Cadernos de Estudos (II): O Rito Escocês Rectificado - Maçonaria e Maçon(s)
Ritos e Rituais

Cadernos de Estudos (II): O Rito Escocês Rectificado

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rer - rito escocês rectificado

Este texto, conforme o título antecipa, é o segundo de uma série que pretende compartilhar uma trajectória de estudos e reflexões pessoais focadas no RER [1]; todavia, não me parece adequado apreciar “um texto fora do seu contexto”, bem como as próprias características de um Rito, que ainda pode ser considerado recente no Brasil, ganham maior relevo quando apreciadas em perspectiva mais ampla e eventualmente contrastadas com elementos de outros Ritos. Isso, então, explica a estrutura e o conteúdo deste texto que, por ser reduzido, prescinde da organização em secções.

Apesar dos incontáveis trabalhos que afirmam e reafirmam que Maçonaria e a Religião constituem domínios distintos, no universo das Lojas nem tudo se assemelha ao pavimento mosaico, perfeitamente discriminado: “preto no branco/branco no preto”. Esta realidade, somada a outras circunstâncias, traz dificuldades não apenas aos estudos, mas ao diálogo interno e, não menos importante, à percepção dos resultados que eventualmente poderiam ser creditados à Ordem, a exemplo de alguma transformação individual (quiçá uma epifania) ocorrida a contar da Iniciação que, no RER, é denominada Recepção. Reflectir sobre essas questões, dos motivos e das dificuldades em estabelecer os limites entre a Maçonaria e a Religião, que no RER adquirem tons mais acentuados, bem como apontar algumas soluções, constituem os propósitos deste texto. Embora seja um dos temas mais sensíveis no seio da Ordem, penso que não cabe fugir ao seu enfrentamento, razão pela qual ele é reiteradas vezes trazido à pauta, e ora como um convite à reflexão, ao contraditório e ao debate que, pelo esclarecimento, eleva e enleva.

Qualquer um que se proponha a estudar as origens da Maçonaria, a menos que delimite o escopo com pelo menos (mas idealmente mais de) uma especificação, atendo-se, por exemplo, à fase Especulativa, aos aspectos nacionais, às características de determinado Rito, etc., provavelmente se defrontará com inúmeras teorias, senão acerca da história, da doutrina ou algum elemento ritualístico – algumas mais propriamente consideradas meras opiniões, quando não desatinadas (Vidal, 2006). E mesmo o RER, Rito frequentemente destacado como, senão o único, um dos que menos sofreram alterações desde a sua criação, a rigor não foge à regra (Pinheiro, 2022), circunstância que também pode ser atestada pelo cauteloso, porém esclarecedor prefácio ao livro de Souza e De Paulo (2022) chancelado pelo Bem Amado Irmão [2], Mui Reverendo Cavaleiro Irmão Sérgio Grosso, Sereníssimo Grão-Mestre Nacional e Grão Prior do RER no Brasil: “Mesmo as alterações – na verdade bem poucas! – que ocorreram ao longo de mais de dois séculos de vida do Regime, não alteraram de alguma forma o conteúdo fundamental […]” (op. cit., p. 15). Entretanto, em Boyer (2018), notadamente quando descreve a liturgia de Abertura da Loja, podem ser percebidas notáveis diferenças quando contrastadas, por exemplo, com as orientações do GOB – Grande Oriente do Brasil (2018). E se acontecimentos historicamente ainda recentes se apresentam com diferentes narrativas, o quê, então, esperar daqueles ainda mais longínquos (há séculos) no tempo?

O traço comum a praticamente todas as narrativas históricas é a intenção de fazer crer que a Maçonaria é a depositária das mais antigas tradições, dos velhos saberes (verdades transcendentes) e mistérios só desvelados no seio das Escolas Iniciáticas, a exemplo de Preston (2017) que retroage aos gregos, mais especificamente a Pitágoras [3], notável pelo legado da Escola que fundou em Krotona, Itália, aonde a ciência, a fé e o mistério foram amalgamados em concepção inovadora, inusitada – vide, entre tantos, Conte (2010) e Reale (2012) – e que ainda hoje ressoa na Ordem. Mas ninguém supera Anderson que, na Constituição de 1723, escreveu:

Adão, o nosso primeiro Pai, criado à imagem de Deus, o Grande Arquitecto do Universo, deve ter tido as Ciências Liberais, particularmente a Geometria, gravado no seu Coração […] De modo que as Artes Mecânicas deram oportunidade ao sábio de reduzir os Elementos da Geometria num Método. Esta nobre Ciência assim reduzida é a base de todas as Artes (particularmente da Maçonaria e da Arquitectura) e a Regra pela qual elas são conduzidas e praticadas (Ismail, 2023, p. 21–2);
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Adão, o nosso primeiro Antepassado, criado a partir da Imagem de Deus, o Grande Arquitecto do Universo, deve ter tido as Ciências Liberais, especialmente a Geometria, escritas no seu Coração […] De maneira que como as Artes Mecânicas deram Ocasião aos Instruídos de reduzir os Elementos da Geometria em Método, esta nobre Ciência pois, reduzida, é a Base de todas as Artes (especialmente da Alvenaria e da Arquitectura) e a Regra pela qual elas são conduzidas e realizadas (Tempski-Silka, 2000, p. 51–53).

