A Fisga: A ascensão de Guilherme III ao trono inglês após a Revolução Gloriosa de 1688

sábado, 20 de abril de 2024

A ascensão de Guilherme III ao trono inglês após a Revolução Gloriosa de 1688



A Revolução Gloriosa foi um movimento contra o poder absolutista de Jaime II. Ao fortalecer os católicos, o rei entrou em confronto com o Parlamento, que defendia a formação de uma monarquia constitucional e praticante do puritanismo, ou seja, da religião calvinista. Isso levou à deposição do rei Jaime II, o qual foi substituído por sua filha Maria II e seu marido, Guilherme III de Orange que era o governante de facto da República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos.

Há literatura dos tempos que antecederam este acontecimento na Grã-Bretanha que nos pode enquadrar o contexto das guerras religiosas no seio da Cristandade que levou ao cisma entre católicos e protestantes. Há por exemplo os relatos diarísticos de um tal 
Samuel Pepys, funcionário público. Manteve um Diário entre 1660 a 1669, oferecendo um relato detalhado da vida na Inglaterra durante esse período, incluindo eventos históricos importantes como o Grande Incêndio de Londres e a Peste Negra. Seu diário é uma fonte valiosa para historiadores e oferece insights fascinantes sobre a vida quotidiana na época.



A coroação de Guilherme III e Maria, por Charles Rochussen

Durante o que ficou conhecido como a Conspiração de Assassínio de Rye House, em 1683, houve uma tentativa de assassinar Guilherme III de Orange e o seu tio, o rei Carlos II. A conspiração foi liderada por alguns nobres dissidentes, e embora não tenha sido bem-sucedida, levou a uma repressão significativa contra os opositores políticos. Esses eventos contribuíram para o clima político tenso que eventualmente culminou na Revolução Gloriosa de 1688.

Foi no decurso da Revolução Gloriosa de 1688 que Guilherme de Orange se achou na legitimidade para assumir o trono inglês. Ainda assim, Guilherme de Orange, durante a Revolução Gloriosa de 1688, chegou a ameaçar regressar à Holanda se Jaime II não abdicasse, e no seu lugar fosse ele, e a sua mulher Maria, entronizados como monarcas da Inglaterra. Isso mostra como a sua ascensão ao trono foi influenciada por uma combinação de apoio interno e pressão externa.

Fosse como fosse, em todo o caso Jaime II tinha o apoio de Luís XIV, o tal Rei Sol Absoluto da França. E Luís XIV tudo tentou para manter Jaime II no trono inglês durante a Revolução Gloriosa de 1688. Luís XIV, que tinha interesses políticos e religiosos na Europa, viu Jaime como um aliado contra o crescente poder dos protestantes na Europa. Ele forneceu apoio militar e financeiro a Jaime, o que complicou a situação para os opositores de Jaime na Inglaterra. Mas quando Guilherme entrou em Londres, Jaime escapou para a França.

A ascensão de Guilherme III ao trono inglês após a Revolução Gloriosa de 1688 é frequentemente vista como um ponto de viragem na história da Inglaterra. Sua liderança trouxe estabilidade política e religiosa ao país, encerrando décadas de conflitos religiosos, o que fortaleceu as instituições parlamentares. Seu reinado é muitas vezes associado a um período de estabilidade e progresso na Inglaterra, embora os termos pronunciados pela frase "resolver a paralisia do país" seja uma simplificação, já que muitos desafios ainda persistiam.

Há uma personalidade científica que ocupava a cátedra de Cambridge, nada mais nada menos que o Senhor Isaac Newton que viria a ficar ligado ao salvamento da Libra Inglesa. Não é comum nos livros de História da Ciência vermos o Senhor Isaac Newton associado à gestão da moeda em Londres. Mas Newton, realmente, teve um papel significativo nesse campo. Newton foi nomeado Mestre da Casa da Moeda Real em 1696, e serviu nesse cargo até à sua morte em 1727. Durante esse tempo, ele supervisionou a reforma do sistema monetário inglês, ajudando a combater a falsificação de moeda, o que conduziu à estabilidade da moeda. Sua contribuição foi crucial para o desenvolvimento económico e financeiro da Inglaterra nessa época época.

Em agosto de 1689, durante as Guerras Jacobitas, ocorreu a Batalha de Dunkeld, na Escócia. Nessa batalha, as forças jacobitas, leais a Jaime II, enfrentaram as forças do governo, que apoiavam Guilherme III. A revolta escocesa, liderada por John Graham, Visconde de Dundee, foi derrotada pelas forças governamentais, o que consolidou o controlo de Guilherme III sobre a Escócia. Tal facto acabou por fortalecer ainda mais a sua posição na disputa pelo trono inglês.



Maria II, rainha de Inglaterra, Escócia e Irlanda

O Massacre de Glencoe, que ocorreu em 13 de fevereiro de 1692 no vale de Glencoe, na Escócia, não deixa de manchar a imagem de Guilherme III. Houve depois, no entanto, uma tentativa de reconciliação com os clãs jacobitas. O chefe do clã MacDonald de Glencoe, Alasdair MacIain, não havia prestado juramento de lealdade dentro do prazo estabelecido. Como resultado, as tropas do governo, lideradas pelo capitão Robert Campbell, foram enviadas para a região. Os soldados foram hospedados pelos MacDonalds por cerca de duas semanas, antes de receberem ordens para atacar. Na manhã de 13 de fevereiro 1692 as tropas atacaram, resultando na morte de cerca de 38 homens do clã, mulheres e crianças também morreram, e muitos outros fugiram para uma região que naquela época do ano estava gelada. O Massacre de Glencoe tornou-se infame devido à quebra da hospitalidade escocesa e às circunstâncias cruéis em que ocorreu.

Os jacobitas eram seguidores da dinastia Stuart, que lutaram para restaurar os monarcas católicos da Casa de Stuart no trono britânico após a Revolução Gloriosa de 1688. O termo "jacobita" deriva do latim "Jacobus", que significa "Jaime". Os jacobitas eram predominantemente católicos, ou simpatizantes da causa católica, que se opunham à supremacia protestante estabelecida na Grã-Bretanha. Eles realizaram várias rebeliões e levantamentos na Escócia e na Irlanda, buscando restaurar os Stuarts no trono britânico.

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