4.5
(12)

A Casa da Praia
Original:The Beach House
Ano:2019•País:EUA
Direção:Jeffrey A. Brown
Roteiro:Jeffrey A. Brown
Produção:Andrew Corkin, Tyler Davidson, Sophia Lin
Elenco:Liana Liberato, Noah Le Gros, Jake Weber, Maryann Nagel

Embora tenha sido realizada em 2019, a produção estadunidense A Casa da Praia (The Beach House) dialoga de maneira quase direta com a realidade pandêmica que vivenciamos até hoje. Destacando a fragilidade do corpo humano diante de um ser microscópico, o filme mostra como a humanidade está em constante perigo, por mais que nem sempre perceba isso.

Escrito e dirigido por Jeffrey A. Brown, o longa acompanha Emily (Liana Liberato), uma jovem estudante que aceita passar um final de semana na casa de praia do seu namorado, Randall (Noah Le Gros). Não se trata de um retiro romântico, mas de uma tentativa de consertar um relacionamento em crise. Randall havia abandonado a faculdade e a namorada, e agora retornou como se nada tivesse acontecido.

Mas as atitudes inconsequentes do garoto se estendem além do seu relacionamento e dos seus estudos: ele sequer avisou o seu pai que iria usar a casa de praia. Sem saber dos planos do filho, o pai acabou emprestando a casa para Mitch (Jake Weber) e Jane (Maryann Nagel), um casal de amigos seus. A confusão inicial é logo resolvida e os dois casais decidem dividir a casa ao longo do final de semana.

Durante a noite, eles jantam, bebem e até compartilham drogas. Porém, o barato do grupo é interrompido por algo que se aproxima. Uma estranha névoa se forma ao redor da casa – e da cidade –, liberando algum tipo de organismo no ar. A princípio eles não dão muita atenção a esse fato. Mas não demora até sentirem as consequências dessa ameaça em seus próprios corpos.

Existe um esforço legítimo do filme em desenvolver cada um daqueles personagens. Todos têm personalidades distintas, com anseios e vontades próprias. Tal desenvolvimento, em vez de aproximá-los, acaba os afastando mais, pois evidencia a incompatibilidade deles. Ainda assim, o espectador torce e se importa com aqueles personagens, pois sentimos que os conhecemos melhor do que eles conhecem a si próprios.

E os nossos sentimentos se estreitam ainda mais quando os vemos em perigo, ainda que não fique claro exatamente qual é essa fonte de perigo, e nem quantos formatos diferentes ela pode tomar. Afinal, essa não é a proposta do diretor/roteirista Jeffrey A. Brown. Fazendo aqui a sua estreia no comando de um longa-metragem, o cineasta compreende a efetividade de sugerir muito mais do que mostrar.

Até existem algumas tentativas de elucidar a situação. Durante os diálogos à mesa de jantar, por exemplo, é falado sobre como o fundo do mar pode guardar a chave para a origem da vida. Da mesma maneira, é dito que o ser humano é um organismo complexo, mas que tamanha “delicadeza” não nos torna mais fortes. Na verdade, somos mais fracos por conta disso. Simplicidade e força são sinônimos nessa obra, assim como complexidade e fraqueza.

Mas esse é o máximo de explicações que recebemos, uma vez que fica claro que Brown não está disposto a mastigar as informações para o público. Da mesma maneira, ele também não apela para jump scares, apostando, em vez disso, em um desenvolvimento mais lento, com momentos genuinamente surpreendentes (a cena na qual a protagonista precisa tirar um ser vivo de dentro do próprio pé é angustiante).

Combinando elementos de Eco Horror (ameaça que vem da natureza) e Body Horror (terror proveniente do próprio corpo), A Casa da Praia mostra como, em meio a inúmeros avanços tecnológicos e milhares de anos de evolução, ainda somos surpreendidos por organismos extremamente simples. E os resultados desse encontro são catastróficos.

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