Reis, Rainhas e Presidentes de Portugal
D. Filipe II O
Piedoso [1578-1598-1622]
Filho de Filipe II de Espanha, I de Portugal e da quarta mulher deste, D. Ana
de �ustria, - filha de Maximiano II, imperador da �ustria e da imperatriz
Maria de �ustria, neta do imperador Carlos V e da imperatriz Isabel de
Portugal, filha de D. Manuel I, - Filipe II nasceu na alc��ova de Madrid, a 14
de abril de 1578. � morte da m�e teria tr�s anos de idade, pelo que foi
entregue a uma meia-irm� da rainha, D. Isabel Clara Eug�nia. Havia sido jurado
herdeiro do trono de Portugal nas Cortes de Lisboa de 1582. Sucedeu a seu pai em
1598, a 13 de setembro, como Filipe II, rei de N�poles, da Sic�lia, rei
titular de Jerusal�m, da Sardenha, de Portugal. Foi ainda duque de Mil�o,
conde de Artois, da Borgonha e de Charolais. Aclamado rei de Portugal a 23 dos
mesmos m�s e ano, evidenciou, como seu pai, uma s�lida cultura e uma forte
inclina��o para o desporto, no entanto, totalmente desinteressado dos neg�cios
do �Estado� - neste campo, a verdadeira ant�tese do pai. Al�m do
castelhano e latim, Filipe II de Portugal aprendeu tamb�m o italiano e o franc�s;
ainda: Hist�ria, Filosofia, Cosmografia, Navega��o e Fortifica��es. Dentro
das �reas desportivas, salientavam-se a ca�a, a equita��o e a esgrima. No
que respeita a outras mat�rias e pr�ticas, a dan�a, a m�sica e a pintura. N�o
governando por si s� - nunca fez, ali�s � entregou o Poder nas m�os de
favoritos. D. Crist�v�o de Moura foi seu reposteiro-mor, permitindo as
qualidades de governa��o deste que Filipe II se ausentasse de Portugal. Como
tivesse deixado no Reino um seu valido, o duque de Lerma, que se sobrepunha ao
primeiro, o facto levou a que os Portugueses exteriorizassem um relativo
mal-estar, deixando o Conselho de Portugal de assistir �s cerim�nias em que
intervinham os Conselhos castelhanos. Refira-se que, nesta �poca, era comum
pela Europa a exist�ncia de um primeiro-ministro que, com grande facilidade, ia
tomando conta da governa��o em exclusividade, e permitindo que o seu soberano
se dedicasse a outras actividades que nada tinham de importante para o Pa�s,
excepto a assinatura de documentos da Chancelaria e a representa��o do rei em
cerim�nias mais importantes quer no Reino fosse fora dele. Ainda � de referir
que, com a complexifica��o das cada vez mais variadas tarefas administrativas,
n�o poderiam as mesmas ser entregues, sem um forte aconselhamento a um rei com
fraca prepara��o. Com ele, t�m in�cio os chamados ��ustrias Menores�:
Filipe III, Filipe IV, seu filho, e Carlos II, o neto), os quais n�o puderam
manter o poderio internacional alcan�ado por seus predecessores, Filipe I,
Carlos V e Felipe II (I de Portugal), dando-se in�cio � perda de territ�rios:
as Prov�ncias Unidas em 1621 (reconhecido oficialmente em 1648), Portugal e as
suas col�nias em 1640 (reconhecido em 1668), e em 1659 o Rossilh�o e outras
pra�as nos Pa�ses Baixos.
