De Antonieta de Barros a Zilda Arns: conheça mulheres pioneiras de Santa Catarina | Santa Catarina | G1

Por Joana Caldas, g1 SC e NSC


Mulheres pioneiras de Santa Catarina — Foto: Montagem/Acervo/Reprodução/Wilson Dias/Agência Brasil/Vicente Schmitt/Agência AL/Célio Júnior/Ag. Estado/Frederic J. Brown/AFP/Getty Images

De Antonieta de Barros a Zilda Arns, Santa Catarina teve diversas mulheres que foram pioneiras de alguma forma. Conheça sete delas e o que fizeram para deixar uma marca na história.

Antonieta de Barros

Antonieta de Barros, a primeira mulher negra eleita deputada no Brasil. A professora e jornalista nasceu em 1901 na antiga Desterro, hoje Florianópolis, e foi eleita deputada na Assembleia Legislativa de Santa Catarina em 1934.

Em 1948, um projeto de lei de Antonieta criou o Dia do Professor, com feriado escolar em 15 de outubro, em Santa Catarina. O estado catarinense foi um dos primeiros no país a reservar a data para os professores.

Antonieta de Barros foi a primeira parlamentar negra do Brasi — Foto: Acervo familiar

A data escolhida faz referência a 15 de outubro de 1827, quando o imperador D. Pedro I lançou o decreto que instituiu o Ensino Elementar no Brasil. O documento previa as diretrizes curriculares e as condições de trabalho dos professores.

O nome de Antonieta de Barros foi aprovado para entrar no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados em junho de 2022.

A heroína da pátria também é inspiração para o projeto "Antonietas", da NSC (conheça mais abaixo).

Mural homenageia Antonieta de Barros no Centro de Florianópolis — Foto: Gabriel Vanini/Divulgação

Guerreira e republicana, Anita Garibaldi rompeu os padrões da época. Filha de uma família pobre que transitava entre o litoral de Laguna e o sertão tropeiro de Lages, Anita nasceu no bairro Morrinhos — hoje Anita Garibaldi, em Tubarão, no Sul catarinense, em 30 de agosto de 1821.

Na época, o Brasil vivia em um regime regencial depois da volta de Dom João e Dom Pedro I para Portugal. Depois da batalha vitoriosa, o italiano Giuseppe Garibaldi, que tinha fugido do país-natal por estar ameaçado de morte, viu uma jovem do seu barco.

Pintura de Dakir Parreiras retrata Anita Garibaldi com filho bebê no colo — Foto: Reprodução/RBS TV


Ele desembarcou na cidade para conhecer a moça. Durante um café, os dois se encontraram e foi aí que Garibaldi passou a chamar Ana de Anita.

Depois de conquistarem Laguna, as tropas republicanas queriam ir em direção ao Norte. Em outubro, Anita decidiu entrar em missão junto com Garibaldi, uma ação audaciosa e impensáveis para moças da época.

Zilda Arns

O nome da catarinense Zilda Arns Neumann foi inscrito no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria no ano passado. Indicada três vezes ao Prêmio Nobel da Paz, a médica pediatra e sanitarista atuou no combate à mortalidade infantil e incentivou o trabalho voluntário.

Zilda Arns — Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Nascida em 25 de agosto de 1934, em Forquilhinha, no Sul de Santa Catarina, a médica foi uma das fundadoras da Pastoral da Criança. Ela morreu em janeiro de 2010, após o terremoto que atingiu o Haiti.

Zilda Arns trabalhou junto às comunidades católicas e treinou voluntários para ensinar mães das camadas mais vulneráveis do país a usar o soro caseiro. O trabalho da catarinense também beneficiou os idosos. Em 2004, ela fundou a Pastoral da Pessoa Idosa.

Maura de Senna Pereira

Maura foi a primeira mulher a entrar para a Academia Catarinense de Letras. Tornou-se conhecida como uma das jornalistas pioneiras de Santa Catarina e ingressou como a primeira mulher membro da Academia Catarinense de Letras em 1930. Ela nasceu em Florianópolis.

Maura de Senna Pereira, primeira mulher a entrar para a Academia Catarinense de Letras — Foto: Reprodução/Douglas Santos/Academia Catarinense de Letras

Maura havia estudado para ser professora e começou a trabalhar no magistério, mas logo passou a colaborar em jornais e revistas. Teve uma longa e destacada trajetória nos periódicos catarinenses e cariocas (já que morou no Rio de Janeiro) a partir de 1923, fazendo reportagens, assinando seções e colunas.

Como escritora, Maura estreou em 1931, com a publicação do livro “Cântaro de Ternura”. Dezoito anos depois, lançou a primeira edição de poesias, com “Poemas do Meio-Dia”. Em 1962, publicou uma coletânea de poesias sobre um mundo idealizado onde exista igualdade, justiça social e convivência harmoniosa junto à natureza: o livro “País de Rosamor”.

