Comemora��o de Todos os Fi�is Defuntos

1� Missa

2 de Novembro de 2022

 

As leituras escolhem-se entre as que se prop�em para as Missas pelos defuntos (no Leccion�rio: Missas de Defuntos, vol. VIII). Sugerem-se os textos seguintes:

 

 

RITOS INICIAIS

 

C�ntico de entrada: N�s te rogamos, Senhor � M. Lu�s, NRMS, 19-20

cf. 1 Tess 4, 14; 1 Cor 15, 22

Ant�fona de entrada: Assim como Jesus morreu e ressuscitou, tamb�m aos que morrem em Jesus, Deus os levar� com Ele � sua gl�ria. Se em Ad�o todos morreram, em Cristo todos voltar�o � vida.

 

Introdu��o ao esp�rito da Celebra��o

 

Hoje, a Igreja comemora todos os fi�is defuntos, os crist�os que, ao longo dos s�culos, acreditaram e viveram conforme o ensinamento de Jesus, confiaram na miseric�rdia de Deus e esperaram confiadamente na ressurrei��o dos mortos.

Fazemos mem�ria hoje daqueles que nos precederam na f�, celebrando esta Eucaristia na certeza de que Deus conduz para o Seu �Reino de paz, justi�a e alegria� (Rom 17, 14) aqueles que O amam e servem, aqueles que confiam na Sua bondade de Pai.

 

Ora��o colecta: Deus, Pai de miseric�rdia, escutai benignamente as nossas ora��es, para que, ao confessarmos a f� na ressurrei��o do vosso Filho, se confirme em n�s a esperan�a da ressurrei��o dos vossos servos. Por Nosso Senhor...

 

 

Liturgia da Palavra

 

Primeira Leitura

 

Moni��o: A esperan�a da imortalidade e da ressurrei��o, que come�ou a iluminar os homens no Antigo Testamento, dando-lhes for�a para n�o sucumbirem na dor, atinge o seu termo em Jesus Cristo, morto por n�s e ressuscitado para nos comunicar a vida eterna.

 

Job 19,1.23-27a

 

1Job tomou a palavra e disse: 23�Quem dera que as minhas palavras fossem escritas num livro, ou gravadas em bronze 24com estilete de ferro, ou esculpidas em pedra para sempre! 25Eu sei que o meu Redentor est� vivo e no �ltimo dia Se levantar� sobre a terra. 26Revestido da minha pele, estarei de p� na minha carne verei a Deus. 27aEu pr�prio O verei, meus olhos O h�o-de contemplar�.

 

Este pequeno trecho, de irregular transmiss�o textual, � um dos mais citados pela tradi��o crist�; corresponde � resposta de Job �s acusa��es dos seus amigos; � um hino de esperan�a e confian�a em Deus no meio do seu atroz sofrimento, um hino que fica bem real�ado, ao dizer: �palavras escritas� esculpidas em pedra para sempre�.

25 �E no �ltimo dia Se levantar� sobre a terra�. Esta �ltima reformula��o da tradu��o lit�rgica � que antes j� tinha abandonado o texto latino da Vulgata para se cingir ao texto hebraico massor�tico � parece ter querido recuperar um sentido escatol�gico (o da ressurrei��o final), ao n�o referir o adjectivo ��ltimo� a Deus, mas sim a �dia� (substantivo que n�o aparece no hebraico, mas que S. Jer�nimo subentendeu). No entanto, o verbo �Se levantar� (que S. Jer�nimo traduziu na 1� pessoa, referindo-o a Job) segue o texto hebraico.

26 �Na minha carne verei a Deus�. O texto massor�tico tem o seguinte sentido: ainda nesta vida (com a minha carne j� curada) hei-de sentir a protec��o de Deus, o seu amor e bondade (� este o sentido corrente no A. T. de �ver a Deus�). A verdade � que a nova tradu��o lit�rgica, baseada na pauta da Neovulgata, quis manter o sentido escatol�gico do texto, de acordo com o antigo uso do texto na Liturgia dos defuntos. De facto, quando o justo que sofre (Job), haver� de ver plenamente a Deus com a sua carne, ser� na Ressurrei��o (ainda que a doutrina da ressurrei��o n�o apare�a no livro de Job e seja algo ao arrepio desta obra). A Vulgata de S. Jer�nimo tinha uma tradu��o que hoje nenhum cr�tico segue: �Eu sei que o meu Redentor vive e que no �ltimo dia eu hei-de ressuscitar da terra e serei novamente revestido da minha pele e com a minha pr�pria carne verei o meu Deus�. A verdade, por�m, � que estamos diante duma passagem que oferece bastantes dificuldades para a reconstitui��o do texto original e a Nova Vulgata optou por um texto aberto a um sentido escatol�gico, semelhante ao da tradu��o lit�rgica que aqui temos.