Em Madrid, eleita capital da Hisp�nia por Filipe I de Portugal, II de Espanha, pai de Filipe II, III de Espanha, o duque de Lerma, Francisco G�mez de Sandoval e Rojas, aio de jovem monarca � o homem mais poderoso da Espanha de ent�o -, (Marqu�s de Cea e Marqu�s de Denia), inaugurou o seu governo absolutista de vinte anos que durou, mais precisamente, de 1598 a 1618, tendo, inclusivamente, conseguido, passar a Corte de Madrid para Valladolid, em 1601, seguido pelo filho, o duque de Uceda, Cristobal de Sandoval e Rojas que esteve no poder entre 1618 e 1621. Visando a substitui��o de todos os conselheiros e outros homens influentes do reinado anterior, Lerma nomeou um novo governador e vice-rei para Portugal � um dos confidentes mais pr�ximos e estadistas mais competentes de Filipe I de Portugal, Crist�v�o de Moura, membro do conselho de �Estado�, camareiro-mor e prestigiado com a eleva��o a marqu�s de Castelo Rodrigo, uma personalidade que foi positivamente notada na conquista de Portugal para a causa Espanhola. D. Crist�v�o governou por dois per�odos: 1600 a 1603 e 1608 a 1612. Foi a melhor garantia da nossa autonomia, tendo lutado pela manuten��o dos privil�gios e imunidades concedidos e reconhecidos por Filipe I. Em Madrid, os dois ministros, pai e filho, intentaram centralizar a administra��o, reduziram a autonomia de Portugal, Catalunha, Arag�o e Navarra, entre outras unidades pol�ticas que constitu�am a monarquia espanhola. Lerma procurou, todavia, favorecer Portugal e cimentar a uni�o com medidas de import�ncia. Tratou do desenvolvimento da Marinha, aboliu os portos secos e as alf�ndegas; abriu os portos de Portugal ao com�rcio ingl�s e, por algum tempo, tamb�m os teve abertos ao com�rcio holand�s, o que pouco durou, princ�pio que s� veio prejudicar o nosso Pa�s. Em 1600, o monarca enviava a Portugal uma comiss�o de tr�s membros, todos Castelhanos, com ordens de fiscalizar a Casa da �ndia e as finan�as em geral. Em 1602, foram indigitados ministros castelhanos para o Conselho de Portugal e para o Conselho da Fazenda, violando, manifestamente, os cap�tulos de 1581, jurados por Filipe I de Portugal. Em 1611, deu-se um violento aumento de impostos extraordin�rios (empr�stimos), a pagar pelos comerciantes e pela classe m�dia, em geral. Medidas impopulares, trazem Filipe II a Portugal, ap�s a queda do valido, muito embora o Conselho de Castela se tivesse oposto. Em 22 de abril de 1619, partiu de Madrid, acompanhado pelo seu filho Filipe, Pr�ncipe das Ast�rias; a 10 de maio, chegou a Oliven�a e a 29 de junho, entrou solenemente em Lisboa. Em 14 de julho seguinte, as Cortes juraram o Pr�ncipe Filipe, filho primog�nito do monarca, como sucessor deste e deu-se in�cio �s sess�es com a assist�ncia habitual dos tr�s estados do Reino, pontificadas pelo soberano. Depois de presidir em Set�bal ao cap�tulo da Ordem de Avis, em Palmela ao de Santiago e, em Tomar, ao da Ordem de Cristo, o rei regressou a Madrid, a 4 de dezembro de 1619. Na costa oriental de �frica, os Holandeses atacaram ferozmente Mo�ambique. No Oriente, for�aram a retirada dos Portugueses das Molucas em 1600, tomaram Ceil�o em 1609 e expulsaram-nos do Jap�o em 1617, ap�s termos tido a�, por cem anos, um shogunato. Os Franceses instalaram-se no Brasil, a saber, no Maranh�o em 1612, onde criaram a Fran�a Equinocial e fundaram a cidade de S�o Lu�s. Em 1615, por�m, foram derrotados por Jer�nimo de Albuquerque. Motivado pela Inquisi��o e pelo fanatismo espanhol n�o perdoara aos Mouros a sua origem e assinou, em 1609, um �dito de expuls�o definitiva de Espanha dos descendentes daqueles, medida fatal para a Pen�nsula, que perdeu perto de um milh�o dos seus habitantes mais produtivos e arruinou a sua agricultura e a sua ind�stria. Especialmente nos reinos de Val�ncia e Arag�o, as classes m�dias daquelas cidades ficaram arruinadas, e o descalabro atingiu, necessariamente, a aristocracia feudal, trazendo consigo consequ�ncias econ�micas desastrosas para Portugal e Espanha. Desde 1608, ali�s, o rei Filipe II de Portugal assinara a divis�o da administra��o da col�nia brasileira em duas partes: no Sul das capitanias do Esp�rito Santo, Rio de Janeiro e S�o Vicente; no Norte, reuniram-se as demais. Em 1612, foi criado o Estado do Maranh�o, subordinado directamente a Lisboa e separado do Estado do Brasil, em 1618. Ordenou, neste mesmo ano, a visita��o do Santo Of�cio ao Brasil e tomou parte da longa guerra territorial e religiosa dos Trinta Anos, iniciada, ent�o, e em que participaria depois, com grande denodo e valentia, seu filho Fernando de �ustria, pilar do governo de seu irm�o, que viria a ser, � morte do pai, Filipe III de Portugal. No reinado de Filipe II, publicaram-se as Ordena��es do Reino, sobre o que se debru�ou logo no come�o do seu governo: as Ordena��es Filipinas, como ficaram conhecidas, em nada mudando as Manuelinas, e que estiveram em vigor at� � publica��o do chamado C�digo de Seabra (do Visconde de Seabra) de 1867. Apesar de as referidas Ordena��es j� se acharem conclu�das em 1597, apenas vieram a ser publicadas seis anos depois, em 1603.