Uda Gonzaga

Maria de Lourdes da Costa Gonzaga, conhecida como Uda Gonzaga, foi a primeira pessoa negra a integrar o Conselho Estadual de Educação de Santa Catarina, conforme o próprio órgão, em 1986.

Uda Gonzaga foi a primeira pessoa negra a integrar o Conselho Estadual de Educação de Santa Catarina — Foto: CEE/SC/Divulgação

Ela nasceu em 30 de junho 1938 na comunidade do Monte Serrat, em Florianópolis, onde mora até hoje. Ela foi professora por 30 anos nesse local, de acordo com a Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc).

Além da educação, ela é reconhecida pelo trabalho no combate à pobreza e inclusão social na cidade. Em 2021, ela recebeu uma moção de aplausos na Alesc.

Uda Gonzaga durante cerimônia de moção de aplausos na Alesc — Foto: Vicente Schmitt/Agência AL/Divulgação

No samba, foi destaque como a primeira mulher a ser presidente da escola de samba de Florianópolis Embaixada Copa Lord.

Ana Moser

Ana Beatriz Moser é de Blumenau, no Vale do Itajaí, o jogou vôlei pela seleção brasileira. Ela estava na equipe que conquistou a primeira medalha olímpica do esporte pelo time feminino do Brasil.

Segundo o Comitê Olímpico brasileiro, Moser é conhecida por sua liderança dentro e fora da quadra. Começou a jogar vôlei aos 7 anos. Aos 16, transferiu-se para São Paulo após ter sido convocada pela primeira vez para a seleção infanto-juvenil.

Ana Moser nas Olimpíadas de Atlanta, em 1996 — Foto: Célio Júnior/Ag. Estado

Chegou à equipe principal em 1987, disputando três edições dos Jogos Olímpicos: Seul 1988, Barcelona 1992 e Atlanta 1996. Conquistou a tão sonhada medalha olímpica na Grécia. Em 1994, já havia obtido a inédita prata em Mundiais.

Meses antes dos Jogos de Atlanta, ela sofreu uma grave lesão no joelho e precisou ser operada. Mesmo assim, disputou a competição. As contusões abreviaram a carreira dela e Moser despediu-se das quadras em 1999.

Posse de Ana Moser no Ministério do Esporte — Foto: Ronaldo Caldas/Ministério do Esporte

Ana Moser, no entanto, nunca se afastou do esporte, dedicando-se principalmente a projetos sociais e à política esportiva. Em dezembro de 2022, tornou-se Ministra dos Esportes, cargo que ocupou até setembro de 2023.

Andréia dos Santos (Maycon)

Andréia dos Santos, conhecida como Maycon, foi a única catarinense a conquistar medalhas olímpicas pela seleção brasileira de futebol. Ela nasceu em Lages, na Serra de Santa Catarina.

Jogadora Maycon na Copa do Mundo de 2007 — Foto: Frederic J. Brown/AFP/Getty Images

Ela contou que precisou da ajuda dos familiares para seguir na carreira. "Sem o apoio da minha família, eu não conseguiria nem sair de Lages porque era uma época muito complicada. Minha irmã mais velha trabalhava e deu o salário dela para eu ir para São Paulo tentar ser jogadora. Minha família sempre me apoiou", disse.

Maycon foi medalha de prata na Olimpíadas de Atenas e Pequim e no Pan de Guadalajara. Conquistou o ouro no Pan de Santo Domingo e do Rio de janeiro. E ainda o segundo lugar na Copa do Mundo de 2007.

Ex-jogadora da seleção brasileira Maycon — Foto: Reprodução/NSC TV

Atualmente, a jogadora está aposentada. Após parar de jogar nos gramados, durante um tempo seguiu à beira dele. Hoje está envolvida com várias modalidades do esporte de Lages.

Projeto Antonietas

Lançado em 2 de maio, o projeto Antonietas, da NSC TV, visa ampliar voz, espaço e visibilidade a mulheres catarinenses que são destaque em suas áreas de atuação.

O projeto, inspirado em Antonieta de Barros, terá conteúdos em todas as mídias, com múltiplos formatos. Mulher, jornalista, negra, professora e uma das primeiras mulheres a serem eleitas no Brasil, Antonieta teve, entre seus ideais, a emancipação feminina, firmada em 1979.

A iniciativa surge com um holofote perene e apolítico inclinado para exemplos, histórias reais, iniciativas, discussões comportamentais que valorizam a mulher e a colocam no lugar onde sempre deveria ter estado: o de paridade.

A partir deste lançamento, serão veiculados conteúdos que valorizam a força da mulher catarinense e, sobretudo, contam suas histórias inspiradoras e desafios enfrentados no decorrer do caminho.

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