Patrícia Pillar | Patrícia Pillar | memoriaglobo

Por Memória Globo, Memória Globo

Renato Velasco/Memória Globo

Patrícia Pillar queria ser jornalista, mas, em suas palavras, foi: “atropelada pelo desejo de ser atriz”. Filha de um oficial da marinha com uma funcionária pública, Patrícia Gadelha Pillar nasceu no dia 11 de janeiro de 1964, em Brasília, e passou boa parte da infância mudando de cidade. “Encontrei não só amigos no teatro, pessoas com que eu me identificava de alguma maneira, mas o universo da fantasia”. No Rio de Janeiro, frequentou a Casa de Arte Laranjeiras (CAL) – escola de teatro que estava começando na época – onde teve aulas com professores importantes para sua carreira. “O Aderbal Freire Filho foi um farol na minha vida. O Rubens Correia foi uma pessoa importantíssima para mim, que me deu as primeiras referências lúdicas de que eu me lembro. E a Juliana Carneiro da Cunha, que é uma grande atriz e bailarina”. Depois de fazer teatro e cinema, a estreia na TV foi em 1985, na Manchete, com o programa de videoclipes 'FMTV'. No mesmo ano, foi para Globo fazer a novela 'Roque Santeiro'.

Escolhi ser atriz porque eu gosto de gente, tenho curiosidade, amor, compaixão. Fazer teatro, para mim, foi por intuição – uma maneira de tentar encontrar a minha turma. Encontrei não só amigos, mas um lugar aberto, onde podia discutir as coisas de maneira franca e livre.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Entrevista exclusiva da atriz Patrícia Pillar ao Memória Globo em 02/05/2012.

Entrevista exclusiva da atriz Patrícia Pillar ao Memória Globo em 02/05/2012.

Entrevista exclusiva da atriz Patrícia Pillar ao Memória Globo em 02/05/2012.

Entrevista exclusiva da atriz Patrícia Pillar ao Memória Globo em 02/05/2012.

Início da carreira

Patrícia Pillar estudou comunicação social na CUP, atual Faculdade da Cidade, e na Facha. Queria ser jornalista, mas acabou se entregando ao desejo de ser atriz. A escolha do teatro não foi apenas uma paixão, mas uma forma de encontrar o seu grupo. “Morei dois anos em cada lugar, então, não tinha raízes. Quando voltei para o Rio, definitivamente estava com essa necessidade de encontrar a minha turma. No teatro encontrei não só amigos, mas um espaço de liberdade e de discussão, onde você podia colocar as relações familiares, amorosas, do mundo”, relembra a atriz.

Como não havia feito faculdade de teatro, matriculou-se na Casa de Arte Laranjeiras (CAL) – escola de teatro que estava começando a se formar no Rio de Janeiro. Lá teve aulas com professores que foram importantes para sua carreira. Além de Aderbal Freire Filho, Rubens Correia e Juliana Carneiro da Cunha, também estudou com Paulo Reis, que havia dirigido, entre outras peças, 'Despertar da Primavera' e 'Happy End', e com ele criou o grupo Marx Mellow.

Sua primeira peça foi 'O Banho', de Vladimir Maiakoviski, em que interpretava um pintor. “Nós montávamos coisas como Brecht, Arrabal, Maiakovski . Era uma aventura, porque a gente fazia de tudo, imprimia as filipetas, montava o cenário, fazia divulgação. O ator participava de todo o processo. Fiz alguns espetáculos com esse grupo, então, o começo foi no teatro. Até ir para o cinema e, por fim, televisão”, comenta Patrícia.

Estreia no cinema e entrada na Globo

Seu primeiro filme foi 'Para Viver um Grande Amor', de Miguel Faria, baseado no 'Pobre Menina Rica', de Vinicius de Moraes e Carlos Lyra. Na TV, começou em 1985, na Manchete, com o programa de videoclipes 'FMTV'. No mesmo ano, foi para Globo fazer a novela 'Roque Santeiro'. “Quem me chamou foi o Paulo Ubiratan, que era uma grande figura de televisão, um cara pelo qual eu tenho o maior carinho, a maior saudade, e ele me ensinou muita coisa, não sabia nada de televisão. Lembro que ele me convidou para fazer essa personagem, que era a Linda Bastos, uma atriz de televisão, um pouco distraída, um pouco sem formação, uma menina meio ingênua. Tive companheiros maravilhosos que me ampararam porque eu era totalmente verde. Eu me lembro com muito carinho dessa novela, a oportunidade que foi para mim de ver esses atores espetaculares, ali na minha frente, como Lima Duarte, Regina Duarte e José Wilker”.

