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Estado de Minas ULYSSES, 100

'Ulysses': obra m�xima de James Joyce faz 100 anos desafiando leitores

Para celebrar centen�rio do livro, 'Pensar' apresenta edi��o especial sobre este marco da literatura mundial


28/01/2022 04:00 - atualizado 27/01/2022 23:25

Ilustra��o do escritor irland�s James Joyce

Solene e abusado, o escritor irland�s James Joyce (1882-1941) continua no topo das discuss�es quando o assunto � o campeonato do Alto Modernismo liter�rio. Na pr�xima quarta-feira, 2 de fevereiro, o seu romance “Ulysses” completa 100 anos do lan�amento. Desde ent�o, deixou muita gente insone e gerou todo tipo de discuss�o, do nariz torcido daquele renitente que se recusa a entender at� o clube de torcedores fan�ticos do James Joyce Futebol Clube que discutem pormenores infinitos do livr�o, em v�rios sentidos.

Para comemorar a data redonda, a Companhia das Letras relan�a a tradu��o de Caetano W. Galindo, revista pelo pr�prio e acrescida de material caprichado: ilustra��es de Robert Motherwell e ensaios em ap�ndice de um time escolhido com o devido grau de meticulosidade que vai, entre outros, do ex-presidente Fritz Senn, da Funda��o Internacional James Joyce, at� a especialista local Sandra Guardini Vasconcelos, al�m de duas resenhas que sa�ram muito perto da edi��o original, s� uma delas com aquilo que o pr�prio Joyce combatia com entusiasmo e veem�ncia indignada: o fedor da escol�stica.

O Pensar publica nesta sexta-feira (28/1) uma resenha da edi��o especial, trechos dos ensaios, entrevista exclusiva com o tradutor Caetano W. Galindo e artigo do escritor Andr� de Leones a respeito das tradu��es em portugu�s de um marco da literatura mundial. Como diria a personagem Molly Bloom em seu mon�logo (uma das passagens mais celebradas de “Ulysses”: sim, n�s queremos, sim, fazer o cora��o bater louco na lembran�a de tudo o que acontece em apenas um dia na vida de Leopold Bloom – e que se tornou eterno.       

Confira: 





“Toda vida � muitos dias, dia ap�s dia. Caminhamos por n�s mesmos, encontrando ladr�es, fantasmas, gigantes, velhos, rapazes, esposas, vi�vas, bons cunhados. Mas sempre encontrando a n�s mesmos. O dramaturgo que escreveu o f�lio deste mundo e escreveu mal (ele nos deu a luz primeiro e o sol dois dias mais tarde), o senhor das coisas como s�o a quem os mais romanos dos cat�licos chamam ‘dio boia’, deus carrasco, � indubitavelmente tudo de todos em todos n�s, cavalari�o e a�ougueiro, e seria c�ften e corno tamb�m n�o fosse pelo fato de que na economia do para�so, predita por Hamlet, n�o h� mais casamentos, sendo o homem glorificado, anjo andr�gino, a esposa de si pr�prio.”


 “... no dia que eu fiz ele me pedir em casamento sim primeiro eu dei pra ele um pouquinho do bolo de cominho que estava na minha boca e era ano bissexto que nem agora dezesseis anos atr�s meu Deus depois daquele beijo comprido eu quase perdi o f�lego sim ele disse que eu era uma flor da montanha sim e a gente � flor mesmo n�s todas o corpo de uma mulher sim ta� uma verdade que ele disse na vida e o sol est� brilhando por voc� hoje sim foi por isso que eu gostei dele porque vi que ele entendia ou sentia o que uma mulher � eu sabia que sempre ia poder passar a perna nele e eu dei todo o prazer que pude dando corda at� ele pedir pra eu dizer sim e primeiro eu n�o respondi e fiquei olhando pra longe pro mar e o c�u eu estava pensando em tanta coisa que ele n�o sabia o Mulvey e o senhor Stanhope e a Hester e o papai e o velho capit�o Groves e os marinheiros brincando de len�o atr�s e sim�o mandou e tirando �gua do joelho que nem eles diziam l� no p�er e o sentinela na frente da casa do governador com aquele treco em volta do capacete branco pobre-diabo quase torrado e as espanholas rindo com aqueles xales e os pentes altos e os leil�es de manh� os gregos e os judeus e os �rabes e sabe Deus mais quem de tudo quanto � canto da Europa e a rua Duke e a feira de aves tudo cacarejando na frente da Larby Sharon e os burrinhos coitados escorregando meio dormindo e aqueles vultos de capa dormindo na sombra l� na escada e as rodas grandes dos carros de boi e o castelo de milhares de anos sim e aqueles mouros bonitos tudo de branco e com uns turbantes que nem reis pedindo pra gente sentar na lojinha min�scula deles e Ronda com as janelas velhas das posadas uns olhos de relance uma gelosia escondida pro amante dela beijar o ferro e as lojas de vinho metade abertas de noite e as castanholas e a noite que a gente perdeu o barco em Algeciras o vigia de um lado pro outro tranquilo com o lampi�o e � tal terr�vel torrente profunda � e o mar o mar carmim �s vezes que nem fogo e aqueles poentes deslumbrantes e as figueiras nos jardins de Alameda sim e aquelas ruelas esquisitas todas e as casas rosas e azuis e amarelas e os roseirais os jasmins e ger�nios e cactos e Gibraltar eu menina onde eu fui uma Flor da Montanha sim quando eu pus a rosa no cabelo que nem as andaluzas faziam ou ser� que hei de usar uma vermelha sim e como ele me beijou no p� do muro mourisco e eu pensei ora tanto faz ele quanto outro e a� pedi com os olhos pra ele pedir de novo sim e a� ele me perguntou se eu sim diria sim minha flordamontanha e primeiro eu passei os bra�os em volta dele sim e puxei ele pra baixo pra perto de mim pra ele poder sentir os meus peitos s� perfume sim e o cora��o dele batia que nem louco e sim eu disse sim eu quero Sim.” 

(Trechos de “Ulysses”, na tradu��o de Caetano W. Galindo)


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