São Jorge da Capadócia - Leitura de História

Leitura de História

São Jorge da Capadócia

São Jorge da Capadócia, segundo a tradição católica, foi um soldado romano, possivelmente um general, que serviu na cavalaria, no reinado de Diocleciano, e venerado mártir cristão.

São Jorge é um dos santos mais venerados no catolicismo romano, bem como no catolicismo ortodoxo, bem como na igreja anglicana.

É famoso por fazer parte de uma lenda em que mata um dragão, e também é um dos Catorze Santos Auxiliares.

Considerado um dos maiores santos guerreiros, São Jorge é celebrado no dia 23 de abril, nessa data se comemora a reconstrução da igreja em Israel onde são guardadas as suas relíquias. Essa igreja foi construída no reinado do imperador romano Constantino.

São Jorge é tão venerado no mundo, que é padroeiro de diversos países católicos, como Inglaterra, Geórgia, Sérvia, Montenegro e Etiópia.

Não se tem certeza do local e ano de seu nascimento, até mesmo sua existência é questionável, principalmente por sua pessoa estar associada a antigos mitos, como o do cavaleiro que mata um dragão para libertar uma donzela em perigo.

No século VI, o Para Gelasio I proibiu a leitura de documentos que eram considerados apócrifos, esses relataram a existência de São Jorge e apontam 303 como o ano de sua morte.

Esses relatos escritos, eram as atas do martírio de São Jorge, o resto são lendas e mitos medievais. Mais claro, existem as centenas de igrejas e templo dedicados a esse, muitos deles do século V, que dão a entender que realmente existiu tal pessoa, devido à grande influência que esse exerceu sobre a cristandade.

As atas do martírio relatam que: “Jorge, soldado sob o imperador Diocleciano, foi preso e jogado na prisão com uma grande pedra no peito; foi enterrado em cal viva até o pescoço, e teve de andar com calçados em brasa, sendo sempre salvo; por fim foi decapitado.”

Embora a igreja católica assuma o ano de 303 como o da morte de São Jorge, sua existência continua controversa. Mas a própria igreja católica não ratifica as histórias fantasiosas sobre ele.

Algumas fontes citam São Jorge como um cristão da nobre família romana dos Anici, outras fontes dizem que esse era de origem grega. A família Anici foi muito influente em Roma e dela saíram vários senadores, existem versões da vida de São Jorge em que ele aparece como senador. Alguns relatos falam que ele nasceu no ano 275.

A maioria dos relatos atribuem o nascimento de Jorge à região da Capadócia, no centro da Anatólia, atualmente pertencente à Turquia. Quando criança se mudou para a Palestina, após seu pai, Gerôncio morrer em batalha, já que sua mãe, Policromia, era natural da Palestina, da cidade de Lida.

Quando ainda adolescente Jorge foi enviado para o exército, e com o tempo foi promovido a capitão. Caindo nas graças do imperador, recebeu o título de conde da província da Capadócia. Posteriormente recebeu o título de tribuno militar e foi residir na cidade de Nicomédia, também fazia parte da guarda pessoal de Diocleciano.

Contam as lendas que quando sua mãe faleceu, ele doou toda sua fortuna aos pobres de Nicomédia.

Em 302, Diocleciano emite um edito que manda prender todos os soldados que professam a fé cristã e obrigava todos a prestarem sacrifícios aos deuses. Jorge na frente do imperador se coloca contra esse decreto e assume publicamente sua fé no cristianismo.

Contam que indagado porque fazia aquilo, Jorge disse que fazia por causa da verdade, e indagado sobre o que era a verdade, ele disse: “A verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis, e eu sou servo de meu redentor Jesus Cristo, e nele confiado me pus no meio de vós para dar testemunho da verdade.”

Diocleciano, tenta dissuadi-lo com dinheiro e terras, mas este não aceita. Depois é torturado por vários dias, mas também não cede às torturas, por fim é morto por decapitação.

Contam que quando indagado se deixaria a crença cristã para seguir os deuses romanos, Jorge disse: “Não, imperador! Eu sou servo de um Deus vivo! Somente a Ele eu temerei e adorarei”.

