Gary Johnson: o libertário que arranca votos de Hillary e Trump
Atleta, dono de uma distribuidora de maconha e ex-republicano, o candidato do Partido Libertário é a terceira opção dos eleitores americanos
Os dois principais candidatos a ocupar o lugar de Barack Obama na Casa Branca competem para ver quem é menos odiado. Em uma eleição com índices de rejeição históricos tanto para Hillary Clinton quanto para Donald Trump, um terceiro nome pode roubar alguns votos cruciais na reta final: o representante do Partido Libertário, Gary Johnson.
Um defensor dos direitos de escolha individuais, Johnson se considera “fiscalmente conservador e socialmente liberal”. O candidato alternativo não só defende a liberação da maconha, como é CEO da empresa Cannabis Sativa Inc., que comercializa a droga em Estados onde o consumo é permitido. Por outro lado, é a favor do papel mínimo do governo federal na economia e promete cortar os gastos do Estado para 25% do montante atual. Assim, ele rouba eleitores da linha republicana que não confiam na experiência de Trump e conquista os democratas que acham Hillary “careta”.
Apesar dos 63 anos de idade e a considerável experiência política, o libertário faz um sucesso com o público jovem invejável entre seus adversários. Em uma pesquisa divulgada pelo Pew Research Center neste mês, 22% dos eleitores entre 18 e 29 anos afirmaram que votariam em Johnson, contra 21% que apoiariam Trump (47% preferem Hillary). A sua imagem o ajuda no perfil de “candidato dos millennials”: além de ser empresário da maconha, Johnson já competiu em uma série de provas de atletismo, pedalou nos alpes suíços e escalou o Everest (com uma perna quebrada).
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A busca por ser o representante da minoria alternativa, porém, é uma novidade dos últimos anos na carreira política de Johnson. Ex-governador do Novo México, entre 1995 e 2003, pelo Partido Republicano, o candidato trocou de legenda após a tentativa fracassada de se tornar candidato à presidência, rejeitado por seus ideais poucos tradicionais. Como libertário, esse já é seu segundo pleito. Ao enfrentar Obama e Mitt Romney, em 2012, Johnson alcançou um recorde: fez 1% dos votos na eleição, a primeira vez que o seu partido chegou a mais de um milhão.
“Os democratas agradam a 30% da esquerda e os republicanos agradam a 30% da direita. Existe uma grande brecha aí que não é representada”, justificou Johnson ao site Politico. Bem humorado, mas realista, o candidato admite que não tem chances de chegar a presidência, porém, sabe que tem poder para abalar a histórica fortaleza do sistema bipartidário dos Estados Unidos.
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Em uma pesquisa divulgada nesta semana pelo jornal The New York Times com a rede CBS News, o político-atleta já aparece com 12% dos votos. O seu objetivo é alcançar 15% nos principais levamentos do país, para que tenha o direito de ser convidado para os debates com os demais candidatos, segundo preveem as regras eleitorais.
Em uma eleição de extremos, Johnson quer desestabilizar ao ser o meio termo e, pelo jeito, a estratégia tem funcionado. “Fui de 0 a 1,3 milhão de votos em 2012. Estou em uma trajetória crescente, mas que só agora foi notada”, comentou ao Politico. Defensor do direito das mulheres de abortar, apoiador de minorias e liberal econômico, o ex-governador tem tudo para causar polêmica com os dois lados da política americana se conseguir chegar aos debates.