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Mulheres, Raça e Classe Capa comum – 31 dezembro 2016
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Mulheres, raça e classe, de Angela Davis, é uma obra fundamental para se entender as nuances das opressões. Começar o livro tratando da escravidão e de seus efeitos, da forma pela qual a mulher negra foi desumanizada, nos dá a dimensão da impossibilidade de se pensar um projeto de nação que desconsidere a centralidade da questão racial, já que as sociedades escravocratas foram fundadas no racismo. Além disso, a autora mostra a necessidade da não hierarquização das opressões, ou seja, o quanto é preciso considerar a intersecção de raça, classe e gênero para possibilitar um novo modelo de sociedade. Davis apresenta o debate sobre o abolicionismo penal como imprescindível para o enfrentamento do racismo institucional. Denuncia o encarceramento em massa da população negra como mecanismo de controle e dominação. Dessa forma, questiona a ideia de que a mera adesão a uma lógica punitivista traria soluções efetivas para o combate à violência, considerando-se que o sujeito negro foi aquele construído como violento e perigoso, inclusive a mulher negra, cada vez mais encarcerada. Analisar essa problemática tendo como base a questão de raça e classe permite a Davis fazer uma análise profunda e refinada do modo pelo qual essas opressões estruturam a sociedade. Neste livro, tal discussão é sinalizada pela autora por meio de sua abordagem do sistema de contratação de pessoas encarceradas nos Estados Unidos, que já durante o período escravocrata permitia às autoridades ceder homens e mulheres negros presos para o trabalho, em uma relação direta entre escravidão e encarceramento como forma de controle social.Nesse sentido, mesmo sendo marxista, Davis é uma grande crítica da esquerda ortodoxa que defende a primazia da questão de classe sobre as outras opressões. Em 'As mulheres negras na construção de uma nova utopia', a autora destaca a importância de refletir sobre de que maneira as opressões se combinam e entrecruzam:As organizações de esquerda têm argumentado dentro de uma visão marxista e ortodoxa que a classe é a coisa mais importante. Claro que classe é importante. É preciso compreender que classe informa a raça. Mas raça, também, informa a classe. E gênero informa a classe. Raça é a maneira como a classe é vivida. Da mesma forma que gênero é a maneira como a raça é vivida. A gente precisa refletir bastante para perceber as intersecções entre raça, classe e gênero, de forma a perceber que entre essas categorias existem relações que são mútuas e outras que são cruzadas. Ninguém pode assumir a primazia de uma categoria sobre as outras.A recusa a um olhar ortodoxo mantém Davis atenta às questões contemporâneas, que abarcam desde a cantora Beyoncé à crise de representatividade. A discussão feita por ela sobre representação foge de dicotomias estéreis e nos auxilia numa nova compreensão. Acredita que representação é importante, sobretudo no que diz respeito à população negra, ainda majoritariamente fora de espaços de poder. No entanto, tal importância não pode significar a incompreensão de seus limites. Para além de simplesmente ocupar espaços, é necessário um real comprometimento em romper com lógicas opressoras. Nesse sentido, acompanhar suas entrevistas é fundamental.Davis traz as inquietações necessárias para que o conformismo não nos derrote. Pensa as diferenças como fagulhas criativas que podem nos permitir interligar nossas lutas e nos coloca o desafio de conceber ações capazes de desatrelar valores democráticos de valores capitalistas. Essa é sua grande utopia. Nessa construção, para ela, cabe às mulheres negras um papel essencial, por se tratar do grupo que, sendo fundamentalmente o mais atingido pelas consequências de uma sociedade capitalista, foi obrigado a compreender, para além de suas opressões, a opressão de outros grupos.
- Número de páginas248 páginas
- IdiomaPortuguês
- EditoraBoitempo Editorial
- Data da publicação31 dezembro 2016
- Dimensões22.6 x 15.8 x 1.6 cm
- ISBN-108575595032
- ISBN-13978-8575595039
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Detalhes do produto
- Editora : Boitempo Editorial; 1ª edição (31 dezembro 2016)
- Idioma : Português
- Capa comum : 248 páginas
- ISBN-10 : 8575595032
- ISBN-13 : 978-8575595039
- Dimensões : 22.6 x 15.8 x 1.6 cm
- Ranking dos mais vendidos: Nº 2.164 em Livros (Conheça o Top 100 na categoria Livros)
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Não sei se é engraçado ou triste o fato que foi escrito há quase 40 anos. Porque além de contar fatos que ocorreram nas décadas de 1970, ainda temos coisas desde o século XVIII e que ainda são um pouco presentes no século XXI, é assustador. A escravidão só acabou na teoria mesmo, porque na prática a gente ainda sofre suas consequências.
Um dos temas que ela retratou e que eu não conseguia parar de comparar com atualmente, foi o fato das feministas brancas serem super a favor do sufrágio feminino, mas excluíam as mulheres negras dos congressos e ainda ignoravam o racismo e as condições de trabalho precárias. Atualmente tem uma preocupação maior com a mulher no mercado de trabalho, reivindicações de creches, salários iguais, licença a maternidade. Porém ainda é uma discussão branca, falam de direitos de trabalho da mulher, mas e da empregada? E o racismo dentro das empresas? Se a mulher branca ganha menos em comparação aos homens, a mulher negra ganha menos ainda. Não iremos encontrar essas pautas em grupos formados majoritariamente por brancas de classe média, apenas em coletivos de feministas negras.
Ainda falando disso, fiquei com muita raiva e perplexa com a Elizabeth Cady Stanton e a Susan B. Anthony, que são tidas como abolicionistas, entretanto ambas se esquivavam de incluir as mulheres negras mesmo nas discussões sobre o sufrágio. E ainda tiveram a audácia de aceitar apoio de um homem escravagista, a cara de pau! A Stanton ainda teve a coragem de escrever “na verdade, é melhor ser escrava de um homem branco instruído do que um infame negro”, expondo o quão racista ela e várias outras feministas brancas eram.
Mostrando mais uma vez como a política é um grande jogo de interesses e que faz tudo com segundas intenções, Davis aborda as estratégias do partido Republicano e do Democratas. O primeiro apoiando o voto dos homens negros, apenas para arrecadar mais votos no sul dos EUA, enquanto o outro apoiava o sufrágio feminino pelo mesmo motivo, receber voto das pessoas que passariam a votar.
Apesar de todos os temas ruins que me causaram muito desconforto e revolta, é incrível observar como as mulheres negras não eram ignorantes aos problemas que lhe acometiam. Foi bom ver que elas se juntaram e lutavam para mostrar o racismo e as violências que sofriam. Fiquei toda arrepiada com o discurso da Sojourner Truth e me deu mais vontade ainda de ler o livro dela, na verdade eu chorei e muito com o discurso “e eu não sou mulher?”.
Enfim, foi uma ótima leitura, e daí que quase explodi de raiva várias vezes? Recomendo demais. É importante pra gente se lembrar de que não dá pra discutir raça separado de classe e vice versa, muito menos debater feminismo sem levar em consideração esses dois assuntos.