'Roque Santeiro': Metalinguagem

'Roque Santeiro': Metalinguagem

Na sequência fez Ana do Véu, na primeira versão de 'Sinhá Moça' (1986), que marcou o início de sua parceria com Benedito Ruy Barbosa, um autor com quem trabalhou diversas vezes ao longo da carreira. “É um autor encantador, um cara absolutamente inspirado, um amante do Brasil, dos brasileiros, da maneira de ser da gente, um grande contador de histórias, um cara sensível, emotivo, parceiro. Nossa, tenho o maior amor pelo Benedito. Ana do Véu era uma personagem interessante, uma menina já virando mulher”. Vinte anos depois, Patrícia também participou do remake da novela, mas interpretando outra personagem, a Baronesa de Araruna, Cândida Ferreira. Seu antigo papel foi vivido por Isis Valverde.

Em 1987, fez 'Brega e Chique' de autoria do Cassiano Gabus Mendes. Era a história de duas mulheres, uma muito rica e a outra muito pobre, e isso se invertia ao longo da novela. As protagonistas eram Glória Menezes e Marília Pera, que fazia o papel da mãe de Patrícia. “Eu ficava realmente fascinada com o trabalho dela (Marília Pera), que era lindo, uma “ídola”, e ela foi muito carinhosa comigo”.

Em 'Rainha da Sucata' (1990), Patrícia interpretou Alaíde, que era uma empregada doméstica. “Ela era ciente dos seus direitos. Gostava de dançar e era divertida, era muito petulante também. Lembro que ela bancava a patroa e batia muito de frente com o Raul Cortez, que fazia o mordomo. Era uma delícia. Nós já éramos amigos nessa época, e eram cenas muito divertidas”.

A boia-fria Luana

'Renascer' (1993) e 'Rei do Gado' (1996) foram duas novelas marcantes na carreira da atriz. Ambas assinadas por Benedito Ruy Barbosa e dirigidas por Luiz Fernando Carvalho. Na primeira, Patrícia interpretava Eliana. “Ela era meio sem caráter, não era má, não era uma vilã, mas era uma mulher que gostava da vida e de dinheiro. Não tinha muito escrúpulo, mas era muito divertida. Lembro de uma fala com a Eliane Giardini, casada com o coronel e separada no momento. Minha personagem perguntava se ela queria o marido ainda, se não quisesse, ela queria”.

Patrícia Pillar em 'Renascer', 1993 — Foto: Acervo Globo

Já em 'Rei do Gado', Patrícia viveu a boia-fria Luana, que exigiu uma preparação especial antes de começar a novela. “Passei umas duas semanas morando numa casinha pequena de algum funcionário de uma fazenda. A gente acordava quatro horas da manhã, começava um trabalho de corpo e depois saía com os boias-frias. Fui aprender a cortar cana, a entender como é a vida daquelas pessoas. Eu ter me aproximado dessa realidade foi fundamental para eu ter noção do espírito, do que está por trás daquela história. A Luana tinha uma vida muito triste, que fez com que ela se tornasse uma menina valente e, ao mesmo tempo, muito arredia”, lembra

Patrícia Pillar em 'O Rei do Gado', 1996 — Foto: Jorge Baumann/ Memória Globo

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Webdoc novela - 'O Rei do Gado' (1996)

Webdoc novela - 'O Rei do Gado' (1996)

A Favorita

Por cinco anos, Patrícia deixou de fazer novelas e só voltou em 2001, em 'Um Anjo Caiu do Céu'. Em 2004, trabalhou em 'Cabocla' e, em 2006, em 'Sinhá Moça'. Dois anos depois, viveria sua primeira vilã, Flora, em 'A Favorita', novela que rendeu muitos prêmios à atriz. Em 2012, Patrícia Pillar interpretou uma mãe dominadora e preconceituosa, a vilã Constância, em 'Lado a Lado'. A novela conquistou o prêmio Emmy.