Embora semelhantes, as citações acima não são rigorosamente iguais, o que suscita debates, entendimentos e desdobramentos distintos; todavia, por fugirem ao escopo, por ora serão deixados à margem para oportuna exploração. Entretanto, para não fugir ao momento, cabe observar que, se tudo é símbolo que guarda significado (ora mais, ora menos, manifesto ou oculto), até mesmo a preservação da inicial maiúscula (p. ex., em Ocasião e Base – conforme original anexado pelo tradutor) não deve escapar aos olhos do hermeneuta, do exegeta ou simples leitor.

No momento, das citações, 2 (dois) pontos devem ser ressaltados: (1) ao retroagir a Adão, o autor sugere que a origem da Maçonaria se confunde com a da própria humanidade; bem como (2) estabelece vínculos indeléveis com as tradições do judaísmo, às quais se somarão as cristãs e, por extensão, às crenças em geral. Todavia, de imediato ambos podem ser problematizados: o primeiro porque, em que pese o simbolismo que identifica e se confunde com a própria Ordem, sobretudo a partir da fase Especulativa, exige uma elasticidade interpretativa-analógica que escapa ao vulgo (simples estudioso e interessado) e também a alguns Iniciados; e o segundo, porque nem todos os povos, culturas e tradições em meio às quais a Maçonaria logrou alguma penetração, admitem a cosmovisão judaica (do mito fundador às lendas) seguida do cristianismo – a exemplo do próprio judaísmo que não reconhece em Jesus a condição de Messias, o Cristo. E de (2) é dado inferir que as Escrituras, o Velho e o Novo Testamento, ao lado dos elementos constituintes dos Ritos (a exemplo da narrativa doutrinária, dos símbolos-chaves, etc.) seriam as fontes-raiz para o estudo e a prática dos fundamentos da Ordem; com efeito, são muito frequentes as citações e as alusões bíblicas (literais ou metafóricas) ao longo das ritualísticas de praticamente todos os Ritos e Graus, simbólicos ou não.

Até então, como durante o medievo em praticamente todo o Velho Mundo (futura Europa), a religião estava entranhada nos usos e costumes e em meio a todas as actividades, para aonde quer que se dirigisse o olhar haveria algum traço de religiosidade, notadamente da fé cristã-católica [4], pois esta era intrínseca, parte constitutiva da vida social e do ambiente. De modo que não surpreende que todas as Corporações dos Ofícios (dos que trabalhavam a madeira, o ferro, o vidro, os jardineiros e outras) tivessem os Santos da Igreja como padroeiros [5], os quais não só eram homenageados (data anual, festividades, celebrações, etc.) como a eles eram dirigidas preces, ora de demanda (saúde, protecção, boa sorte e outras), ora em agradecimento (colheita, boas vendas, etc.) antes e após os trabalhos diários. Entretanto, s.m.j., foi desde 1717, considerado o marco histórico da Era Especulativa, que a Maçonaria e a Religião passaram a andar formal e institucionalmente juntas, não obstante a expressa recomendação de Anderson na Seção VI.2, que aborda as questões de conduta: “[…] nenhum ressentimento ou disputa privada deve ser trazida para dentro da porta da loja, muito menos qualquer discussão sobre religião, nações ou política, sendo nós apenas, como maçons, da religião universal antes mencionada […]” (Ismail, op. cit., p. 66).

Muito já se escreveu sobre cada um dos tópicos, bem como acerca do conjunto da obra andersoniana que, conforme a perspectiva, reúne elementos conflituantes como, por exemplo, refere a Adão e a Deus, mas ao invés da ao judaísmo-cristianismo, opta por uma “religião universal”; se aí não há contradição, há pelo menos falta de objectividade, incompletude. Ignora-se se, à época, foram ou não devidamente avaliadas, no longo prazo, os desdobramentos e as repercussões do que fora instituído por Anderson; mas o que se observa é que por conta de (1) e (2) desde então não têm sido poupados esforços para mitigar ou ressignificar o teor dessas e outras afirmações, cada Rito a seu modo, uns mais outros menos, movimento ao qual o RER não escapa. Curiosamente, se Anderson trouxe o problema à mesa, também apontou a solução, como mais adiante será visto.

Mas por surpreendente que seja necessário dizer, Maçonaria e Religião guardam propósitos distintos [6], daí que as suas estruturas, estratégias e métodos igualmente o são. No caso do RER, para tê-lo mais claro, são suficientes a leitura e a comparação entre os textos seminais: o Génesis bíblico, ao qual o Novo Testamento acrescentará a Trindade – que então compõem a narrativa do vector judaico-cristão – são fundamentalmente distintos do mito fundador instituído por Pasqually (2022) no seu Tratado da Reintegração dos Seres, um midrash que constitui uma das raízes do RER. Premissas distintas implicam inferências e conclusões igualmente distintas, estranho seria o contrário. Assim, apesar do franco e profícuo diálogo, não é possível confundi-las e tratá-las como se uma fosse a extensão da outra, e tampouco amalgamá-las; e também porque, como livres pensadores e buscadores da verdade – expressões frequentemente associadas aos Iniciados – os maçons não podem estar submetidos a dogmas e tampouco à censura, neste caso haveria então uma contradição interna insuperável.