 

Salmo Responsorial���� Sl 26 (27), 1.4.7 e 8b e 9a.13-14 (R. 1a ou 13)

 

Moni��o: Em Cristo temos o protetor da nossa vida pois Ele � a nossa luz e salva��o.

 

Refr�o:������� Espero contemplar a bondade do Senhor

�������������������� na terra dos vivos.

 

Ou:�������������� O Senhor � a minha luz e a minha salva��o.

 

O Senhor � minha luz e salva��o:

a quem hei-de temer?

O Senhor � o protector da minha vida:

de quem hei-de ter medo?

 

Uma coisa pe�o ao Senhor, por ela anseio:

habitar na casa do Senhor todos os dias da minha vida,

para gozar da suavidade do Senhor

e visitar o seu santu�rio.

 

Ouvi, Senhor, a voz da minha s�plica,

tende compaix�o de mim e atendei-me.

A vossa face, Senhor, eu procuro:

n�o escondais de mim o vosso rosto.

 

Espero vir a contemplar a bondade do Senhor

na terra dos vivos.

Confia no Senhor, s� forte.

Tem coragem e confia no Senhor.

 

Segunda Leitura

 

Moni��o: Mediante a morte de Jesus Cristo, Deus reconciliou-nos consigo dando-nos a paz e a possibilidade de entrarmos na Sua intimidade. Fundamentada nos m�ritos de Cristo, a nossa esperan�a nunca ser� iludida.

 

2 Cor�ntios 4,14-18 � 5,1

 

14Como sabemos, irm�os, Aquele que ressuscitou o Senhor Jesus tamb�m nos h�-de ressuscitar com Jesus e nos levar� convosco para junto d�Ele. 15Tudo isto � por vossa causa, para que uma gra�a mais abundante multiplique as ac��es de gra�as de um maior n�mero de crist�os para gl�ria de Deus. 16Por isso, n�o desanimamos. Ainda que em n�s o homem exterior se v� arruinando, o homem interior vai-se renovando de dia para dia. 17Porque a ligeira afli��o dum momento prepara-nos, para al�m de toda e qualquer medida, um peso eterno de gl�ria. 18N�o olhamos para as coisas vis�veis, olhamos para as invis�veis: as coisas vis�veis s�o passageiras, ao passo que as invis�veis s�o eternas. 5, 1Bem sabemos que, se esta tenda, que � a nossa morada terrestre, for desfeita, recebemos nos C�us uma habita��o eterna, que � obra de Deus e n�o � feita pela m�o dos homens.

 

A leitura � duma grande riqueza doutrinal e projecta a luz da f� sobre o mist�rio da morte, um mist�rio a que ningu�m pode fechar os olhos, sobretudo na comemora��o do dia de hoje. A esperan�a da ressurrei��o e da gl�ria do C�u, que animava o Ap�stolo Paulo, � a mesma que nos anima a n�s.