João Emanuel é um autor escandaloso. Ele não teve medo, arriscou muito. Flora era uma doente, eu a compreendia, eu não a absolvia, mas eu a entendia. Ela teve uma infância normal até que a família da vizinha morreu num acidente, e os pais dela levaram a órfã, interpretada por Claudia Raia, para morar com eles. Flora começa a desenvolver um complexo de inferioridade infinito, porque a Donatela era muito exuberante, muito desinibida. Ela começa a criar um ambiente de fantasia, masoquista, que se transforma em sadismo. Muito louco o processo
'A Favorita': Revelação de Flora como assassina

'A Favorita': Revelação de Flora como assassina

Amores roubados e outros trabalhos

Na minissérie 'Amores Roubados', de janeiro de 2014, a atriz interpretou uma das três mulheres seduzidas por Leandro (Cauã Reymond), uma espécie de Don Juan sertanejo. A personagem Isabel era casada com o dono de uma vinícola, Jaime Favais (Murilo Benício), mas se encantava pelo sommelier e empregado do marido. No mesmo ano, viveu a empresária Angela Mahler, na segunda versão de 'O Rebu', sucesso de 1974. Seus trabalhos mais recentes foram 'Ligações Perigosas' (2016), em que interpretou Isabel D’Ávila de Alencar em trama que se passava nos anos 1920, e 'Onde Nascem os Fortes' (2018), quando viveu a engenheira química Cássia. Em 2020, fez uma participação na novela 'Salve-se Quem Puder' interpretando ela mesma.

Patrícia Pillar e Cássia Kis em 'O Rebu', 2014 — Foto: Acervo Globo

No período em que esteve fora das novelas, Patrícia fez, por dois anos, o seriado 'Mulher' (1998), ao lado de Eva Wilma. As duas interpretavam médicas de uma clínica especializada em atendimentos a mulheres. “A coisa mais deliciosa do mundo era a parceira com Eva Wilma. Que mulher bacana, que atriz maravilhosa, uma companheira espetacular. A série mostrava duas maneiras de lidar com as mesmas questões, e essas duas maneiras eram discutidas no processo de trabalho da própria clinica, era muito legal. Falava de certos tabus, sem ser chato”.

A atriz também fez outras séries, como 'Divã' (2012), 'Carga Pesada' (2003) e 'As Brasileiras' (2012), no episódio A Viúva do Maranhão. “Uma personagem divertida, que estava numa situação terrível: era viúva já há um tempo, doida para namorar, mas tinha sido casada com um homem muito querido na cidade, muito poderoso. Os pretendentes não seguravam a barra quando sabiam que ela era a viúva do cara. Então, ela acaba com a reputação do marido para, finalmente, conseguir namorar o personagem do Marcelo Anthony”.

Apresentou programas como 'Vídeo Show', logo no início de sua carreira na Globo, em 1986, e 'Som Brasil', em 2011. No cinema, atuou em filmes como 'Pequenas Histórias' (2007), 'Zuzu Angel' (2006), 'Se eu Fosse Você' (2006), 'O Quatrilho' (1995), 'O Noviço Rebelde' (1996), entre outros. E assinou a direção de Waldick 'Sempre no Meu Coração' (2007). “Fiz Zuzu Angel um pouco antes de começar o filme do Waldick. Um personagem muito difícil de se fazer. Um filme pesado. Bacana ter feito essa mulher muito sofrida, que tinha uma carreira como estilista, uma das primeiras brasileiras que levou a moda nacional para fora do Brasil. Teve um filho militante do MR8 desaparecido e que nunca foi encontrado. Depois me envolvi com a direção do filme. Não foi só o filme, foi dirigir o show do Waldick (Soriano), produzir o show, dirigir o DVD e depois dirigir um documentário. Então foram quatro, cinco anos bem envolvida com todo esse processo ”, comenta a atriz.

'Som Brasil': Gonzaguinha (2007)

'Som Brasil': Gonzaguinha (2007)

Para Patrícia, a escolha pela profissão de atriz se deu porque ela gosta de trabalhar com as pessoas. “Eu me interesso por gente, tenho curiosidade, tenho amor, tenho compaixão”. Quando fala qual foi a personagem de que mais gostou de fazer e qual foi a mais difícil, é categórica: “São duas coisas que caminham juntas, a que eu mais gostei e a mais difícil. Acho que foi a Flora na televisão, porque foi muito radical. Mas é difícil não falar da importância da Luana do 'Rei do Gado' para mim, das personagens do Benedito. Não gostaria de me lembrar apenas de um momento, queria me lembrar de todos os outros também”.

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