Ademais, sem ignorar as críticas aos landmarks em geral e ao de A. Mackey em particular (não aceito por todos os Ritos), em razão da sua larga citação (aceitação?) e também porque oportuno, ora destaco 3 (três) dentre os seus 25 Artigos (marcos):

19º – A crença no Grande Arquitecto do Universo é um dos mais importantes Landmarks da Ordem. A negação dessa crença é impedimento absoluto e insuperável para a iniciação.
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20º – Subsidiariamente a essa crença é exigida a crença numa vida futura.
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21º – É indispensável a existência no Altar de um “Livro da Lei”, o Livro que, conforme a crença, se supõe conter a verdade revelada pelo Grande Arquitecto do Universo. Não cuidando a Maçonaria de intervir nas peculiaridades de fé religiosa dos seus Membros, esses livros só podem variar de acordo com os credos. Exige, por isto, este Landmark que um Livro da Lei seja parte indispensável dos utensílios de uma Loja [7].

Assim, tendo-se esses elementos como pano de fundo, “quase estruturais-institucionalizados”, por mais que se tente fazer valer o contrário, a julgar pelos próprios textos-chaves, a fronteira entre a Religião e a Maçonaria [8] nem sempre é clara [9], justo o contrário, é ténue e difusa, o que facilita, quando não induz, o cruzamento, sobretudo pelos incautos. Num dos extremos do espectro analítico-crítico, os trabalhos de Ankerberg e Weldon (1995, 1995a), ancorados em criativa metodologia, revelam que ambas, a Maçonaria e a Religião, estão indelevelmente amalgamadas. No que concerne ao RER eu proponho um experimento: omita-se de um eventual leitor (não-Iniciado) a referência à Maçonaria; solicite a leitura de 2 (dois) textos considerados seminais – “O Homem-Deus” (Willermoz, 2006) [10] e “O Homem de Desejo” (Saint-Martin, 1986) –; e, finalmente, pergunte em que campo do conhecimento ele (o leitor) enquadraria os textos. Penso que a probabilidade de que ele aponte “religião” é grande, evento praticamente certo. Nesse cenário, o RER, um Rito cristão, constitui um território peculiar, aonde também devido a este auto-reconhecimento, alguns praticantes, talvez por se sentirem mais à vontade, alargam as fronteiras e transitam com desenvoltura.

Portanto, à luz dessa realidade factual, mas também com base em outros elementos a seguir explorados, nem sempre é fácil construir a linha argumentativa e convincente, sobretudo para os recém Iniciados, de que as fronteiras não devem ser ultrapassadas. Conforme também já comentado noutros textos, pelo menos 3 (três) pontos contribuem para essa realidade: 1) pelo facto de o Rito ser ainda no Brasil, ele absorve um grande quantitativo de Iniciados (Elevados e Exaltados) noutros Ritos [11], pelo que carregam heranças difíceis de serem abandonadas; 2) pela ausência, nas Lojas, de um Programa Continuado de Docência (tudo fica a critério do Venerável da hora – não raro proveniente de outros Ritos); e, não menos importante, 3) a absoluta falta de orientação e supervisão ritualística, das Potências às Lojas [12].

Outra evidência ilustrativa de o quão emaranhadas se encontram a Maçonaria e a Religião é a taxonomia habitualmente utilizada para classificar os Ritos: a categoria “posicionamento frente a Deus” que, então, é desdobrada em 4 (quatro) variáveis – teísmo, deísmo, agnosticismo e ateísmo. A posição teísta, com a qual se identifica o RER, implica na crença em um Deus criador, provedor, zelador, juiz e interventor na história, no quotidiano [13]. Todavia, in totum, não é o que se me apresenta, pois em nome da mitigação já referida e alavancada durante o Iluminismo, o posicionamento deísta – a crença num Deus criador, amoral (tal como a ciência) e ausente do quotidiano – actualmente me parece majoritária na Maçonaria [14], pois uma coisa é se apresentar como teísta (em declaração burocrática-formal ao sindicante), outra, completamente diferente, é viver em conformidade com os dogmas, as crenças e as tradições da religião professada; em assim não sendo, como é o caso, ao fim e ao cabo a postura teísta, senão se equipara, fica muito próxima da deísta. Em terceiro, se em alargamento conceitual ou por deficiência sindicante é também evidente a presença de agnósticos, os que por falta de conhecimento (evidências) se encontram indecisos, não conseguem, em definitivo, se posicionar frente a existência de Deus. Por fim, o único posicionamento não admitido na Ordem, é o do ateísta, conforme instituído por Anderson: “E se ele entender correctamente a Arte, ele nunca será um ateu estúpido, nem um irreligioso libertino” (Ismail, op. cit., p. 60).

