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O uso de símbolos nacionais e religiosos na arena política é uma prática que tem ganhado destaque em diversas partes do mundo, especialmente associada ao crescimento do ultra-conservadorismo. Esta tendência levanta sérias preocupações quanto ao impacto na sociedade, na democracia e nos valores fundamentais. Neste contexto, é crucial examinar de maneira crítica os perigos que emergem quando esses símbolos são manipulados para atender a agendas políticas específicas – sendo uma reflexão demasiadamente importante no escopo da Teologia.

Uma Estratégia Perigosa

A utilização estratégica de símbolos nacionais e religiosos no campo político muitas vezes se traduz em um jogo de rankeamento, no qual esses elementos são explorados para criar uma narrativa que visa agradar a determinados setores da sociedade. Esse rankeamento busca consolidar o apoio de grupos conservadores, muitas vezes em detrimento da diversidade e pluralidade de opiniões, conforme o que temos verificado em camadas mais radicais do catolicismo conservador, por exemplo.

Ao priorizar símbolos nacionais e religiosos em detrimento de políticas efetivas e inclusivas, os líderes ultra-conservadores correm o risco de criar uma atmosfera polarizada na sociedade. O rankeamento de símbolos pode levar a uma simplificação perigosa do discurso político, favorecendo a emoção sobre a razão e marginalizando aqueles que não se encaixam na visão específica promovida. Isto distorce o significado real de tais símbolos, além de enfraquecer a tolerância e o diálogo entre as diferenças.

No campo de estudo teológico, entendemos que esse tipo de estratégia pode afastar o verdadeiro significado dos símbolos religiosos, transformando-os em ferramentas de manipulação em vez de representações autênticas dos valores de uma nação. Isso não apenas compromete a integridade desses símbolos, mas também mina a confiança dos cidadãos nas instituições religiosas e na própria noção de identidade religiosa ao qual determinado símbolo sagrado está vinculado.

Riscos para a Democracia e a Liberdade Religiosa

Conforme apontamos no tópico anterior, a instrumentalização de símbolos nacionais e religiosos no ultra-conservadorismo pode ter implicações profundas na saúde da democracia e na liberdade religiosa. Ao dar prioridade a uma única perspectiva, muitas vezes associada a uma interpretação específica de valores religiosos, corre-se o risco de restringir o espaço para o debate saudável e para a coexistência pacífica de diferentes crenças.

O mais grave nisso tudo é o fato de que a democracia, como sistema político, pressupõe a representação e participação de uma variedade de vozes e perspectivas. O uso exclusivo de símbolos nacionais e religiosos por uma facção política específica pode marginalizar grupos minoritários, resultando em uma democracia que não reflete verdadeiramente a diversidade da sociedade.

A liberdade religiosa, por sua vez, é comprometida quando símbolos religiosos são cooptados para validar agendas políticas. Isso não apenas desrespeita a pluralidade de crenças, mas também abre caminho para o fundamentalismo, onde a fé é utilizada como uma ferramenta de controle político. A separação entre religião e Estado, fundamental para a preservação da liberdade religiosa, é ameaçada quando os líderes políticos utilizam símbolos religiosos como uma estratégia para consolidar poder.

Portanto, há perigo no ultra-conservadorismo que envolve o uso de símbolos nacionais e religiosos no campo político e isso não pode ser subestimado. A prática de rankear esses símbolos em detrimento de um diálogo inclusivo e políticas eficazes representa uma ameaça à saúde da democracia nacional e à liberdade religiosa.

É imperativo que a sociedade esteja ciente desses riscos e defenda uma abordagem mais equilibrada e respeitosa no uso de símbolos que são, em última instância, patrimônio coletivo.

Em um cenário político cada vez mais polarizado como o que ocorre no Brasil, é essencial promover o entendimento mútuo, o respeito à diversidade e a valorização dos princípios democráticos. A reflexão crítica sobre o papel dos símbolos nacionais e religiosos na política e também no campo teológico é um passo fundamental para preservar uma sociedade justa, plural e verdadeiramente democrática.