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Por Vilma Gryzinski
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Presidente do Irã, um fanático que condenou milhares à morte

Mandou matar, acima de tudo, esquerdistas e era consumido pela ideia de destruir Israel; não será difícil substituí-lo: não faltam clones

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 20 Maio 2024, 12h03 - Publicado em 19 Maio 2024, 15h49

O momento é altamente sensível para o Irã, que sofreu derrota avassaladora ao quebrar o tabu de atacar Israel. O regime teocrático também está com uma bomba nuclear praticamente pronta e administra várias frentes de seus apaniguados em conflito com Israel. A possível morte do presidente Ebrahim Raisi fará alguma diferença?

Relativamente pouca. O principal arquiteto de todas as políticas iranianas não é o presidente, mas o ridiculamente chamado líder supremo, detentor da autoridade religiosa e moral, Ali Khamenei. O chefão já está com 85 anos e tem problemas de saúde, mas não enfrentará maiores obstáculos em comandar a sucessão. Ele fala, os outros abaixam a orelha. É possível que haja outra eleição ou simplesmente uma nomeação interina.

Leia também: Presidente do Irã governa o país com mãos de ferro

Quem será o sucessor?

“É difícil imaginar alguém pior”, analisou, realisticamente, para o Jerusalem Post o general da reserva Tamir Hayman, ex-chefe do serviço da inteligência militar israelense.

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Raisi era membro do clero xiita e protegido de Khamenei, mas existem muitos como ele, fanáticos que cultuam uma versão extremista do papel da religião e da missão de destruir Israel.

Ironicamente, fez carreira no ministério público e foi assim que ganhou o apelido de “carniceiro de Teerã”. Sob suas ordens, pelo menos 5.000 pessoas receberam pena de morte. Eram, na maioria, militantes de organizações esquerdistas que inicialmente se aliaram ao regime dos aiatolás e foram sendo eliminadas, num movimento clássico das revoluções que devoram seus filhos.

Homens como Raisi ajudaram o regime iraniano a brilhantemente promover seus aliados e até a ganhar a guerra civil na Síria. Hoje, o arco xiita é o poder ascendente no Oriente Médio — e é por causa dele que países sunitas como a Arábia Saudita buscam alianças reconstruídas com os Estados Unidos e até com Israel, assim que o conflito de Gaza permitir.

O Irã mudou as regras do jogo ao atacar Israel com drones e mísseis. Mesmo tendo fracassado miseravelmente, através de uma aliança entre Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e até a Jordânia, o fato é que um tabu foi quebrado e as implicações são simplesmente gigantescas.

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Devido aos assassinatos de outros figurões do regime, como Qassem Suleimani (explodido no Iraque por ordem de Donald Trump) e todo o alto escalão da Guarda Revolucionária na Síria (Israel, daí a represália), é claro que corre todo tipo de teoria conspiracionista. Nada indica que o acidente de helicóptero, um fator tão recorrente em outras instâncias, tenha sido mais do que isso.

Raisi era considerado um possível sucessor do líder supremo e travava uma guerra de bastidores com o filho do aiatolá, Mojtaba Khamenei. A hereditariedade no poder é condenada pelo xiismo, mas a realidade tem outras nuances.

O fato de que o presidente seja substituível e não tenha uma forte liderança é relativamente tranquilizador numa situação de extrema volatilidade como a atual no Oriente Médio. Ninguém deve chorar por um homem tão brutal, decretar luto oficial ou fazer qualquer coisa a mais do que o cumprimento estrito do protocolo.

Em particular, é permitido ter um sentimento de alívio pelo fato de que, se foi mesmo um acidente natural, as coisas não vão ficar piores ainda.

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