva, portanto, existe uma ênfase unilateral na ação das estruturas sociais sobre a ação social, da coletividade sobre os indivíduos, ou ainda do todo sobre suas partes integrantes.

 Plano Macro > Micro ou Lógica da situação: estuda os efeitos das estruturas sociais sobre a ação dos indivíduos (é o caso do conceito de “fato social” de Durkheim). A ênfase está na “situação” em que o indivíduo se encontra. Outro exemplo é o conceito de “classe social” (de Marx) e de como ele insere o indivíduo em certa condição social.

 Plano Micro > Micro ou Lógica da ação: estuda as características da ação social e procura compreender como acontecem as interações e relações sociais (Georg Simmel e Max Weber privilegiaram o estudo deste tema).

 Holismo metodológico (também conhecido como estruturalismo, estruturismo, coletivismo ou objetivismo): parte da premissa de que as condutas individuais são explicadas pelas estruturas ou pelo sistema social. Nesta posição encontram-se Marx e Durkheim

 Durkheim: os problemas da ordem industrial provinham da falta de conexão entre uma nova estrutura social (a divisão do trabalho social) e novas formas de interação social (a solidariedade orgânica). Desta forma, ele rejeitou a visão de Marx e a ideia de que as contradições da modernidade estivessem no plano económico. Para Durkheim, tratava-se de um problema de ordem moral. Em vez de negar a ordem social vigente, ele achava que ela deveria ser consolidada a partir de uma nova moral que seria gerada a partir da própria divisão do trabalho e que necessitava da complementação da ação moralizadora do Estado, das corporações e da escola.

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A sociologia é uma forma de conhecimento científico originada no século XIX. Como toda forma de
conhecimento, ela reflete as preocupações e necessidades dos homens de seu tempo.
O saber sociológico nasce ligado a fatores históricos e sociais:
Fatores históricos: transformações na estrutura da sociedade dadas, principalmente, pela
Revolução Industrial (modificação do modo de produção, surgimento de novas classes
sociais, proletariado e burguesia, urbanização, problemas sociais...), Revolução Francesa
(queda da monarquia e dos costumes do antigo regime, liberdade, igualdade e fraternidade)
e Revolução Cientifica.
Fatores epistemológicos (= teoria do conhecimento): transformações na maneira de pensar
e abordar a realidade, que se deu, sobretudo, com o Iluminismo e o Renascimento.
Transição na estrutura social:
Idade Média: Teocentrismo, regimes monárquicos e economia agraria
Idade Moderna: Renascimento, Iluminismo, Revolução Francesa e Revolução Industrial
Idade Contemporânea: Antropocentrismo, Regimes Democráticos e Economia Industrial
Pensadores clássicos da sociologia
Contexto: a modernidade implica em uma profunda ruptura com o passado, trazendo novas formas
de organizar a produção (economia), distribuir o poder (política) e compreender a existência
(cultura). Foi para explicar as diferenças do mundo moderno com as sociedades do passado,
bem como entender o motivo destas mudanças, além de entender a mudança os novos
métodos de interpretação da realidade, que os primeiros teóricos da sociologia produziram
suas obras.
Principais pensadores e suas principais teorias:
Marx: Modo de produção antigo e feudal, Revolução Industrial e modo de produção
capitalista
Durkheim: Solidariedade Mecânica, Divisão social do trabalho e Solidariedade Orgânica
Weber: Sociedade teocêntrica, Racionalidade e Sociedade Secularizada