A condição teísta-cristã do RER favorece que, por vezes, não só em Loja, mas sobretudo nas redes sociais [15], se tenha a impressão (mas talvez seja apenas a minha experiência) de estar antes à frente de pregadores em franco proselitismo do que de livres pensadores. Embora a Bíblia permaneça à frente de todas as listas de best sellers, há dúvidas quanto à sua efectiva leitura (na íntegra), bem como interpretação crítica, pontuada com elementos hermenêuticos e exegéticos; é o contrário que parece ocorrer. As frequentes citações, muitas como se aforismos – vide Pinheiro e Dutra (2023) -, fora do contexto e acríticas, sugerem quando muito leituras parciais, próximas do que se convencionou referir como “Ctrl C – Ctrl V”, o que também levanta a hipótese de que alguns estariam seguindo a manada sem ter ao certo o sentido e o destino. Some-se a essa realidade o comportamento do maçom-tipo e que reflecte um traço comum à população em geral: a tendência ao viés confirmatório: maçons que só lêem maçons, estudam maçons e escrevem para maçons (Pinheiro, 2023) que ao tempo em que se comprazem com as leituras que confirmam as suas convicções ou opiniões, de pronto rejeitam as que afirmam o contrário. Comportamento análogo revelam os fiéis mais irascíveis, que beiram ao fundamentalismo, atitude que considera apostasia ou heresia toda e qualquer interpretação que, ainda que apenas em alguns aspectos, fogem à ortodoxia dogmática. Combinados, os 2 (dois) perfis contribuem para o imobilismo analítico-crítico, para a escassez de toda e qualquer iniciativa que possa apontar no sentido à gnose, meta tão cara à Maçonaria. Em outra oportunidade já escrevi sobre os riscos e os perigos representados pelo leitor de um livro só (Pinheiro, 2024), leitura que ora sugiro.

Por oportuno, no que refere à ortodoxia e ao dogmatismo, é importante esclarecer: a expressão “católica” refere à universalidade, mas esta admite múltiplas acepções. A primeira, e mais amplamente referida, alude à universalidade dos povos (abrangência de todas as regiões, etnias, condições em geral – rico, pobre, pecadores, etc.), outra refere ao alcance da jurisdição papal, ao qual todas as Igrejas devem estar submetidas; todavia, a que mais importa diz respeito à aceitação de todos os dogmas da igreja (católica): o credo trinitário (niceno-constantinopolitano), o nascimento virginal de Cristo, a parusia, a imortalidade da alma e a ressurreição. Nesses termos não há “meio católico”, se aceita e se vive em conformidade com todos os dogmas, ou não, não há espaço para concessões e relativismos. Daí as dissidências e a profusão de seitas e religiões, algumas mesmo lastreadas em sólidas hermenêuticas e exegeses. Contudo, não cabe trazer tal rigor para dentro da Maçonaria pois, conforme já reiteradas vezes mencionado, Religião e Maçonaria ocupam domínios distintos. Penso que foi esse o sentido atribuído por Anderson, bem como a solução ao problema trazido à mesa, quando referiu à expressão “religião universal”, um conjunto de crenças formadoras de uma doutrina lastreada em princípios básicos, evitando assim, os riscos à harmonia trazidos pelos acalorados e inconclusivos debates sobre matérias dogmáticas. E não se pode perder de vista que o projecto de Anderson era fazer com que a Maçonaria se tornasse “[…] o centro de união e o meio de conciliar a verdadeira amizade entre pessoas que, de outro modo, permaneceriam perpetuamente distanciados” (Ismail, op. cit., p. 60). E foi tendo em vista esta directriz andersoniana que em Pinheiro (2021, p. 248-9) eu perguntei e respondi:

Assim, a julgar pelas origens históricas, é praticamente impossível falar de Maçonaria, sendo mais adequada a expressão “maçonarias”, o que vai ao encontro da perspectiva de Ragon (op. cit., ibidem) e outros. Haveria então algum elemento em comum a tantas maçonarias? Acredito que sim, na verdade um conjunto de elementos sobre os quais deve ser pensada a Maçonaria sob pena de cairmos sob o sectarismo divisionista.

Penso, agora, que raciocínio e postura análoga devem ser aplicados frente à questão em tela: Maçonaria e Religião.

E em meio a esse quadro também não se pode perder de vista que aproximadamente um milénio separa os primeiros textos bíblicos (séc. VIII a.C.) do surgimento da Maçonaria Especulativa (séc. XVIII) e, desde então, sobretudo ao longo dos últimos 3 (três) séculos muitos achados arqueológicos, antropológicos e documentos escritos (todos com múltipla atestação) têm levado a uma mudança radical no entendimento e interpretação daqueles textos; vide, entre tantos [16]: Liverani (2014); Römer (2016); Finkelstein e Silberman (2018); Finkelstein e Römer (2022) e Chevitarese (2024, 2019) têm demonstrado que em meio aos acontecimentos comprovadamente históricos, há muitas “tradições inventadas”, “profecias historicizadas”, documentos adulterados (ora por supressão, ora por adição, equívocos, etc.), escrito a várias mãos e em sucessivos períodos, além do velho e sempre citado problema das traduções [17] – “quem traduz, trai” – que, no caso do português brasileiro, corresponde ao terceiro ou quarto idioma distante do original.

