Ainda Temos o Amanhã — Filmes — Risi Film

C'è ancora domani

Ainda Temos o Amanhã

Estreia:

de Paola Cortellesi

Itália, 2023, 118', Classificação M/14, Drama, leg.pt

com Paola Cortellesi, Valerio Mastandrea, Romana Maggiore Vergano

Festivais e Prémios:

Festival Internacional de Cinema de Roma 2023 | Filme de Abertura - Concorso Progressive Cinema - Visioni per il Mondo di Domani; Prémio Especial do Júri, Prémio do Público

Festival de Cinema de Gotemburgo 2024 | Competição Internacional, Dragon Award para Melhor Filme Internacional

Festa do Cinema Italiano 2024 | Sessão de Abertura; Prémio do Público para Melhor Filme

Prémios David di Donatello 2024 | Melhor primeira obra - Paola Cortellesi; Melhor actriz principal - Paola Cortellesi; Melhor actriz secundária - Emanuela Fanelli; Melhor argumento original - Furio Andreotti, Giulia Calenda e Paola Cortellesi; Prémio do Público; Prémio da Juventude

Ficha técnica:

Elenco

Delia - Paola Cortellesi

Ivano - Valerio Mastandrea
Marcella - Romana Maggiora Vergano
Marisa - Emanuela Fanelli
Ottorino - Giorgio Colangeli
Nino - Vinicio Marchioni
Giulio - Francesco Centorame
Alvaro - Lele Vannoli
Franca - Paola Tiziana Cruciani
William - Yonv Joseph
Orietta - Alessia Barela
Mario - Federico Tocci
Giovanna - Priscilla Micol Marino
Rosa Maria - Chiara Orti
Elvira - Silvia Salvatori
Sergio - Mattia Baldo
Franchino - Gianmarco Filippini


Realização Paola Cortellesi
Argumento Furio Andreotti, Giulia Calenda, Paola Cortellesi
Assistente de realização Francesca Polic Greco
Direcção de casting Laura Muccino, Sara Casani
Guarda-roupa Alberto Moretti
Cenografia Paola Comencini
Decors Fiorella Cicolini
Música Lele Marchitelli
Montagem Valentina Mariani
Fotografia Davide Leone
Chefe de produção Roberto Leone
Produção executiva Ludovica Rapisarda, Saverio Guarascio, Mandella Quilici, Guanluca Mizzi
Produção Mario Gianani e Lorenzo Gangarossa. Wildside, Vision Distribution
Distribuição em Portugal Risi Film

«Um filme lindíssimo sobre a opressão das mulheres, mas sobretudo sobre a sua infinita capacidade de sublimação e de resistência.» Capicua


Bande à part ★★★★★

«Uma realização cinematográfica inesperada, cruel, divertida e intransigente que é imperdível por mais do que uma razão.»


Télé Loisirs ★★★★★
«Uma pequeno milagre.»


Cinema Teaser ★★★★
«Não é de estranhar que a geração mais jovem de Itália tenha sido particularmente atraída por Ainda Temos o Amanhã. O filme revela a formidável inteligência de uma mulher - à frente e atrás da câmara - que supera as armadilhas de um sistema patriarcal envelhecido, multiplicando as suas pretensões.»


Femme Actuelle ★★★★

«Um filme útil.»


Le Parisien ★★★★
«A força deste filme feminista reside no facto de tratar um tema negro de uma forma muito original, oscilando entre o humor, a leveza e o drama. As cenas de violência são dançadas, as personagens fazem-nos sorrir tanto quanto nos arrepiam, e a reviravolta final é bem conseguida. O filme tem uma lufada de ar fresco, uma energia que nos faz muito bem.»


Franceinfo Culture ★★★★
«Ainda Temos o Amanhã é uma história de resiliência bem executada e uma boa surpresa num cinema italiano onde Paola Cortellesi está agora a ocupar o seu lugar ao lado de Matteo Garrone e Paolo Sorrentino.»


Le Point ★★★★
«Com este filme, que atinge o equilíbrio certo entre o riso e as lágrimas, Paola Cortellesi marca o regresso da grande comédia italiana, aquela que fala à realidade.»