16 �Ainda que em n�s o homem exterior se v� arruinando, o homem interior vai-se renovando de dia para dia�. A ant�tese �homem exterior� �homem interior� visa a oposta dualidade da antropologia teol�gica paulina, mais do que a dualidade da antropologia filos�fica grega, embora sem prescindir dela. O homem exterior � o ser humano considerado na sua mortalidade, votado � ru�na e decomposi��o f�sica (cf. v. 7: um fr�gil �vaso de barro�), em contraste com o homem interior, que aqui, mais do que a imortalidade da filosofia grega (a athanas�a: cf. 1Cor 15,53-54; 1Tim 6,16), parece indicar a vitalidade sobrenatural imperec�vel infundida no Baptismo, um princ�pio de santifica��o que possibilita que o homem regenerado se v� renovando de dia para dia, identificando-se cada vez mais com Cristo ressuscitado. A vida dos santos demonstra esta afirma��o paulina: � medida que os seus corpos se v�o consumindo por sofrimentos e penit�ncias corporais, renova-se a sua juventude de alma, a sua alegria. A prop�sito destas no��es, temos que reconhecer que Paulo n�o utiliza nos seus escritos um modelo antropol�gico �nico; com efeito, embora a sua forma��o seja radicalmente hebraica, ele, ao dirigir-se ao mundo helen�stico, tamb�m se serve de categorias do pensamento filos�fico grego corrente. Daqui prov�m, �s vezes, alguma dificuldade de interpreta��o dos seus textos, cuja antropologia n�o se pode absolutizar.

5,1 �Tenda... morada terrestre...� Tenda (sk�nos), designa no mundo grego o corpo, como inv�lucro da alma, uma alus�o ao car�cter provis�rio da nossa morada terrestre, em contraposi��o com o corpo j� ressuscitado e glorioso, � maneiro do de Cristo. Que Paulo admite uma escatologia individual e interm�dia, distinta da ressurrei��o final, � uma coisa que fica bem clara neste mesmo cap�tulo 5 da 2� aos Cor�ntios �preferimos exilar-nos do corpo para ir morar junto de Cristo� (cf. Declara��o da Congrega��o para a Doutrina da F� em 17-5-79; ver texto em CL, ano C (1979-80), n.� 11/12, pp. 1698-1700).

 

Aclama��o ao Evangelho�������

 

Moni��o: A vontade de Deus � que todos os homens sejam salvos. A salva��o alcan�a-se pela f� em Cristo Jesus.

 

Aleluia

 

C�ntico: C. Silva/A. Cartageno, COM, (pg 113)

 

Bendito sejais, � Pai, Senhor do c�u e da terra,

porque revelastes aos pequeninos os mist�rios do reino.

 

 

Evangelho

 

S�o Mateus 11,25-30

 

25Naquele tempo, Jesus exclamou: �Eu Te bendigo, � Pai, Senhor do c�u e da terra, porque escondeste estas verdades aos s�bios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. 26Sim, Pai, Eu Te bendigo, porque assim foi do teu agrado. 27Tudo Me foi dado por meu Pai. Ningu�m conhece o Filho sen�o o Pai e ningu�m conhece o Pai sen�o o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. 28Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. 29Tomai sobre v�s o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de cora��o, e encontrareis descanso para as vossas almas. 30Porque o meu jugo � suave e a minha carga � leve�.

 

A leitura � uma das mais belas ora��es de Jesus que aparecem nos Evangelhos, um hino de louvor e de ac��o de gra�as, que tamb�m aparece em Lc 10,21-24.

25-27 �S�bios e inteligentes� (prudentes) s�o os s�bios orgulhosos, que confiam apenas na sua sabedoria; autossuficientes, julgam poder salvar-se com os seus pr�prios recursos de intelig�ncia e poder. Os �pequeninos� s�o os humildes, abertos � f�, capazes de vis�o sobrenatural. A revela��o divina s� pode ser aceite e captada pela f�. Uma ci�ncia soberba impede de aceitar a loucura divina da Cruz (cf. 1Cor 1,19-31). Jesus reivindica para Si um conhecimento do Pai (Deus) perfeitamente id�ntico ao conhecimento que o Pai tem do Filho (Jesus), e isto porque Ele, e s� Ele, � o Filho, igual ao Pai, Deus com o Pai.

28-30 Palavras estas maravilhosas, que nos patenteiam os sentimentos do Cora��o de Cristo. O povo andava �cansado e oprimido� com as minuciosas exig�ncias da lei antiga e das tradi��es que os fariseus e doutores da lei impunham com todo o rigorismo do seu frio e insuport�vel legalismo que oprimia a liberdade interior e roubava a paz ao cora��o. Jesus n�o nos dispensa de levar o seu �jugo� e a sua �carga�, mas n�o quer que nos oprima, pois quer que O sigamos por amor, e �para quem ama � suave; pesado, s� para quem n�o ama� (Santo Agostinho, Serm�o 30, 10). O mesmo Santo Agostinho comenta esta passagem: �qualquer outra carga te oprime e te incomoda, mas a carga de Cristo alivia-te do peso. Qualquer outra carga tem peso, mas a de Cristo tem asas. Se a uma ave lhe tirares as asas, parece que a alivias do peso, mas, quanto mais lhas tirares, mais esta pesa; restitui-lhe o peso das suas asas, e ver�s como voa� (Serm�o 126, 12).