Ora, se os textos fundadores, vetero e neotestamentários, estão sob severo escrutínio, tudo o mais que deles deriva, antes das reiteradas, ortodoxas e dogmáticas reafirmações, no mínimo, deveria previamente ser objecto de reflexão. Entretanto, a falta de amplitude de leitura (já comentada), que leva o Maçom a consultar apenas fontes indirectas (notadamente autores maçons), o afasta deste conhecimento mais actualizado e crítico (Pinheiro, Dutra e Mendes; 2023) que, por exemplo, não só faz a clara distinção entre o Jesus Histórico e o Jesus Teológico, como analisa criticamente o processo de elaboração dos textos vetero e neotestamentários mediados pelas contribuições intertestamentárias. E no que tange mais especificamente ao Novo Testamento, porque pertinente ao RER, vale a pena atentar para o que diz Chevitarese  (2024, p. 95): “Ainda hoje essa naturalização se presta a alguns desserviços, especialmente quando se considera o baixíssimo conhecimento da imensa maioria dos cristãos brasileiros sobre a história do próprio cristianismo”. Tem-se, assim, mais um paradoxo: enquanto cientistas e pesquisadores são cautelosos quando referem às Escrituras, os sectários e convictos as tomam como Verdades absolutas, efectivas fundações de construções axiológicas que, por sua vez, reverberam na leitura, interpretação e postura frente ao mundo, notadamente nas suas relações e contribuições sociais. Ora, s.m.j., em Loja orientada pelo livre pensamento, o oposto deveria ocorrer, a primazia do cepticismo construtivo.

Uma postura mais aberta à investigação, analítica-crítica, levaria, por exemplo, à constatação da existência de vários cristianismos, o que por si já deveria suscitar: com qual dos cristianismos o RER guarda aderência? O das confissões majoritárias (o católico, o ortodoxo russo ou o grego, algum dos ramos do protestantismo, entre outros) ou, pela impossibilidade de conciliação se faz necessário retroagir à aurora da formação do cristianismo oficial, que Chevitarese (2019, p. 160) refere como “os paleocristianismos dos séculos I e II”, isto é, antes da autoproclamada ortodoxia cristã ao longo dos Concílios, a começar por Niceia? Assim, embora aparentemente seja um paradoxo, o RER, talvez e muito mais do que os outros Ritos, requer acurado conhecimento e cautela para que as já referidas fronteiras não se confundam no trato de toda e qualquer matéria.

Retomo um ponto que me parece de demasiada importância. Some-se a essa realidade (a dos fiéis que se sentem mais à vontade no RER), a ausência de uma instância oficial [18] destinada aos esclarecimentos doutrinários e definitivos acerca de toda e qualquer matéria, no que couber aos públicos internos ou externos, mas sobretudo ágil. Isso, se um lado estimula as reflexões críticas e as elaborações alternativas ou complementares [19], o que parece ser positivo; de outro, através desse mesmo mecanismo, leva a que, por vezes, se tenha a impressão de transitar por uma terra de ninguém, um vazio, o que certamente é negativo, pois não contribui nem para o desenvolvimento pessoal e tampouco para que a Ordem Prospere. O observador mais arguto percebe que essa realidade, porque dotada de uma dialéctica intrínseca, estabelece os seus próprios limites: o vazio e a liberdade que no primeiro momento actuam como fomento ao exercício especulativo, impulsionador da cognição e do desenvolvimento holístico, no momento subsequente, pela ausência de balizas bem estabelecidas trazem a insegurança e a imobilidade ou, o que parece ser pior, favorecem a disseminação de interpretações equivocadas, incoerentes com a génese dos respectivos Ritos, no caso em apreço, o RER. É preciso, pois, reencontrar a virtude, o meio termo. E mesmo num Rito tão recente (no Brasil) quanto o RER é possível observar que cada Loja já tem instituído os seus usos e costumes em resposta ao voluntarismo (por desconhecimento ou intencional) do Venerável (ou Deputado) Mestre da hora.

E para não me estender em demasia, uma notícia alvissareira: recentemente foi instituído o Círculo de Estudos e Pesquisas do Rito Escocês Rectificado (CEPdoRER) [20]:

[…] círculo ou grupo formado pelos mais importantes e sérios pesquisadores do RER, com vasta e comprovada experiência na doutrina e filosofia do Regime […] todo material é oriundo das mais confiáveis fontes Europeias e portanto não se trata de teses pessoais.

