'Sugar', a boa série com Colin Farrell dirigida por Fernando Meirelles
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Há uma lista comprida de boas razões para o leitor conferir “Sugar”, lançamento da AppleTV+. A principal delas é a ode apaixonada que ela faz aos filmes noir e às histórias de detetive. Trata-se ainda de uma declaração de amor ao cinema. A produção criada por Mark Protosevich bebe nessas fontes e é toda pontuada de citações. Mesmo assim, vai muito além do compilado de referências: apresenta uma trama original e envolvente. São oito episódios, cinco deles dirigidos pelo brasileiro Fernando Meirelles, os outros três, por Adam Arkin. Há cinco disponíveis na plataforma e toda semana entra um novo capítulo.

O personagem central, John Sugar, é majestosamente interpretado por Colin Farrell, ator indicado ao Oscar. Ele, aliás, não é a única figura do elenco que coleciona prêmios importantes. Amy Ryan (Melanie Mackintosh), James Cromwell (Jonathan Siegel) estão em papéis de protagonistas. Até as participações são de luxo. Um exemplo disso é Anna Gun (Margit), conhecida do seriemaníaco por “Breaking bad”, que deu a ela o Emmy.

Sugar — Foto: Appletv+
Sugar — Foto: Appletv+

Farrell interpreta um detetive particular. O personagem evoca vários clichês. Faz caras e bocas, dirige um Corvette conversível vintage e é um fã irrestrito de filmes policiais antigos de Hollywood. Suas entradas em cena são como um repetido pedido de licença para citar.

O enredo começa em Tóquio. Sugar está em missão. Ele busca descobrir o cativeiro de uma criança sequestrada. Quando completa sua tarefa, fica sabendo que tinha sido contratado por um chefão da Yakuza. É quando recebe um caso novo, desta vez, em Los Angeles. Jonathan Siegel, um famoso produtor de cinema, o incumbe de procurar a neta desaparecida.

Olivia (Sydney Chandler) tem problemas com drogas e esse não é o primeiro sumiço dela. Mas o avô intui que dessa vez é diferente e ela corre muito perigo. O detetive abandona a intenção de tirar férias e aceita a tarefa.

O personagem desembarca em Los Angeles. Circula por lugares famosos sempre exercitando sua intuição infalível. Mostra que tem bom coração ao ajudar um morador de rua e, depois, adota o cachorrinho dele.

Sugar é a expressão concreta do herói. Abraçar os clichês com tanta vontade e ao mesmo tempo manter uma distância crítica deles é um desafio que a direção e o ator cumprem com brilho.

A narrativa se fragmenta em subtramas e é toda costurada com cenas de filmes antigos. Os paralelos e analogias são, em geral, diretos e literais. Mais do que amor por um gênero, o roteiro esbanja coragem. É ao mesmo tempo ostentação de cultura cinematográfica e uma mostra de humildade — ao se ajoelhar para as obras a que se refere. Há violência, guinadas, som de saxofone e fumaça de cigarro subindo devagar. A estetização extrema, contudo, deixa um lugar para a emoção: o enredo eletriza. É para assistir degustando, mas também para mergulhar nos mistérios, imaginando quem são os culpados e os inocentes. Não perca.

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