Vacina contra covid-19: o que se sabe até agora sobre os resultados de Oxford

Profissional de saúde com logo da pesquisa de Oxford atrás

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Pesquisas da vacina de Oxford começaram no fim de abril

A vacina contra a covid-19 que está sendo desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford gerou uma resposta "robusta" do sistema imunológico em idosos, de acordo o jornal britânico Financial Times.

Esta faixa etária é um dos grupos de risco da doença causada pelo novo coronavírus.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a vacina de Oxford é uma das dez vacinas contra a covid-19, entre as quase 200 atualmente em desenvolvimento, que já estão na última fase de pesquisa em seres humanos.

Na chamada fase 3, é verificado se elas realmente funcionam, ou seja, são capazes de nos proteger contra o Sars-CoV-2.

A vacina de Oxford também é testada no Brasil, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituto de pesquisa ligado ao Ministério da Saúde.

Há um acordo entre Oxford e o governo brasileiro para a compra de doses e a transferência de tecnologia para a produção nacional desta vacina, caso ela se mostre eficaz.

Estes resultados são referentes às duas primeiras fases da pesquisa, concluídas em maio, e reforçam dados divulgados em julho, que mostraram que a vacina também gerou uma resposta imune robusta em adultos saudáveis.

Estas descobertas são consideradas promissoras, mas não garantem que a vacina de fato funcione, o que está sendo investigado neste momento.

Procurada pelo Financial Times, a Universidade de Oxford não quis comentar sobre o assunto.

Como funciona a vacina de Oxford?

A vacina de Oxford é baseada em uma tecnologia conhecida como vetor viral não replicante.

Ela usa um adenovírus que causa um resfriado em chipanzés e foi modificado em laboratório para não ser capaz de se replicar em células humanas e nos deixar doentes.

Esse adenovírus também é alterado por meio de engenharia genética para passar a carregar em si as instruções para a produção de uma proteína característica do coronavírus, conhecida como espícula.

Ao entrar em nossas células, o adenovírus faz com que elas passem a produzir essa proteína e a exibam em sua superfície, o que é detectado pelo sistema imune, que cria então formas de combater o coronavírus.

Frasco de vacina com logo da AstraZeneca atrás

Crédito, Reuters

Legenda da foto, A farmacêutica AstraZeneca conduz o estudo junto com Oxford

Quais foram os resultados das primeiras fases da pesquisa?

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As duas primeiras fase da pesquisa, realizadas em conjunto no Reino Unido entre abril e maio, investigaram se a vacina é segura e gera uma resposta do sistema imunológico.

Participaram 1.077 voluntários com idades entre 18 e 55 anos, distribuídos aleatoriamente em dois grupos: um recebeu a vacina contra a covid-19 e outro, uma vacina contra meningite.

Nem os pesquisadores nem os participantes sabem em qual grupo cada pessoa está.

Em julho, um estudo publicado no The Lancet mostrou que a vacina de Oxford gerou uma resposta imune robusta. Isso significa que ela foi capaz de levar à produção tanto de anticorpos quanto de células T.

Muito do foco das pesquisas de vacinas contra o Sars-CoV-2 tem sido voltado para os anticorpos neutralizantes.

Estes anticorpos são pequenas proteínas produzidas pelo sistema imunológico que se fixam na superfície dos vírus e impedem que ele infecte células humanas.

Mas eles são apenas uma parte de nossa defesa imunológica. As células T, um tipo de glóbulo branco, ajudam a coordenar o sistema imunológico e são capazes de identificar quais células do corpo foram infectadas e destruí-las.

Quase todas as vacinas eficazes induzem uma resposta de anticorpos e células T.

Segundo o estudo divulgado em julho, os níveis de células T atingiram um pico 14 dias após a vacinação e os níveis de anticorpos, após 28 dias.

Estes níveis se mantiveram altos 56 dias após a vacinação, mas o estudo não durou tempo suficiente para entender quanto tempo exatamente essa resposta imune dura.

A resposta mais forte foi verificada em um subgrupo de dez participantes que receberam duas doses da vacina, o que, de acordo com os pesquisadores, indica que esta pode ser a estratégia mais eficaz de vacinação.

Agora, o Financial Times diz que esta mesma resposta imune robusta foi verificada em idosos, mas os resultados da análise dos dados desta faixa etária ainda não foram oficialmente divulgados.

O estudo publicado em julho também mostrou que a vacina é segura e não provocou nenhum efeito colateral grave.

No entanto, houve efeitos adversos leves: 66% dos voluntários que tomaram a vacina tiveram dor no local da aplicação, 70% relataram fadiga, 68% tiveram dor de cabeça e 17% tiverem febre.

O que está sendo pesquisado agora?

Os resultados positivos das duas primeiras etapas levaram à continuação da pesquisa. Agora, na fase 3, é verificado se a vacina realmente funciona, com a participação de um número bem maior de voluntários.

Estão sendo recrutadas 10,5 mil pessoas no Reino Unido, 30 mil participantes nos Estados Unidos e 2 mil na África do Sul. No Brasil, 8 mil já participam do estudo.

Novamente, eles são divididos em dois grupos e recebem a vacina contra a covid-19 ou a vacina contra meningite. Os cientistas precisam esperar para que os voluntários entrem em contato com o vírus.

Os pacientes serão acompanhados ao longo de um ano e será verificado ao final a proporção de pessoas que ficaram doentes em cada grupo para atestar se a vacina protege ou não contra o Sars-CoV-2.

Frasco de vacina contra a covid-19 sobre fundo vermelho

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Há quase 200 vacinas em teste contra a covid-19, segundo a OMS

Houve algum problema nesta etapa da pesquisa?

Sim, em duas ocasiões.

A pesquisa chegou a ser suspensa em setembro por alguns dias no Reino Unido após ter sido constatado um efeito colateral em um participante.

Detalhes sobre a condição deste voluntário não foram oficialmente divulgadas, mas, de acordo com o jornal americano The New York Times, ele foi diagnosticado com mielite transversa, uma síndrome inflamatória que afeta a medula espinhal e pode ser causada por infecções virais.

Uma análise feita por um comitê independente e a agência reguladora britânica concluiu que seria seguro prosseguir com o estudo.

E, em 21 de outubro, foi confirmado que um dos voluntários do braço brasileiro da pesquisa morreu após contrair covid-19.

O médico João Pedro Feitosa, de 28 anos, fazia parte do grupo que recebeu a vacina contra meningite, de acordo com fontes próximas do estudo ouvidas pela TV Globo.

Após a avaliação de um comitê independente, foi decidido que os testes não seriam suspensos.

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