Embora não se constitua como uma fonte “oficial”, com a chancela do Priorado, o facto de os textos até agora tornados públicos não possuírem assinatura sugere que tenham sido apreciados, talvez revistos, mas certamente referendados, senão por um Colegiado, por uma competência e autoridade sénior; ademais, talvez para assegurar a autenticidade das suas publicações, o CEPdoRER apõe a marca d`água só tornada visível com a impressão dos textos, ambas iniciativas criteriosas que ora podem ser vistas como “certificado de qualidade”. Todavia, por ser uma iniciativa ainda recente, qualquer avaliação seria precipitada, ainda que sejam grandes as expectativas. É sabido que muitas ideias, ainda que brilhantes e bem-intencionadas se esvaem pelo que, em síntese, é reconhecido como falta de “capacidade de gestão”, pelo que não conseguem manter a regularidade e a qualidade da proposta inicial. E nesse aspecto, a Maçonaria brasileira não tem um bom retrospecto: existem dezenas, talvez centenas de revistas digitais, blogs, websites e afins dedicados ao tema (aos vários Ritos praticados pelas Potências Regulares), mas em muitos, a maior cobertura é de carácter social e recreativo (fotos de festividades, homenagens, posses, anúncios de patrocinadores, etc.), em outros tantos tem-se a impressão de cada um publica o que quiser (opiniões como verdades), sem qualquer indicação de fontes ou zelo metodológico. E se no âmbito regional pontuam excepções, ao nível nacional são poucas as publicações que mantém regularidade e critérios, a exemplo da Revista Ciência & Maçonaria [21], da Ad Lucem [22], d´A Trolha [23], da Bibliot3ca Fernando Pessoa [24], do Freemason.pt [25], este último, embora sediado em Portugal, possui uma larga penetração no Brasil. E sobre as duas últimas, a Bibliot3ca e o Freemason.pt, além dos textos autorais elas disponibilizam diversas revistas nacionais, bem como traduções que, de outro modo, não estariam disponíveis aos leitores nacionais; dessarte, ao lado das primeiras, constituem relevantes fontes de informação. Há, pois, um largo e desafiante caminho, e quiçá mesmo um mercado editorial (a exemplo do que se observa em outros países: França e Espanha) a ser desbravado e explorado pelo CEPdoRER.

Contudo, se não houver mecanismos indutores de comportamento, o mais provável é que os saberes disponibilizados ficarão confinados ao nível pessoal dos mais interessados – os buscadores. As Lojas Simbólicas que não têm instituído, pelo menos um Sistema de Gestão (Pinheiro, 2024a), um Programa de Docência para os 3 (três) Graus, bem como Projectos Beneficentes [26] (Pinheiro e Dutra, 2024), dificilmente lograrão algum benefício (“da teoria que deve ser posta em prática”) no sentido ao desenvolvimento de competências colectivas. Do outro lado, considerando que as competências institucionais devem ser respeitadas, se o Priorado não instituir filtros de entrada [27], tanto para os Irmãos já recepcionados, quanto para os Iniciados em outros Ritos, corre o risco de receber mais fiéis do que interessados na efectiva rectificação, o que compromete não só a conclusão do ciclo simbólico, como a formação da massa crítica para a prosperidade da Ordem Interna. O conjunto de ausências e omissões, já reiteradas vezes citado, retroalimenta o círculo vicioso: Mestres que desconhecem não podem, por evidente, formar e transmitir conhecimentos aos futuros Mestres.

Concluo, pois, com uma citação do CEPdoRER [28]:

O Regime Rectificado, sabendo o que as variantes decorrentes das diferentes hermenêuticas religiosas produziram como múltiplas interpretações do Credo ao longo dos séculos, manteve um grande distanciamento em relação aos “dogmas”, a ponto de proibir qualquer discussão sobre eles: “Não se deixem levar por estéreis discussões dogmáticas com os seus Irmãos, ensine-os a amar e a imitar o nosso divino Senhor e Mestre Jesus Cristo, nosso Redentor … ”. Numa carta dirigida a Bernard de Türckheim (1752-1831), datada de 3 de Fevereiro de 1783, Jean-Baptiste Willermoz solenemente advertiu: “Enquanto a religião estiver misturada com a Maçonaria […] operaremos a sua ruína […] para tornar fecundo o nosso regime, descobrimos os seus princípios e o seu fim particular, os nossos discursos oratórios tornam-se sermões, logo as nossas Lojas se tornarão igrejas ou assembleias de piedade religiosa […] Este perigo, meu amigo, que pode parecer quimérico, é muito mais iminente do que não pensamos, se não colocarmos ordem prontamente”.