 

(N. B. � H� outras possibilidades de leituras para a 2� e a 3� Missa)

 

Sugest�es para a homilia

 

1. Celebrar a alegria da ressurrei��o

2. Orar por todos

3. Olhar para Aquela que roga por n�s na hora da nossa morte

 

1. Celebrar a alegria da ressurrei��o

 

A Igreja celebra hoje o dia dos Fi�is Defuntos, festa que j� � celebrada desde o s�culo XI. E embora seja um dia que traz alguma tristeza pela saudade e mem�ria dos nossos entes queridos que j� partiram, esta celebra��o � sobretudo para nos levar � esperan�a, � um convite a viver com f� e certeza a eternidade que nos espera.

A liturgia celebra os defuntos n�o para nos assustar, mas para nos levar a descobrir o verdadeiro sentido da vida e lembrar a grande verdade da nossa f�: a ressurrei��o. Por isso, Tertuliano dizia: �A esperan�a crist� � a ressurrei��o dos mortos; tudo aquilo que somos, somo-lo na medida em que acreditamos na ressurrei��o�.

Isto mostra bem a liga��o que existe entre ambas realidades e que S�o Paulo explica bem quando afirma: �Se acreditamos que Jesus morreu e ressuscitou, do mesmo modo, Deus levar� com Jesus os que em Jesus tiverem morrido� (1 Tes 4, 14). De facto, todos os que morrem em Cristo, com Ele h�o de viver e reinar eternamente (cf. 1 Tes 4, 14; 1 Cor 15, 22).

�, portanto, a alegria, n�o o medo ou a ang�stia, que hoje a palavra de Deus nos quer comunicar, a alegria de quem recebeu do alto a luz da P�scoa que ilumina cada sepulcro.

Comemoramos em a��o de gra�as a morte porque acreditamos na ressurrei��o. Porque sabemos, e de fonte segura, que �se esta tenda for desfeita, recebemos nos C�us uma habita��o eterna, que � obra de Deus� (2 Cor 5, 1).

Comemoramos os fi�is defuntos porque acreditamos que, embora tenham morrido, eles acreditavam em Cristo, como n�s, hoje, e por isso, apesar de mortos, vivem! Pois �todo aquele que vive e acredita [em Cristo], nunca morrer� (cf. Jo 11,26). Isto explica as flores com que nestes dias se adornam os t�mulos, pois s�o sinal de vida e de esperan�a.

Assim, hoje celebramos a vida e n�o propriamente a morte; celebramos a esperan�a e n�o o desespero; celebramos uma doce tristeza duma separa��o que � alegria da entrada numa nova vida: o C�u, o Reino de Deus!

 

2. Orar por todos

 

E nestes dias, os crist�os e as fam�lias v�o aos cemit�rios, onde jazem os restos mortais dos seus parentes, na expectativa da ressurrei��o final. Por esta raz�o, oferecemos a Eucaristia por todos os nossos familiares e amigos j� falecidos. Pensamos, de maneira particular, naqueles que, durante o ano passado, deixaram este mundo.

Mas o dia de hoje exige tamb�m que n�o esque�amos na ora��o as almas de muitos defuntos que ningu�m recorda, para os confiar ao abra�o da Miseric�rdia divina. Rezo sobretudo pelas v�timas da viol�ncia, dos conflitos e tantos acontecimentos sangrentos que continuam a afligir a humanidade. A comemora��o de todos os defuntos n�o pode deixar de ser uma invoca��o de paz conjunta: paz para quem j� viveu, paz para quem vive e paz para quem h� de viver.