L'Obs
«Jogando com um vislumbre de esperança tangível no túnel do patriarcado, Cortellesi, que não se deixa enganar por nada, ousa tudo e acerta em cheio.»


«Uma história comovente de emancipação» - Le Jounal du Dimanche


Le Monde
«Apesar de sombrio e, por vezes, arrepiante, o filme contorna o drama com o humor e o uso de artifícios formais. Conduzido com vitalidade, iluminado por momentos de alegria selvagem e tingido de uma ironia quase burlesca, Ainda Temos o Amanhã está à beira de uma tragicomédia que tem o mérito de nos deixar ouvir, entre as velhas vozes do passado, a esperança de um futuro melhor.»


Elle ★★★★


El País

«Uma comédia dramática fabulosa sobre emancipação feminina»


Variety

«Um filme ousado» 


Cineuropa

«Uma estreia audaz»


Nastri D'Argento

«O filme do ano»


Elena Biaggioni, vice-presidente da rede nacional italiana de anti-violência

«Um filme que contribui para a sensibilização cultural a nível nacional para a violência doméstica»


HuffPost Italia

«Este filme tem algo de revolucionário e cheio de esperança»


Screen Daily

«A ambiciosa e corajosa estreia de Paola Cortellesi na realização»


Deadline

«Uma obra peculiar a preto e branco que mistura drama com elementos de comédia»


Financial Times

«Ainda Temos o Amanhã vai continuar a ser um ponto de encontro para a revolução de género inacabada em Itália»


Angela Giuffrida, The Guardian

«Cortellesi afirmou querer fazer o filme, em parte inspirado nas histórias das suas avós sobre esse período, no passado, para levantar questões que persistem na sociedade italiana no meio de um machismo tóxico persistente.»


Paola Cortellesi, em entrevista ao The Guardian

«Entendi que cada italiano, jovem ou idoso, reconhecia no filme um bocadinho da sua própria família»

Paola Cortellesi (Roma, 1973), actriz, escritora e realizadora, é uma das artistas mais dinâmicas e versáteis da cena italiana. A sua carreira começou em 1995, quando se estreou nos palcos, e a sua carreira estendeu-se ao cinema e à televisão, valendo-lhe alguns dos mais prestigiados prémios: Prémio Hystrio (2007), Prémio Le Maschere e Prémio da Crítica (2006), David di Donatello (2011), Nastri D’Argento (2016, 2018, 2019, 2020) e Globo de Ouro italiano (2018). Em 1997, ganhou reconhecimento na televisão enquanto escritora, actriz e comediante pela sua participação em programas satíricos e de variedades.
Em 2004 e em 2008, encenou os seus espectáculos a solo, Nessundorma e Non Perdiamoci di Vista, e em 2004 foi anfitriã do 54º Festival de Música de Sanremo, ao lado de Simona Ventura.
Em 2007, ganhou um prémio Roma Fiction Fest pelo seu desempenho na série de televisão Maria Montessori: una vita per i bambini, de Gianluca Maria Tavarelli. Em 2011, recebeu um prémio David di Donatello para Melhor Actriz pelo filme Nessuno mi può giudicare, de Massimiliano Bruno.

Em 2014, conquistou um duplo Biglietto d’oro pelos êxitos de bilheteira Un boss in salotto, de Luca Miniero, e Sotto una buona stella, de Carlo Verdone, bem como um Prémio Flaiano. No ano seguinte, trabalhou com Dario Fo na sua peça de televisão/teatro Callas, dirigida pelo próprio Fo, enquanto que em 2016 escreveu um espetáculo que apresentou juntamente com a cantora internacional Laura Pausini, Laura & Paola.

Entre 2015 e 2019 escreveu e interpretou Scusate se esisto! de Riccardo Milani, Qualcosa di nuovo, de Cristina Comencini, Gli ultimi saranno ultimi, de Massimiliano Bruno, Mamma o papà?, Ma cosa ci dice il cervello e Come un gatto in tangenziale, todos de Riccardo Milani. Em 2018, protagonizou La Befana vien di notte de Michele Soavi.