Jo�o Silva de Sousa
Ficha geneal�gica: Nasceu em Madrid a 14 de abril de 1578 e morreu
no
Alcazar em Madrid a 31 de mar�o de 1621 tendo a sua morte sido conhecida em
Portugal a 6 de abril seguinte. Foi sepultado no Real Mosteiro de S. Louren�o,
no Escorial em Madrid.. Casou-se, por procura��o, aos vinte e um anos
de idade, a 13 de novembro de 1598, em Ferrara, It�lia, com D. Margarida
de �ustria-Est�ria ou de Habsburgo, � data com catorze anos, nascida em
Graetz, na Est�ria a 25 de dezembro de 1584 e falecida no Escorial a 3 de outubro
de 1611, filha do arquiduque Carlos de �ustria (1540-1590), e da arquiduquesa
D. Maria da Baviera (1551-1608), aquele, irm�o do Imperador Maximiliano II. A
confirma��o do casamento deu-se em Val�ncia, a 18 de abril de 1599. Do
casamento nasceram: 2. Maria de �ustria, que nasceu em Valladolid em 1 de janeiro de 1603
e morreu na mesma cidade dois meses depois em 1 de mar�o de 1603; 3. Filipe
IV que sucedeu � Coroa (tendo reinado enquanto Filipe III em Portugal at�
1 de dezembro de 1640). 4. Maria Ana de �ustria, nascida em Madrid a 18 de agosto de 1606
tendo morrido em Linz a 13 de maio de 1646, casada com o imperador alem�o
Fernando III 5. Carlos de �ustria que nasceu em Madrid a 15 de setembro de 1607 e morreu na mesma cidade a 30 de julho de 1632; 6. Fernando de �ustria nascido em Madrid em 16 de maio de 1609 e que morreu em Bruxelas a 9 de novembro de 1641. 7. Margarida de �ustria, que nasceu em Lerma a 24 de maio de 1610 e
morreu em Madrid a 11 de mar�o de 1617; 8. Afonso, nascido no Escorial em 22 de setembro de 1611, tendo
morrido em MAdrid em 16 de setembro de 1612)
Bibliografia:
JAVIERRE,
�urea, �Filipe II (1578-1821)�, in Dicion�rio
de Hist�ria de Portugal, dirig. por Joel Serr�o, Vol. III, Lisboa,
Iniciativas Editoriais, 1975, p. 14; MARQUES,
A. H. de Oliveira, Hist�ria de
Portugal, Vol. I Das Origens �s
Revolu��es Liberais, 2.� ed., Lisboa,
Edi��es Agora, 1973; MONTEIRO,
Nuno Gon�alo, �Idade Moderna (S�culos XV-XVIII)�, in Hist�ria
de Portugal, coord. por Rui Ramos, 2.� ed., Lisboa, A Esfera dos Livros,
2010, pp. 271-329; OLIVAL,
Fernanda, D. Filipe II: de cognome �O
Pio�, Lisboa, C�rculo de
Leitores, 2005; RODRIGUES, Martinho Vicente, D. Filipe II, O Pio, Col. Dinastia Filipina. 1598-1621, Lisboa, Academia Portuguesa da Hist�ria, 2009
P�gina modificada em 14 de junho de 2015
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