 

3. Olhar para Aquela que roga por n�s na hora da nossa morte

 

O nosso olhar, neste dia volta-se por fim para a M�e de Jesus e nossa m�e. Na gl�ria do Para�so resplandece a Virgem Maria, que Cristo coroou como Rainha dos Santos. � para Ela, "sinal de esperan�a segura e de consola��o" (LG 68), que olha a Igreja. A Nossa Senhora confiamos todos os defuntos para que os conduza � serena paz do para�so. Que Ela tamb�m esteja presente na nossa vida para nos acompanhar rumo � P�tria definitiva e �rogue por n�s, pecadores, agora e na hora de nossa morte�.

 

 

(um exemplo facultativo que pode servir para as outras homilias)

 

Morte do Francisco, vidente de F�tima

 

Todos conhecemos os desejos ardentes que os pastorinhos tinham de ir para o C�u. No dia 13 de Junho de 1917, a L�cia, a certa altura, falou assim a Nossa Senhora:

- Queria pedir-Lhe para nos levar para o C�u.

Nossa Senhora respondeu:

- A Jacinta e o Francisco levo-os em breve!

O Francisco, no meio das suas dores repetia que o seu maior desejo era ir quanto antes para junto de Nossa Senhora. Na v�spera da sua morte, disse � L�cia:

- V�s, estou muito mal; falta-me pouco para me ir embora!

- Quando chegares ao C�u n�o te esque�as de pedir muitas gra�as para os pecadores, para o Papa, para mim, para a Jacinta.

- Sim, pedirei, mas diz isso tamb�m � Jacinta, porque tenho medo de me esquecer quando vir Nosso Senhor! Antes de tudo, quero consol�-Lo.

O Francisco fez a Primeira Comunh�o no seu leito de morte. Nessa manh�, depois de comungar disse � irm�zinha:

- Hoje sou mais feliz do que tu, pois tenho a Jesus dentro do meu cora��o! Vou para o C�u. Quando l� chegar, pedirei muito a Nosso Senhor e a Nossa Senhora que te levem depressa para junto de mim.

N�o podendo j� rezar, pedia aos outros que rezassem o Ter�o em voz alta. � noite, L�cia despediu-se dele j� moribundo.

- Adeus, Francisco. Se fores esta noite para o C�u, n�o te esque�as de mim, ouviste?

- Est� sossegada, n�o te esquecerei.

- Ent�o, adeus. At� ao C�u.

Na manh� seguinte, 4 de abril de 1919, pelas seis horas, Francisco disse � m�e:

- � m�e, olhe que linda luz est� ali ao p� da porta!

O rosto ficou com um sorriso ang�lico e sem agonia ou gemidos, expirou suavemente! Ainda n�o tinha onze anos.

Morrer assim � privil�gio dos prediletos da Virgem Maria!

 

Fala o Santo Padre

 

�A identidade do crist�o � esta: as Bem-Aventuran�as. N�o h� outra.

Se fizeres isto, se viveres assim, �s crist�o. Ou vives assim, ou n�o �s crist�o. Simplesmente! O Senhor disse isto.�

A celebra��o da festa de todos os mortos numa catacumba � para mim � a primeira vez na vida que entro numa catacumba, � uma surpresa � diz-nos tantas coisas. Podemos pensar na vida dessas pessoas, que tiveram que se esconder, que tiveram essa cultura de enterrar os mortos e celebrar a Eucaristia aqui... � um momento de m� hist�ria, mas que n�o foi superado: ainda hoje h� alguns. H� muitos deles. Muitas catacumbas em outros pa�ses, onde at� t�m que fingir ter uma festa ou um anivers�rio para celebrar a Eucaristia, porque nesse lugar � proibido fazer isso. Ainda hoje h� crist�os perseguidos, mais do que nos primeiros s�culos. Isto � as catacumbas, a persegui��o, os crist�os � e estas Leituras fazem-me pensar em tr�s palavras: identidade, lugar e esperan�a.

