Convidado de Honra (2019) | Crítica | Leitura Fílmica
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Convidado de Honra (filme)
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Convidado de Honra

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

Convidado de Honra apresenta muitos questionamentos e poucas respostas. Aliás, tal como exige o seu tema.

Ao conversar com um padre para organizar a missa pela morte de seu pai, Veronica (Laysla de Oliveira), pode descobrir quem ele realmente era. Mas, essa é uma resposta que nem ele próprio sabia. A última cena de Convidado de Honra confirma isso simbolicamente, quando ele, Jim (David Thewlis), desaparece da cena e seu reflexo permanece no espelho. Essa imagem é emblemática, porque o filme trabalha constantemente essa dualidade.

Na sua primeira parte, vemos Jim como um dedicado inspetor de vigilância sanitária, que exige que os restaurantes cumpram devidamente as normas. Várias sequências similares demonstram essa faceta desse protagonista peculiar, que até nos faz lembrar de Uma Vida Comum (Still Life, 2013), de Uberto Pasolini.

Quem de fato é Jim?

Porém, essa pessoa moralmente correta seria capaz de trair a esposa com doença terminal? Essa é a impressão que sua filha tinha, mas talvez o padre ofereça uma outra versão dos fatos. De qualquer forma, seria um esclarecimento tarde demais, pois Veronica se culpa pela morte da amante do pai, que ela deliberadamente não quis evitar. Para piorar, isso ainda leva ao suicídio do namorado, que era o filho da professora. Esse duplo sentimento de culpa justifica a vontade de Veronica continuar na prisão, mesmo que por um crime que não cometeu. Ou, talvez, para não ter que conviver com o pai.

Enfim, o filme navega nesse mar nevoento de percepções equivocadas. Por exemplo, Jim não conhece todos esses detalhes sobre sua filha, e não consegue compreender por que ela quer permanecer presa. Por outro lado, ela desconhece que sua mãe tinha concordado com o caso extraconjugal do marido.

Da mesma forma, os eventos que levaram à prisão de Verônica também se originaram de falsidades, a partir das mensagens que o motorista de ônibus manda do celular dela. E, depois, agravados porque Verônica e seu aluno quiseram pregar uma peça nele.

Papel de bobo

Então, a cena que dá nome ao filme representa perfeitamente esse tema da imagem dissonante da verdade. Nela, Jim desconfia que os donos do restaurante que ele estava prestes a autuar se safou com uma mentira. Por isso, retorna para conferir se o alegado evento particular realmente acontece. Aliviado, ele é até chamado ao palco para falar como convidado de honra. E, na verdade, está fazendo papel de trouxa, pois todos na festa sabem que o evento foi uma armação para evitar o fechamento do estabelecimento.

Convidado de Honra reverbera com força no espectador. Afinal, essa questão sobre a imagem que as pessoas projetam e quem realmente elas são nunca se resolve, inclusive em relação a nós mesmos. Acertadamente, o diretor Atom Egoyan constrói uma narrativa fatiada, não cronológica, com flashback dentro de flashback, dessa forma representando a desorientação que tal questão provoca. Além disso, o filme se beneficia de contar com um protagonista peculiar. Você pode até não sentir empatia por ele, mas Jim não o deixará indiferente.

 

Ficha técnica:

Convidado de Honra | Guest of Honour | 2019 | Canadá | 105 min | Direção e roteiro: Atom Egoyan | Elenco: David Thewlis, Laysla de Oliveira, Luke Wilson, Rossif Sutherland, Isabelle Franca, Tennille Read, Alexandre Bourgeois, Seamus Patterson, Sochi Fried.

Distribuição: Califórnia Filmes.

Saiba mais sobre o filme aqui.

Onde assistir:
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