Sucesso de bilheteria logo em seu primeiro fim de semana em cartaz nos Estados Unidos, o filme "A mulher rei", protagonizado por Viola Davis, chega nesta quinta-feira (24) às telonas brasileiras, com pré-estreia amanhã no Copacabana Palace. Para divulgar o longa, a atriz ganhadora do Oscar está no país pela primeira vez, e conversou com a jornalista Maju Coutinho, no "Fantástico".
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Em entrevista exibida neste domingo (18), Viola falou sobre a ida ao continente africano, onde aconteceram as filmagens do longa dirigido pela cineasta negra Gina Prince-Bythewood.
— Foi bom estar na África. Não seria possível recriar aquilo num estúdio em Los Angeles. Toda vez que eu vou à África eu sinto como se estivesse indo pra casa. Eu não tenho aquela sensação de sempre ter que me explicar pra alguém — afirmou a atriz americana que, aos 57 anos, é a única negra a somar as mais altas premiações do teatro (recebeu o Tony por “Rei Hedley II” e “Um limite entre nós”, peças de August Wilson), da TV (levou o Emmy pela série “How to get away with murder”, sucesso por seis temporadas) e do cinema (ganhadora do Oscar de atriz coadjuvante, em 2016, pela adaptação de Denzel Washington para “Um limite entre nós”).
A superprodução da Sony, estimada em US$ 50 milhões, tem um elenco de protagonistas negras e é contada pela perspectiva das agojie, guerreiras do antigo Daomé, no distante ano de 1823. Localizado no atual Benin, na África Ocidental, o reino foi marcado por séculos de escravização de negros, boa parte deles destinada aos portos brasileiros. Dois personagens (papéis dos britânicos Jordan Bolger e Hero Fiennes Tiffin) falam português e traficam escravos para o Brasil.
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— O Brasil e os portugueses são uma parte importante do filme — destaca Viola — O que eu sinto é essa conexão entre todos nós, entre as pessoas pretas. Nós estamos a apenas um porto de separação. Existe essa impressão de que somos distantes, mas na realidade não somos.
Além de lembrar das dificuldades que viveu na infância, a atriz revelou a Maju Coutinho detalhes da preparação nos bastidores do filme que já arrecadou U$ 19 milhões em dois dias nos EUA, superando expectativas da própria Sony, que esperava um retorno de U$ 12 milhões.
— A gente fazia uma hora por dia de levantamento de peso, com peso pesado. Eles queriam que eu ficasse parruda. Depois, ainda tinha três horas e meia de treino de artes marciais. Treino com armas, golpes de cotovelo... e o meu preferido... ah vou me mostrar aqui: corrida — brinca a protagonista — Eu corria a 16 km/h na esteira! E olha que fiz isso com 56 anos. Não falo isso pra me gabar, mas porque eu pensava que ia morrer. Eu dizia: tô perdendo ar aqui, vou ter um treco!
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No elenco de “A mulher rei”, se destacam ainda a sul-africana Thusa Mbedu, a inglesa Lashana Lynch e a ugandesa Sheila Atim. John Boyega, o Finn da última trilogia de “Star wars”, vive o rei Ghezo. A direção é de outra artista negra, Gina Prince-Bythewood (de “A vida secreta das abelhas”)
Exposição no Cais do Valongo
Em sua passagem pelo Rio de Janeiro, Viola Davis aproveitou para visitar, ao lado do marido Julius Tennon (que é produtor associado do filme), a exposição "O impacto da mulher na cultura afro-brasileira", que ocupa o Museu da Historia e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), no Cais do Valongo. Inspirada em "A mulher rei", a mostra conta com fotos de cenas do longa, figurinos originais e informações de produção inspirados na cultura africana e na relação com a cultura afro-brasileira.
O lugar onde o museu está instalado também carrega grande importância cultural: foi o maior porto de desembarque de africanos escravizados da história, e hoje é considerado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Por ali, chegavam escravos trazidos de diversos pontos da África, incluindo o Reino de Daomé.