Person of Interest (5ª Temporada) - A Odisseia

Person of Interest (5ª Temporada)

Saudades e lembranças de uma série marcante


person-of-interest-fifth-season.46668Ah, o final nunca é fácil… Ele pode ser bom, ruim, bonito, apressado ou emocionante, mas nunca será fácil, porque despedidas são assim. Pode ser meio raso falar dessa maneira, mas chegar ao último episódio de um série é basicamente a mesma coisa. Person of Interest deixou claro que esse era seu fim, permitiu que eu me preparasse a cada episódio da temporada e chegou ao seus últimos segundos de forma brilhante, entretanto isso não vai acabar com a saudade que eu já estou sentindo de uma das melhores séries que eu já tive o prazer de acompanhar.

[Alerta: Spoilers são possíveis e permitidos nessa guerra]

A história completamente fictícia do programa, criado por Jonathan Nolan e produzido por J.J Abrams, girava em torno de um homem idealista que, após o fatídico 11/09, criou uma inteligência artificial com capacidade de vigiar todos os americanos e impedir que novos ataques terroristas acontecessem. Após a morte de um amigo muito próximo, esse homem percebe que os cidadãos também precisam de ajuda na prevenção daqueles filmes considerados irrelevantes pelo governo e decide contratar um agente aposentado para ser seu colaborador.

Essa é apenas a pontinha de um iceberg que Person of Interest explorou através de casos da semana sem nenhuma conexão, tirando proveito do formato mais bem aceito pelo público americano. Assim, a cada episódio a Machine selecionava um CPF para que John e Harold impedissem o crime sem saber previamente se o alvo era a vítima ou o criminoso. Certamente, um toque de mestre que garantiu muitas reviravoltas surpreendentes, criou algumas discussões éticas poderosas e permitiu que o roteiristas se reinventassem a cada temporada.

No entanto, mesmo criando bons casos soltos através da comédia, do suspense e da ação, a verdadeira força de POI (como eu e boa parte dos fãs se acostumaram a chamá-la) estava conectada com três aspectos: os arcos relacionados a grandes vilões, a construção de um confronto decisivo entre inteligências artificiais e, principalmente, o desenvolvimento da relação entre os personagens principais. E foi a partir do sétimo episódio da primeira temporada, Person of Interest começou dar maior atenção para esses aspectos, combinando uma direção que não se prendia a realidade com um texto coerente, dinâmico, inteligente e muito bem amarrado, incluindo algumas pistas habilmente posicionadas nos episódios.

Michael-Emerson-and-Jim-Caviezel-in-Person-of-Interest-Season-5-Episode-12

Dessa forma os anos foram passaram, o grupo aumentou, algumas perdas repentinas machucaram, uma organização adversária surgiu, uma outra inteligência artificial assumiu o controle e o apocalipse cibernético quase acabou com o mundo, entretanto o maior mérito de POI foi realmente deixar o público extremamente apegado à John, Harold, Fusco, Root, Shaw, Carter e muitos outros personagens incríveis que ganharam atenção ao longo das cinco temporadas. Eles brigavam, choravam, riam, se alfinetavam com frases icônicas e se apoiavam de uma forma tão crível que era impossível não ficar preocupado com cada um deles.

Claro que boa parte disso foi muito bem preparado por roteiro que consegue fazer muitos espectadores chorarem com a morte de um vilão, mas essa conexão não seria possível sem um elenco encabeçado pelos maravilhosos Jim Caviezel, Michael Emerson, Kevin Chapman, Amy Acker, Sarah Shahi. Eles possuíam uma química única, criaram personagens cheios de camada que se desenvolveram de verdade e nos guiaram até o glorioso final ao lado das participações igualmente sensacionais de Taraji P. Henson, John NolanEnrico ColantoniRobert John BurkeJohn Doman, Carrie PrestonMichael KellyCamryn Manheim e tantos outros.

E foi justamente em torno desses personagens e da relação entre cada um deles que girou boa parte da temporada final (encurtada, atrasada e exibida de forma estúpida pela CBS), culminando em um último episódio completamente emocional. Resumindo tudo depois dessa longa recapitulação, esses últimos treze episódios mantiveram a qualidade na direção, apresentaram casos aleatórios muito divertidos, ameaçaram o presidente dos EUA, amarraram pontas soltas, exploraram o passado de muitos personagens, sacrificaram personagens maravilhosos, discutiram sobre uso da tecnologia, Foucault e livre arbítrio, brincaram com nossas mentes em simulações intensas, transformaram Finch para sempre e, definitivamente, mexeram com o lado sentimental dos fãs.

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Mas nada vai conseguir superar os últimos 45 minutos de discussões, reviravoltas completamente inesperadas e encerramentos coerentes para cada um dos protagonistas que foram cercados por um terrível clima de despedida do início ao fim. Foi impossível não ficar desolado com o sacrifício de John por seu amigo, o choro de Shaw, a coragem de Fusco, a reconciliação de Finch com seu passado e, principalmente, a busca da Machine para entender a relação que o ser humano tem com a morte.

“[…] se você significa algo para alguém, se você ajuda alguém ou ama alguém, se até mesmo uma única pessoa se lembra de você, então, talvez você nunca morra de fato.” – Machine

Foram minutos que nos presentearam com uma conclusão justa que ressaltou todas as qualidades do roteiro da direção e do elenco da série. Um final perfeito que só deixou claro que vou sentir muita falta da diversão, da inteligência e da tensão que Person of Interest trazia para minhas semanas, mesmo sem ter grandes pretensões ou ser assistida por muitas pessoas. A única coisa que podemos fazer agora dar adeus para cada um dos personagens, sabendo que todo esse universo estará sempre vivo para quem se lembrar dele. Com certeza, eu serei um desses.


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