A identidade destas pessoas que aqui se reuniram para celebrar a Eucaristia e louvar o Senhor � a mesma que a dos nossos irm�os de hoje em muitos, muitos pa�ses onde ser crist�o � um crime, � proibido, n�o t�m direito. O mesmo. A identidade � esta que ouvimos: s�o as Bem-Aventuran�as. A identidade do crist�o � esta: as Bem-Aventuran�as. N�o h� outro. Se fizeres isto, se viveres assim, �s crist�o. �N�o, mas olha, eu perten�o a essa associa��o, a essa outra... eu sou deste movimento...�. Sim, sim, sim, todas estas coisas s�o boas, mas s�o fantasias diante desta realidade. O teu documento de identidade � este [indica o Evangelho], e se n�o o tiveres, de nada servem os movimentos ou outras perten�as. Ou vives assim, ou n�o �s crist�o. Simplesmente! O Senhor disse isto. �Sim, mas n�o � f�cil, n�o sei como viver assim...�. H� outra passagem do Evangelho que nos ajuda a entender melhor isto, e aquele trecho do Evangelho ser� tamb�m o �grande protocolo� segundo o qual seremos julgados. � Mateus 25. Com estas duas passagens do Evangelho, das Bem-Aventuran�as e do grande protocolo, mostraremos, vivendo isto, a nossa identidade de crist�os. Sem isto n�o h� identidade. H� a fic��o de ser crist�o, mas n�o a identidade.

Esta � a identidade do crist�o. A segunda palavra: o lugar. Aquelas pessoas que vieram aqui para esconder, para estar a salvo, at� para enterrar os mortos; e aquelas pessoas que hoje celebram a Eucaristia secretamente, nos pa�ses onde isso � proibido... Penso naquela religiosa na Alb�nia que estava num campo de reeduca��o, na �poca comunista, e aos sacerdotes era proibido distribuir os sacramentos, e aquela religiosa batizava secretamente. As pessoas, os crist�os sabiam que aquela religiosa batizava e as m�es aproximavam-se dela com os filhos; mas ela n�o tinha um copo, algo onde colocar a �gua... Ent�o fazia-o com o sapato: tirava a �gua do rio e batizava com o sapato. O lugar do crist�o est� um pouco em toda a parte, n�o temos um lugar privilegiado na vida. Alguns querem t�-lo, s�o crist�os �qualificados�. Mas eles correm o risco de ficar com o �qualificados� e abandonar o �crist�o�. Qual � o lugar dos crist�os? �As almas dos justos est�o nas m�os de Deus� (Sb 3, 1): o lugar do crist�o est� nas m�os de Deus, onde Ele quiser. As m�os de Deus, que s�o feridas, que s�o as m�os do seu Filho que quis levar consigo as feridas para que fossem vistas pelo Pai e intercedessem por n�s. O lugar do crist�o � na intercess�o de Jesus diante do Pai. Nas m�os de Deus. E a� temos a certeza, o que acontece, at� a cruz. A nossa identidade [o Evangelho indica] diz que seremos aben�oados se nos perseguirem, se disserem tudo contra n�s; mas se estivermos nas m�os de Deus feridos de amor, estamos certos. Esta � a nossa casa. E hoje podemos perguntar-nos: mas onde me sinto mais seguro? Nas m�os de Deus ou com outras coisas, com outras certezas que �emprestamos� mas que no final decair�o, que n�o t�m consist�ncia? Estes crist�os, com este bilhete de identidade, que viveram e vivem nas m�os de Deus, s�o homens e mulheres de esperan�a. E esta � a terceira palavra que me vem hoje: esperan�a. Ouvimo-lo na segunda leitura: aquela vis�o final onde tudo � refeito, onde tudo � recriado, aquela p�tria onde todos n�s iremos. E para entrar l� voc� n�o precisa de coisas estranhas, voc� n�o precisa de atitudes sofisticadas: voc� s� precisa mostrar sua carteira de identidade: �Tudo bem, v� em frente�. A nossa esperan�a est� no c�u, nossa esperan�a est� ancorada ali e n�s, com a corda nas nossas m�os, nos apoiamos olhando para aquela margem do rio que temos que atravessar.

Identidade: Bem-Aventuran�as e Mateus 25. Lugar: o lugar mais seguro, nas m�os de Deus, cheio de amor. Esperan�a, futuro: a �ncora, ali, na outra margem, mas eu bem me agarro � corda. Isto � importante, sempre agarrado � corda! Muitas vezes s� veremos a corda, nem mesmo a �ncora, nem mesmo a outra margem; mas tu, agarrado � corda, chegar�s a salvo!

