'Lobo de Wall Street': entenda esquema de falsos investimentos que causou prejuízo de R$ 16 milhões a brasileiros | Distrito Federal | G1

Por Paola Patriarca, Walder Galvão, Caio Alves, g1


  • Suspeitos montaram call center para captar vítimas brasileiras com promessas de rentabilidade em investimentos.

  • Grupo era estruturado e dividido em funções.

  • Esquema chegou a contratar empresas e financeira para retirar dinheiro do Brasil.

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Um esquema sediado em Lisboa, em Portugal, e inspirado no filme "O Lobo de Wall Street" causou prejuízo de, pelo menos, R$ 16 milhões a investidores brasileiros. Nesta quinta-feira (1°), um dos suspeitos de integrar a organização criminosa foi extraditado ao Brasil (veja mais abaixo).

O esquema, segundo a investigação, era estruturado e contava com divisões de funções. Inicialmente, um dos suspeitos, David Souckup, de nacionalidade Tcheca, montou uma indústria de fraudes eletrônicas em Portugal com objetivo de fazer ataques contra cidadãos brasileiros.

A ideia era criar empresas de corretagem fantasmas e montar um call center, que simulavam números brasileiros. Os suspeitos convenciam as vítimas de que a empresa era legal e os convenciam a investir em operações indicadas pelos "corretores".

No entanto, os investimentos eram fictícios e geravam perdas para as vítimas. Os suspeitos justificam o ocorrido com perdas na bolsa de valores. A cada perda milionária, as vítimas eram induzidas a investir mais, encorajados pelos criminosos a "reverter" as perdas.

Quando as vítimas não tinham mais dinheiro, elas eram bloqueadas pelos suspeitos.

Entenda o esquema:

Surgimento do esquema

Pessoa mexe em computador — Foto: Marcos Serra Lima/g1

Para atrair o máximo de vítimas, David Soukup contratou 120 funcionários brasileiros para trabalhar em uma empresa supostamente de publicidade. No entanto, a companhia era de fachada e funcionava como um call center de captação de vítimas brasileiras.

Os próprios funcionários faziam a ligação para as vítimas e as induziam a fazer os supostos investimentos que nunca existiram. A própria empresa ficava com o dinheiro desviado das vítimas, que era remetido ao exterior por criptomoedas.

Promessa de lucro

Para captar as vítimas, os suspeitos ofereciam "ganhos certos" e rentabilidades altas. Além disso, eles informavam que forneciam um bônus de 40% para investimentos iniciais.

Esse suposto bônus, segundo a investigação, era um das principais argumentos de convencimento das vítimas. Por exemplo, se a vítima investisse R$ 10 mil, eles prometiam dar outros R$ 4 mil em bônus, para que a pessoa ficasse com R$ 14 mil para investir.

Divisão de funções

Os policiais identificaram que os funcionários da empresa eram divididos em duas funções:

  • "Sales": funcionava como um call center e tinham a missão de captar vítimas brasileiras. Trabalhavam com um "script desenhado" e usavam o mesmo discurso.
  • "Retention": após a captação das vítimas pelos "sales", esse grupo assumia a tratativa com elas. A função é direcionar as pessoas e indicar onde e quanto devem investir.

Segundo a investigação, os "sales" na maioria são imigrantes brasileiros ilegais que não têm noção do que estão vendendo. Nenhum deles tem formação em mercado financeiro, mas informam o contrário para as vítimas.

Forma de investimento

Os suspeitos forneciam um aplicativo de celular para que as vítimas efetivassem os investimentos que eram determinados por um consultor da empresa. No entanto, todos os investimentos sempre geravam perdas.

Em seguida, as vítimas eram instigadas a fazer novos investimentos com a promessa de reverter e recuperar o dinheiro perdido. A dinâmica, segundo a investigação, virava uma "bola de neve" até que as vítimas não tivessem mais o que gastar.

Retirada de dinheiro do Brasil

Para retirar o dinheiro do Brasil e levar ao exterior, os suspeitos contrataram três empresas para intermediar as transações. Elas recebiam os valores das vítimas em contas jurídicas nacionais e, em seguida, transferiam para contas de criptomoedas.

Após a transação, o valor era convertido em dólar por uma corretora e encaminhado para os endereços dos contratantes. A partir disso, eles conseguiram retirar R$ 16 milhões do sistema bancário nacional.

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