Seus restos mortais foram levados para Lidar, cidade natal de sua mãe. Mais tarde o Imperador Constantino mandou erguer uma igreja sob o túmulo de Jorge.

Já no século V, somente em Constantinopla, havia quatro igrejas dedicadas a São Jorge, no Egito, haviam 40 conventos dedicados a ele.

A Devoção a São Jorge Pelo Mundo

Desde o século VI, existem peregrinações ao santuário de São Jorge na Lídia, esse santuário já foi destruído e reconstruído diversas vezes.

Acredita-se que seu culto era mais forte na igreja oriental, mais se espalhou pelo ocidente em função dos soldados que participaram das cruzadas, tendo contato com a parte oriental do cristianismo, trouxeram a devoção de São Jorge para seus países.

No século XI, santo Estevão construiu um santuário na Hungria.

No século VII, o Papar Leão II, da Sicília onde a devoção era mais forte na Itália, construiu em Roma uma igreja dedicada a São Jorge e São Sebastião.

Na Alemanha, o Imperador Frederico III, dedicou uma ordem de cavalaria a São Jorge.

Em Portugal, Dom Nuno Álvares Pereira o tornou patrono do exército português.

O Rei Clóvis da França e sua esposa, ergueram várias igrejas dedicadas a São Jorge.

O Rei Eduardo III, dedicou a São Jorge a ordem das Jarreteiras, na Inglaterra, e esse é um dos países onde a devoção é mais forte. Dizem que o exército cruzado acampou na cidade de Lídia, no século VIII.

Os Patronatos de São Jorge

Na Inglaterra, acredita-se que sua devoção tenha começado quando os soldados voltaram das cruzadas, em 1348 o Rei Eduardo III, fundou a Ordem dos Cavaleiros de São Jorge, ou Ordem da Jarreteira.

Em Portugal, a devoção começou quando os saldados ingleses participaram da conquista de Lisboa, pelo Rei Dom Afonso Henrique, trazendo a devoção da Inglaterra.

No Brasil, a devoção por São Jorge foi trazida pelos portugueses na própria colonização do pais, seu maior centro de devoção é a cidade do Rio de Janeiro, onde é realizada uma das maiores festas do mundo, dedicadas a São Jorge.

As Lendas de Cavaleiro

Na idade média a história de Jorge se confunde com histórias de cavaleiros, contadas pelos trovadores. Existe uma troca que fala de um cavaleiro Jorge, filho de Albert de Coventry, em que mãe morreu ao dar à luz e foi roubado e criado pela dama da floresta. Seu corpo possuía a tatuagem de um dragão e uma cruz, lutou contra os sarracenos.

Viajando para a cidade de Salém, na Líbia, encontrou um eremita que lhe falou sobre um dragão, que todos os dias exigia o sacrifício de uma donzela. Sendo que naquele momento só restava a filha do rei, todas as outras haviam sido mortas.

Indignado com a situação, Jorge se propôs a matar o dragão, no dia seguinte se dirigindo ao local onde vivia o dragão, viu o corte de mulheres que acompanhavam a princesa ao sacrifício. Assumido a frente, convenceu as mulheres a voltarem.

Chegando ao local, saiu da caverna o dragão e Jorge o atingiu com a lança na garganta e o matou.

Como recompensa recebeu a mão da princesa Sabra, casou e voltou para a Inglaterra.

Em outra versão da lenda, chamada Legenda Áurea, relatada pelo dominicano Tiago de Voragine, no século XIII, Jorge comanda uma armada romana na Líbia, próximo a cidade de Salone, existe um crocodilo alado que devora os habitantes da cidade.

Diariamente são oferecidos dois cabritos por dia para acalmar a fúria do monstro. Quando acabaram os cabritos, foram oferecidos rapazes e moças.

Novamente a princesa Sabra é oferecida em sacrifício.

Nessa versão a lança se parte e Jorge luta com uma espada, até derrotar o dragão, mas não o mata, adentra na cidade com o dragão ferido e depois o decepa na frente de todos os habitantes.