Ivan A. Pinheiro

Mestre Maçom. O autor não expressa o ponto de vista das Lojas, Obediências ou Potências das quais participa, mas tão somente exerce a sua liberdade de pensamento e expressão, daí porque muitas vezes comunica na primeira pessoa do singular. E-mail: [email protected]. Por oportuno eu agradeço a leitura sempre arguta da versão preliminar deste texto realizada pelo Irmão Lucas Vieira Dutra, Mestre Maçom do Quadro da ARLS Presidente Roosevelt, 75, GLESP, Oriente de São João da Boa Vista, bem como pelo Irmão Mestre Maçom Alexander Varejão (de posse do quitte placet). A esse último eu presto o meu reconhecimento pelo pioneirismo (blog Primeiro Discípulo, disponível em: https://maconariacrista.wixsite.com/ritoretificado) e coragem de trazer a público as suas reflexões originais e polémicas quando, no Brasil, o ambiente de produção intelectual RER era árido e desértico, com nada mais do que publicações de cunho histórico, a maioria simples reproduções, sem qualquer reflexão crítica. Inadvertidamente, os seus textos autorais ou traduções, não só me despertaram para outras, mas também para a problemática desenvolvida neste texto como, acredito, contribuíram para o despertar e iniciativas, no Brasil, por parte dos que pensam e administram o RER. Porto Alegre-RS, 19.04.24

Notas

[1] Sigla utilizada para referir tanto ao Regime quanto ao Rito Escocês Rectificado, distinção que, quando necessária, se fará no corpo do texto.

[2] BAI – Bem Amado Irmão – tratamento respeitoso e fraterno entre os Maçons Rectificados.

[3] 570 – 495 a.C.

[4] Embora o islamismo tenha chegado ao Velho Continente, ficou confinado à Península Ibérica durante 8 (oito) anos.

[5] E que em geral ocupavam lugar central na Lenda do Ofício.

[6] Como por exemplo, a Maçonaria não tem propósito salvífico.

[7] Fonte: https://www.freemason.pt/landmarks-3/. Acesso em: 11.04.24.

[8] Conforme já comentado noutro texto, tanto quanto a Religião é polifónica, a Maçonaria é diversa quando olhada na perspectiva dos seus Ritos, daí que, ao invés de fronteira, talvez o mais adequado seria o plural: fronteiras.

[9] Por exemplo, que significado atribuir às orações no sentido a obter graças aos necessitados, aos enfermos ou mesmo para agradecimento realizadas em determinadas Lojas e Ritos?

[10] A edição consultada traz ainda, como Apêndice [sic] o texto “O Mistério da Trindade”, de Louis-Claude de Saint-Martin.

[11] Condição mesmo sine qua non para a abertura de Lojas em jurisdições ainda inexploradas.

[12] Como tenho reiteradas vezes frisado, não é possível generalizar, e em razão da ausência de informações sistematizadas por parte das Potências, as minhas considerações limitam-se ao alcance da minha visão.

[13] Um Deus que em razão das contradições da sua condição antropomórfica será, posteriormente, revisto pelos filósofos e teólogos.

[14] Infelizmente, dado que as Potências não têm interesse em pesquisar e divulgar o perfil dos seus membros, algumas afirmações, a rigor, não passam de percepções do autor ainda que lastreadas a partir dos relacionamentos, há mais de década, no quotidiano nas Lojas e dos comportamentos observados nas redes sociais. Por exemplo, me parece claro que, administrativamente, o RER já mereceria um censo nacional: quantos somos, quantos genuínos ou provenientes de quais Ritos, elementos de perfil (escolaridade, actuação profissional, distribuição etária, geográfica e outras), etc. A falta de interesse (de percepção quanto ao valor das pesquisas enquanto fontes de informação, de iniciativa e de colaboração (financeira e abertura de dados) entre as Potências, explicam o vazio informacional.

[15] Ora, dirão: é território livre! Sim, mas as atitudes e os pensamentos aí expostos podem ser vistos como sinais reveladores de perfis existentes na Ordem.

[16] Para o leitor menos familiarizado com o tema e os autores, informo: I. Finkelstein é arqueólogo, professor e director do Instituto de Arqueologia Sonia e Marco Nadler, na Universidade de Tel Aviv; T. Römer é professor da Bíblia Hebraica na Faculdade de Teologia da Universidade de Lausanne e catedrático do Grupo de História Deutoronomista da Sociedade de Literatura Bíblia; e, M. Liverani é professor de História do Oriente Próximo Antigo na Universidade La Sapienza de Roma.

[17] Não há exemplo mais presente do que as duas longas citações à página 2 deste texto.

[18] É suficiente a visita a duas Lojas praticantes do mesmo Rito, e na mesma cidade, para perceber que as Secretarias de Ritualísticas estão longe de cumprir o seu papel de esclarecimento e padronização dos procedimentos.

[19] Como é o caso deste e de tantos outros textos que tenho compartilhado na forma de convite ao bom debate. Vide Nota de Rodapé número 2.

[20] Disponível em: https://cepdorer.com.br/. Acesso em: 13.04.24.

[21] https://www.cienciaemaconaria.com.br/index.php/cem.

[22] https://www.adlucem.com.br/.

[23] https://www.atrolha.com.br/maconaria-2/revista-a-trolha.html.

[24] https://bibliot3ca.com/.

[25] https://www.freemason.pt/.

[26] O que, em absoluto, não se confunde com as doações esporádicas, em geral nas datas festivas ou campanhas arrecadatórias.

