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CINCO NOITES

Após protestos, Globo volta atrás e escala jornalistas para a cobertura do Carnaval

Manoella Mello/TV Globo

Milton Cunha, Karine Xavier e Alex Escobar à frente de objetos de desfile de escolas de samba em foto de divulgação das transmissões de 2024

Milton Cunha, Karine Xavier e Alex Escobar: trio continua no Carnaval, mas influenciadores, não

DANIEL CASTRO

dcastro@noticiasdatv.com

Publicado em 20/5/2024 - 6h10

Bombardeada por telespectadores e apreciadores de Carnaval, a Globo não vai cometer em 2025 o erro de escalar influenciadores para a cobertura dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo. Por determinação de Amauri Soares, diretor dos Estúdios Globo, os repórteres estarão de volta às zonas de concentração e dispersão dos sambódromos das duas cidades.

Outra novidade no Carnaval do próximo ano é que serão cinco dias de desfiles, e não mais quatro. São Paulo continua na sexta e no sábado. O Rio terá um dia a mais, a terça-feira.

Conforme o acordo costurado entre a Globo e a Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro), desfilarão quatro escolas por noite. Isso significa que os espetáculos começarão mais tarde, sacrificando menos a grade da emissora, e terminarão mais cedo.

Karine Alves, Alex Escobar e Milton Cunha foram bem avaliados pela emissora em 2024 e continuarão na apresentação do Carnaval do Rio, mas ainda é dúvida se farão também os desfiles de São Paulo, por causa do cansaço de cinco noites consecutivas. Isso ainda está sendo considerado internamente.

O que já está certo é que jornalistas do quilate de Mariana Gross, Bette Lucchese e Pedro Bassan voltarão aos lugares que lhes pertencem, e não a influenciadores descolados. A Globo avalia que foi um erro abrir mão dos profissionais na cobertura do Carnaval de 2024.

Sem repórteres que conhecem (ou pelo menos estudam) as escolas e seus personagens, a transmissão do Carnaval deste ano foi um grande vazio de informação. Recebeu uma enxurrada de reclamações nas redes sociais, críticas da imprensa especializada e até um protesto da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas).

O que aconteceu com o Carnaval?

A Fenaj publicou em seu site um texto dizendo que foi um "desrespeito aos telespectadores, às escolas e ao Carnaval" o que a Globo fez nos sambódromos de São Paulo e Rio neste ano:

A TV Globo conseguiu invisibilizar o maior espetáculo da Terra com uma cobertura pífia, sem profissionalismo, sem a beleza, os detalhes, as alas, alegorias. A história de cada enredo das escolas do Grupo Especial foi engolida e enterrada por influencers e outras celebridades que não são jornalistas. Um desastre.

Para a Fenaj, a Globo recorreu a influencers porque demitiu centenas de jornalistas em 2022 e 2023 --entre eles Monica Sanches, uma veterana da Sapucaí, para quem faltou seriedade na preparação da cobertura dos desfiles.

"Dos 40 anos da Sapucaí, participei de 30 transmissões, estudando os enredos, os sambas, visitando os barracões, levando essa preparação muito a sério. É o mínimo que se espera de quem vai pra avenida cobrir o maior espetáculo da Terra, né, não?", escreveu ela no Instagram.

O que levou a Globo a tirar os jornalistas dos sambódromos em 2024 foi uma tentativa de reabilitar o Carnaval financeiramente. Depois de vender até cinco cotas de patrocínio, antes da pandemia, a emissora se viu com apenas um único anunciante em 2023, amargando um enorme prejuízo.

Como os jornalistas, por normas de conduta internas, não podem fazer publicidade, a Globo imaginou que poderia atrair anunciantes com influenciadores fazendo entrevistas na frente de banners com várias marcas.

Mas não deu certo. O mercado não comprou essa ideia, e a Globo vendeu só duas das quatro cotas de patrocínio de 2024, arrecadando R$ 59 milhões, ainda insuficientes para cobrir os custos de produção e de direitos.


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