Na história da resistência civil galega e das vítimas da repressão franquista exercida depois de julho de 1936 na Galiza há centenas de emigrantes portugueses cuja atuação permanece quase desconhecida
Na madrugada de 30 de setembro de 1936, pouco antes das 6h da manhã, cinco homens desceram de uma camioneta no largo fronteiro ao convento franciscano de Ourense, conhecido como Campo de Aragón, onde fora morto, uns dias antes, o governador civil republicano Gonzalo Martín March. Iam acompanhados por um médico militar, um capelão e um pelotão de fuzilamento. Naquela zona alta da cidade, de onde se podia avistar quase todo o casario, os homens foram dispostos lado a lado. Às 6h da manhã em ponto, ainda noite cerrada, ouviu-se uma descarga de tiros. Os cinco homens tombaram no chão. O médico deu uns passos até junto dos corpos, ainda quentes, e certificou-se de que todos estavam mortos — mais tarde, nos registos de óbito, escreveu unicamente que morreram “em consequência de hemorragia interna”. Estava consumada a sentença de morte a que estes trabalhadores tinham sido condenados seis dias antes, num Conselho de Guerra que os julgara pelo crime de rebelião militar.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: Cesteves@expresso.impresa.pt