[27] Como porta de entrada eu refiro ao exame de proficiência a partir de um conjunto mínimo de conhecimentos, iniciativas, atitudes e comportamentos demonstrados pelos interessados, tudo com absoluta transparência e impessoalidade. E que se tenha claro: o objectivo é a preservação do Rito, para que não se corrompa e possa cumprir os seus desideratos.

[28] Disponível em: https://cepdorer.com.br/publico/a-ruina-do-regime-escoces-retificado/. Acesso em: 18.04.24.

Referências bibliográficas

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  • ISMAIL, K. (trad.). A Constituição De Anderson (1723) – edição comemorativa. Brasília: No Esquadro, 2023. ISBN 978-65-993785-3-9.
  • LIVERANI, Mario. Para Além da Bíblia – história antiga de Israel. 2ª Ed. São Paulo: Paulus e Loyola, 2014. ISBN 978-85-15-03555-7.
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  • RÖMER, Thomas. A Origem de Javé: o Deus de Israel e seu nome. São Paulo: Paulus, 2016. ISBN 978-85-349-4457-1
  • SAINT-MARTIN, Louis-Claude de. O Homem de Desejo. São Paulo: Martins Fontes, 1986. Colecção Arcanum, 4.
  • SOUZA, Alexandre F.; DE PAULO, Felipe. Rito Escocês Rectificado – história, conceitos, filosofia. São Paulo: Versejar, 2022. ISBN 978-65-89935-58-2.
  • TEMPSKI-SILKA, V. S. von (trad.). As Constituições de Anderson– texto original. Curitiba: Juruá, 2000. ISBN 85-7394-607-5.
  • VIDAL, C. Os Maçons. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 2006. ISBN 85-7316-423-9.
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4 thoughts on “Cadernos de Estudos (II): O Rito Escocês Rectificado

  • Bom dia Diego. Hoje aproveitei para passar os olhos e verificar se há comentário em algum lugar. Agradeço a sua participação, críticas e dicas. Se puder informar o seu e-mail ou whats, poderemos dar continuidade à conversa. A ver. Um TFA.

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  • Por que não aparece meu comentário de hoje, 25 abril 2024…?

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    • Os comentários só aparecem após serem revistos pelo editor, para evitar spam e publicidade. Cumprimentos

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  • Como apontado no texto de Pinheiro, mesmo os Landmarks não sendo aceitos em algumas Potências, as que os utilizam, sempre ocultam o texto completo do Landmark 20, de Mackey, infelizmente também não citado nesse trabalho:

    LANDMARK VINTE
    *Subsidiário a esta crença em Deus, como um Marco da Ordem, é a crença na RESSURREIÇÃO* para uma vida futura. Este Marco não é tão positivamente impresso no candidato por palavras exatas como o precedente; mas a doutrina é ensinada por uma implicação muito clara, e percorre todo o simbolismo da Ordem. Acreditar na Maçonaria, e não acreditar em uma *RESSURREIÇÃO*, seria um absurdo anomalia, que só poderia ser desculpada pela reflexão, de que aquele que assim confundiu sua crença e seu ceticismo era tão ignorante do significado de ambas as teorias que não tinha fundamento racional para seu conhecimento de qualquer uma delas.

    (FONTE: TEXT BOOK MASONIC JURISPRUDENCE; ILLUSTRATING THE WRITTEN AND UNWRITTEN LAWS OF FKEEMASONKY. Albert G. Mackey, M. D.)

    Ainda sobre a diferença entre Teístas e Deistas, temos:

    “No ofício de Grão-Mestre adjunto, Desaguliers contribui ativamente para a redação dos primeiros rituais. Introduziu nestes a ideia de que os maçons operativos faziam do trabalho, como um ato nobre, um dom de Deus, e não, como se pensava até então, como uma maldição, um castigo devido à expulsão do paraíso, como está no Gênesis (4:17­-19). *Por falar em Deus, a expressão GADU, apesar de ter sido introduzida por Anderson, tem também o dedo de Desaguliers, pois o referido conceito – GADU – facilita a introdução do deísmo na maçonaria nascente, substituindo o teísmo católico, tão bem professado pelos maçons operativos, reforçando assim o anglicanismo que era um pouco mais aberto à tolerância do que a religião de Roma. Convém ainda salientar que o deísmo é mais professado entre os cientistas crentes do que o teísmo, o Deus de Leibniz, de Spinoza, de Einstein, dos cientistas enfim, não é o mesmo Deus de Abraão, Isaac e Jacó.* E Desaguliers como cientista…”

    (FONTE: https://opontodentrodocirculo.wordpress.com/2017/06/07/quem-foi-jean-theophile-desaguliers/)

    Certamente essas questões acima são negligenciadas, escondidas e muitas vezes apagadas dos registros da história da Ordem, por aqueles que são desafetos ao cristianismo e, em particular, ao catolicismo.

    O RER é considerado um pária por muitos dentro da maçonaria, por justamente apontar de onde a Ordem veio…

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