 Papa Francisco, Homilia, Catacumbas de Priscila, Roma, 2 de novembro de 2019

 

Ora��o Universal

 

Irm�os e irm�s:

dirijamos a nossa ora��o a Deus Pai todo-poderoso,

que ressuscitou dentre os mortos a Jesus Cristo, seu Filho e Senhor nosso,

e pe�amos-Lhe a salva��o e a paz para os vivos e os defuntos.

Digamos confiantes:

 

R. Senhor, escutai a nossa prece.

 

1.              Pela Igreja de Deus,

para que testemunhe sempre diante de todos os homens

a sua f� em Cristo morto e ressuscitado,

oremos ao Senhor:

 

2. Pelos bispos e sacerdotes que exerceram na Igreja o minist�rio sagrado,

para que participem da liturgia do c�u,

oremos ao Senhor:

 

3. Pelos nossos irm�os que sofrem no corpo ou na alma,

para que o Senhor os ajude e console,

oremos ao Senhor:

 

4. Por todos os nossos entes j� falecidos,

que receberam no batismo a semente da vida eterna

e se nutriram do Corpo de Cristo, p�o da vida eterna,

para que sejam recebidos na comunh�o dos Santos,

oremos ao Senhor:

 

5. Pelas almas dos nossos parentes e dos que nos fizeram o bem,

para que Deus lhes conceda o pr�mio por seus trabalhos,

oremos ao Senhor:

 

6. Por todos n�s aqui reunidos com f� e devo��o,

para que o Senhor nos re�na um dia no Seu Reino glorioso,

oremos ao Senhor:�

 

Senhor, que a nossa ora��o possa socorrer

as almas dos vossos fi�is defuntos;

libertai-as de todos os pecados

e acolhei-as no esplendor da vossa face.

Por Cristo, nosso Senhor. Am�m.

 

 

Liturgia Eucar�stica

 

C�ntico do ofert�rio: Felizes os homens � M. Sim�es, NRMS, 11

 

Ora��o sobre as oblatas: Aceitai com bondade, Senhor, as nossas ofertas e fazei que os vossos fi�is defuntos sejam recebidos na gl�ria do vosso Filho, a quem nos unimos neste sacramento de amor. Por Nosso Senhor...

 

Pref�cio dos Defuntos: p. 509 [652-764] e pp. 510-513

 

Santo: C. Silva � COM, (pg 193)

 

Moni��o da Comunh�o

 

A Eucaristia � o ato mais perfeito de sufr�gio. Nela est� Jesus, sacerdote e v�tima que se oferece por todas as nossas necessidades. Nela recebemos o P�o da vida. Por ela suplicamos ao Senhor da vida que acolha os nossos irm�os defuntos como prim�cias da nossa peregrina��o.

 

C�ntico da Comunh�o: Eu sou a ressurrei��o e a vida � M. Faria, NRMS, 19-20

Jo 11, 25-26

Ant�fona da comunh�o: Eu sou a ressurrei��o e a vida, diz o Senhor. Quem cr� em Mim, ainda que tenha morrido, viver�. Quem vive e cr� em Mim viver� para sempre.

 

C�ntico de ac��o de gra�as: Aquele que vive e cr� em Mim � A. Oliveira, NRMS, 144

 

Ora��o depois da comunh�o: Concedei, Senhor, que os vossos servos defuntos por quem celebr�mos o mist�rio pascal sejam conduzidos � vossa morada de luz e de paz. Por Nosso Senhor.

 

 

Ritos Finais

 

Moni��o final

 

Como crist�os n�o podemos viver vacilantes e dominados pelo temor. Conhecemos bem o amor de Deus por n�s. Essa seguran�a enche-nos de santo orgulho e de esperan�a, d�-nos for�a e coragem para enfrentar as dificuldades da vida; faz com que nos entreguemos �s causas nobres e justas, a servi�o dos irm�os, tentando construir um mundo de justi�a e de paz.

 

C�ntico final: Eu sei que o meu redentor vive � M. Faria, NRMS, 19-20

 

 

Celebra��o e Homilia:������ Nuno Westwood

Nota Exeg�tica:��������������� Geraldo Moruj�o

Sugest�o Musical:����������� Jos� Carlos Azevedo

 


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