Maria Leopoldina: conheça o papel da imperatriz na Independência do Brasil - Revista Galileu | História
  • Redação Galileu
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Pintura mostra Leopoldina presidindo a reunião do Conselho de Ministros em 2 de setembro de 1822 (Foto: Wikimedia Commons )

Pintura mostra Leopoldina presidindo reunião do Conselho de Ministros em 2 de setembro de 1822 (Foto: Wikimedia Commons )

Embora seja pouco ressaltado nos livros de história, a Independência do nosso país foi conquista de uma mulher: Dona Maria Leopoldina, arquiduquesa da Áustria nascida no dia 22 de janeiro de 1797.

Primeira esposa de Dom Pedro I, com quem se casou por procuração em 1817, Leopoldina esteve envolvida, primeiro, nas vésperas tensas do Dia do Fico, ocorrido em 9 de janeiro de 1822. A data foi essencial para movimentar a emancipação do Brasil em relação a Portugal, pois foi o momento da história no qual o príncipe regente decidiu ficar no país de modo permanente, a pedido da população.

O príncipe, no entanto, ainda era muito resistente às ideias de separação.“D. Pedro, todas as vezes em que se manifestava, mostrava acatamento às ordens das Cortes e se mostrava pronto a voltar a Lisboa", conta a publicação D. Leopoldina: imperatriz e Maria do Brasil, elaborada em 20017 pela Câmara dos Deputados em comemoração aos 200 anos da vinda da monarca ao Brasil.

Leopoldina, então, exerceu uma influência forte sobre a opinião conservadora do marido. Em uma carta à irmã, Maria Luísa da Áustria (esposa de Napoleão Bonaparte), a arquiduquesa criticava o caráter exaltado do companheiro, ao dizer que ele tinha um “tratamento contraditório, duro e injusto com todas as novas mudanças” e que “tudo que lhe insinua liberdade lhe é odioso".

Em dezembro de 1821, ela se comunicou também com “patriotas brasileiros” que queriam a emancipação política do país, entre eles, o Frei Francisco de Santa Thereza de Jesus Sampaio, do convento de Santo Antônio, no Rio de Janeiro.

Os esforços deram resultado. No Dia do Fico, Dom Pedro I recebeu uma carta da corte de Lisboa, exigindo o retorno dele à terra portuguesa, mas o líder político respondeu negativamente e disse que ficaria no Brasil. "Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico", respondeu o soberano. A vitória foi dos brasileiros, mas da arquiduquesa também.

Maria Leopoldina influenciou Dom Pedro I para que emancipasse o Brasil de Portugal (Foto: Wikimedia Commons )

Maria Leopoldina influenciou Dom Pedro I para que emancipasse o Brasil de Portugal (Foto: Wikimedia Commons )

De princesa a “presidente”

Em 2 de setembro de 1822, Leopoldina foi além e presidiu o conselho de Estado, no Rio de Janeiro, assinando uma recomendação para que Dom Pedro I declarasse a Independência. Ela aproveitou o momento certo, no qual o parceiro estava ausente e fazia uma viagem oficial à província de São Paulo.

Já que o soberano não estava presente, Leopoldina assumia o comando do Brasil de modo interino. Isso aumentou ainda mais o poder político da austríaca. E a mulher letrada e poliglota sabia muito bem das movimentações para que o país fosse recolonizado por Portugal.

Então, assinou o documento da emancipação, com medo de que os conflitos internos piorassem. Nessa decisão, ela considerou também as recomendações do conselheiro de Dom Pedro I, José Bonifácio de Andrada e Silva.

Após a importante assinatura, Leopoldina enviou uma carta ao marido, avisando sobre tudo que ocorreu na sua ausência e solicitando que ele ratificasse a Independência. “O Brasil será em vossas mãos um grande país. O Brasil vos quer para seu monarca. Com o vosso apoio ou sem o vosso apoio ele fará a sua separação. O pomo está maduro, colhei-o já, senão apodrece”, escreveu a soberana. 

Então, naquele dia 7 de setembro, o príncipe regente declarou o Brasil independente, enquanto montado em uma mula nas margens do rio Ipiranga. Ele também estava com dor de barriga, conforme relatado em diversos livros, como “1822”, do escritor Laurentino Gomes.

“O destino cruzou o caminho de D. Pedro em situação de desconforto e nenhuma elegância. Ao se aproximar do riacho do Ipiranga, às 16h30 de 7 de setembro de 1822, o príncipe regente, futuro imperador do Brasil e rei de Portugal, estava com dor de barriga. A causa dos distúrbios intestinais é desconhecida”, escreveu Gomes.