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Novo filme de Alex Garland, Guerra Civil (2024) oferece uma perspectiva única de um futuro distópico onde os Estados Unidos enfrentam um novo conflito interno.

A trama segue a jornada da fotojornalista Lee Smith (Kirsten Dunst) e seu colega Joel (Wagner Moura) em meio ao caos da guerra. Ao lado de seu mentor Sammy (Stephen McKinley Henderson) e da novata fotógrafa Jessie Cullen (Cailee Spaeny), eles cruzam o país com o intuito de ir até Washington, D.C., para conseguir entrevistar o Presidente.

Fotojornalismo é o grande foco de Guerra Civil (Reprodução/A24)

O público acompanha os relacionamentos que se desenvolvem durante esta viagem em meio a zona de conflito, no calor da guerra, e a história, ao procurar registrar tudo o que acontece de forma imparcial, dá a nítida impressão de que os produtores estudaram a fundo a relação de fotojornalistas reais trabalhando nos maiores combates da humanidade para desenvolver os personagens.

Referências a imagens reais estão por toda parte, capturadas de conflitos como o genocídio em Ruanda, a Guerra Civil do Sudão e até a Segunda Guerra Mundial. Essa característica de tentar representar fielmente a realidade da guerra nos transporta para uma experiência imersiva que é impulsionada pela incrível edição de som e trilha sonora, que realça ainda mais a brutalidade.

Pôster de Guerra Civil
Filme constrói tensão a partir de retrato cru de uma zona de guerra (Reprodução/A24)

A premissa sugere uma narrativa densa e uma reflexão contundente sobre a polarização política, um tema extremamente relevante atualmente. No entanto, é importante notar que o filme se mantém neutro em relação a essas questões. Portanto, se você espera uma análise detalhada sobre como seria um conflito semelhante presentemente, talvez fique desapontado com a abordagem da produção.

Isso porque Alex, roteirista de produções incríveis como Extermínio (2002), Ex_Machina: Instinto Artificial (2014) e Juiz Dredd (2012), chega com uma ideia geral muito complexa para ser tratada de forma coerente. O que resta é apenas entretenimento baseado em uma homenagem ao fotojornalismo de guerra e a espetacularização da destruição e da violência.

Nick Offerman é o presidente do Estados Unidos em Guerra Civil (Reprodução/A24)

O barulho dos tiros em Guerra Civil (2024) é agressivo e feito para causar impacto. Ao contrário de muitos filmes, onde os sons das armas são abafados ou modificados, aqui eles são realistas e vão te fazer pular na cadeira.

Além disso, o formato da tela não é o padrão panorâmico 16:9, mas sim um pouco mais quadrado e limpo, como se estivéssemos vendo através da lente de uma câmera profissional. Essa combinação, aliada a uma excelente edição, enriquece cada cena. E, claro, assistir em uma tela de cinema grande com áudio de alta qualidade só intensifica essa experiência.

Wagner Moura em Guerra Civil
Som é elemento "perturbador" em Guerra Civil (Reprodução/A24)

Em síntese, Guerra Civil (2024) evita mergulhar nas questões políticas subjacentes em meio sua espectacularidade visual, optando por oferecer entretenimento puro e simples aproveitando-se da imparcialidade exigida pela profissão dos personagens. Isso pode desapontar os espectadores em busca de uma análise mais profunda, mas ainda assim, o filme brilha como uma experiência cinematográfica envolvente, repleta de pirotecnia e imagens poderosas.

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Nota 8


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