Em troca ele exige que os habitantes da cidade se convertam ao cristianismo.

Essa lenda pode se tratar de uma metáfora que fala do poder dos cristãos contra a idolatria dos mulçumanos.

Oração de São Jorge

Essa é a oração mais conhecida de São Jorge, e até já virou letra de música.

Chagas abertas, sagrado coração todo amor e bondade, o sangue do meu senhor Jesus Cristo no meu corpo se derrame, hoje e sempre.

Eu andarei vestido e armado, com as armas de São Jorge, para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me enxerguem, e nem em pensamento eles possam ter para me fazerem o mal, armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças quebrarão sem meu corpo chegar, cordas e correntes se arrebentarão sem o meu corpo amarrarem.

Jesus Cristo me proteja e me defenda com o poder da sua santa e divina graça, a Virgem Maria de Nazaré me cubra com seu sagrado e divino manto, me protegendo em todas as minhas dores e aflições e Deus com a sua divina misericórdia e grande poder seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meus inimigos, e o glorioso São Jorge em nome de Deus, em nome de Maria de Nazaré, em nome da Falange do Divino Espírito Santo estenda-me o seu escudo e as suas armas poderosas defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza dos meus inimigos carnais e espirituais, e de todas as suas más influencias, e que debaixo das patas de seu fiel Ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a Vós sem se atreverem a ter um olhar sequer que me possa a prejudicar.

Assim seja com o poder de Deus de Jesus Cristo e da Falange do Divino Espírito Santo, Amém.

Eis outra versão, bastante popular:

Ó meu São Jorge, meu Santo Guerreiro e protetor,

Invencível na fé em Deus, que por ele sacrificou-se,

Traga em vosso rosto a esperança e abre os meus caminhos.

Com sua couraça, sua espada e seu escudo,

Que representam a fé, a esperança e a caridade,

Eu andarei vestido, para que meus inimigos

Tendo pés não me alcancem,

Tendo mão não me peguem,

Tendo olhos não me enxergue

E nem pensamentos possam ter para me fazerem mal.

Armas de fogo ao meu corpo não alcançarão,

Facas e lanças se quebrarão sem ao meu corpo chegar,

Cordas e correntes se arrebentarão sem o meu corpo tocar.

Ó Glorioso nobre cavaleiro da cruz vermelha,

Vós que com a sua lança em punho derrotaste o dragão do mal,

Derrote também todos os problemas que por ora estou passando.

Ó Glorioso São Jorge,

Em nome de Deus e de Nosso Senhor Jesus Cristo

Estendei-me seu escudo e as suas poderosas armas,

Defendendo-me com a vossa força e grandeza

Dos meus inimigos carnais e espirituais.

Ó Glorioso São Jorge,

Ajudai-me a superar todo o desânimo

E a alcançar a graça que agora vos peço (Faça seu pedido).

Ó Glorioso São Jorge,

Neste momento tão difícil da minha vida

Eu te suplico para que o meu pedido seja atendido

E que com a sua espada, a sua força e o seu poder de defesa

Eu possa cortar todo o mal que se encontra em meu caminho.

Ó Glorioso São Jorge,

Dai-me coragem e esperança,

Fortalecei minha fé, meu ânimo de vida e auxiliai-me em meu pedido.

Ó Glorioso São Jorge,

Traga a paz, amor e a harmonia ao meu coração,

Ao meu lar e a todos que estão à minha volta.

Ó Glorioso São Jorge,

Pela fé que vós deposito:

Guiai-me, defendi-me e protegi-me de todo o mal.

Amém.

Referências:

Devocionário e Novena de São Jorge – Edições Loyola.

GUASQUES, Jerônimo. São Jorge o Santo Guerreiro, História e Devoção a um Santo Muito Amado. Edições Paulinas.

MENEGALI, Padre Jéferson, São Jorge, O Poder do Santo Guerreiro, Quem é São Jorge e Como ele pode Transformar a sua Vida – Petra.

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