Em 2020, foi protagonista de Manual de Sobrevivência para Pais (distribuído em Portugal pela Risi Film), escrito por Mattia Torre e realizado por Giuseppe Bonito, pelo qual recebeu uma nomeação para o prémio David di Donatello. Em 2021, juntou-se a Antonio Albanese na sequela de Come un gatto in tangenziale, de Riccardo Milani, que lhe valeu um Biglietto d’oro.

Em 2022, estreou-se como realizadora com Ainda Temos o Amanhã.

Nota de intenções


À mercê de um marido mandão e de um sogro canalha, prisioneira do lar, paladina do pátio, a única esperança de Delia é o casamento iminente da filha mais velha, a sua filha preferida e o seu único grande amor, para quem nutre a esperança de uma vida confortável e serena.
Parece um dos enredos - sempre um pouco sinistros - de muitos contos de fadas para meninas, mas, em vez disso, é uma história bastante comum de qualquer família italiana da segunda metade da década de 1940.
Uma bofetada na cara e pronto, sem mais nem menos. Tinha esta imagem em mente e o desejo de encenar, através de Delia, as mulheres que imaginava a partir das histórias das minhas avós; acontecimentos dramáticos, contados com um sorriso, histórias de vidas difíceis, partilhadas com todos no pátio. Alegrias e misérias, tudo na praça, todos juntos sempre.
Nessas histórias haviam mulheres comuns, aquelas que não fizeram história, que aceitaram uma vida de abusos porque era assim que estava estabelecido, sem fazer perguntas. Era assim. E, por vezes, ainda o é.

Lendo com a minha filha um livro infantil sobre a história dos direitos das mulheres, encontrei a redenção de Delia, o final desta história, construída passo a passo juntamente com os meus inseparáveis companheiros de viagem Furio Andreotti e Giulia Calenda, que foram os primeiros a compreender, encorajar, estimular-me. E confiaram em mim.
Este meu primeiro filme foi possível graças à confiança. A de Mario Gianani e Lorenzo Gangarossa, que, imprudentemente, me disseram há algum tempo: "Quando te sentires pronta para a tua estreia como realizadora, fá-lo-emos juntos" e que não pestanejaram quando, anos mais tarde, lhes propus realizar um filme de época imprudente - a preto e branco - sobre prevaricação e violência - "mas que, por vezes, tem piada... acho".
Tinha a confiança de todos os departamentos artísticos e técnicos, de uma excelente equipa que trabalhava todos os dias com cuidado e paixão, de um elenco portentoso até ao mais pequeno papel, capaz de passar de um registo para outro com uma agilidade espantosa.

Tive a confiança de Valerio Mastandrea, que decidiu colocar o seu infinito talento ao serviço desta história e aceitou interpretar este infame indivíduo depois de uma primeira conversa num bar; de Emanuela Fanelli, que, com a sua excecional capacidade de alternar a leveza com a seriedade e a dedicação meticulosa, me ajudou a aprofundar cada nuance; Giorgio Colangeli, em cena com a gentileza e a força transbordante dos grandes mestres; Vinicio Marchioni, que, quando lhe perguntei: "Já o leste?", respondeu: "Não Paola, na verdade vi-o". A graça e a grande capacidade interpretativa de Romana Maggiora Vergano permitiram tornar amável uma rapariga tão dura e encenar a inquietação e a fragilidade da personagem de Marcella, motor e objetivo da viagem de Delia.
Delia não vale nada, assim lhe ensinaram. Mas uma carta com o seu nome e o seu amor pela filha dão-lhe coragem para mudar as coisas.
Tentei imaginar o que essas mulheres, as verdadeiras, sentiram quando receberam uma carta em que alguém - mais importante do que os seus torturadores domésticos - certificava o seu direito a contar.
Com "Ainda Temos o Amanhã", quis contar os feitos extraordinários de muitas mulheres comuns que construíram, sem suspeitar, o nosso país.
Delia são as nossas avós e bisavós. Quem sabe se alguma vez vislumbraram um "amanhã".

Para Delia, há um amanhã.
É uma segunda-feira e é o último dia útil para começar a construir uma vida melhor.